Como já era esperado, Michel Temer escapou de se tornar réu e vai continuar na Presidência da República. Entre os escombros da decisão da Câmara, é possível visualizar claramente quem vai lucrar e ter prejuízo com a decisão. Segue uma lista com o sobe e desce após a votação:
QUEM GANHA
1) Lula
Michel Temer é o presidente mais impopular desde a redemocratização. Com ele no poder (e com o descontentamento da população em viés de alta), fica mais fácil para Lula fazer colar o discurso de que o impeachment de Dilma Rousseff foi golpe e de que ele próprio é um perseguido político pela Lava Jato. Curiosamente, os manifestantes que vão às ruas em eventos pró-Lula não foram a Brasília para pressionar os deputados contra Temer. Quanto mais tempo Temer durar, e quanto mais fragilizado permanecer, mais Lula se viabiliza como presidenciável. Ou, caso seja barrado pela Ficha Limpa, como cabo eleitoral de peso.
2) Centrão
O grupo de partidos que deu sustentação a Eduardo Cunha (atualmente preso em Curitiba) é o fiel da balança para que Temer continue no Planalto. Legendas como PP, PR e PRB estavam na base de apoio de Dilma Rousseff e mudaram de canoa quando perceberam que o impeachment era melhor negócio. Na prática, são elas que governam o país desde que Temer assumiu. A lealdade do grupo, no entanto, é cara (vide o caminhão de emendas pagas às vésperas da votação). Temer deu a mão ao Centrão para se salvar. Pode esperar: nos próximos meses eles vão querer o braço e aí por diante.
3) Aécio Neves
“Quase-preso” pela Lava Jato, Aécio Neves (PSDB) salvou-se de perder o mandato no Conselho de Ética do Senado graças à mão amiga do PMDB. A aliança é antiga: Aécio fez questão de posar para fotos na posse de Temer e avalizou a entrada de cabeça dos tucanos no ministério. Mesmo tendo jogado a imagem do partido no lixo, Aécio só permanece como cacique graças à interlocução com Temer. Enquanto o padrinho Temer continuar no poder, Aécio segue sendo alguém dentro do Congresso. É bom negócio para ele, mas péssimo para o PSDB.
QUEM PERDE
1) PSDB
O partido que polarizou a política brasileira com o PT por mais de duas décadas conseguiu a proeza de se autodestruir no momento em que teria a melhor oportunidade de voltar ao poder. Aliás, de acordo com as pesquisas para 2018, conseguiu se enfiar em um buraco ainda maior que o dos petistas (é uma mera terceira força, perto de cair para a quarta). Mesmo que desembarque do governo nos próximos dias, não conseguirá se levantar da pecha de oportunista. Todo esse cenário é mal negócio especialmente para o prefeito João Doria, tucano mais competitivo nas pesquisas e que paga o preço dos acordos de Aécio.
2) Lava Jato
A denúncia engavetada pela Câmara dos Deputados é fruto da operação Lava Jato. A decisão desta quarta-feira (2/8) é, portanto, mais uma paulada dos parlamentares nas investigações. E abre brecha para o fortalecimento da tese de que já passou da hora de a Lava Jato ter um fim – como defendeu o vice-presidente da Câmara, Fábio Ramalho (PMDB-MG). Isso se soma às várias decisões da gestão Temer que têm sufocado financeiramente a operação.
3) Rodrigo Maia
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), flertou com a possibilidade de assumir o Palácio do Planalto, mas sofreu puxões de orelha de Michel Temer e até da própria mãe. Maia era para ser, mas nunca será. O fato é que continuará sendo apenas uma linha auxiliar de Temer no Legislativo, o que diminui a perspectiva de ressurreição do PFL velho de guerra nas eleições de 2018.
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