![Qualquer marola ainda pode virar o barco da eleição paranaense Crédito: Jonathan Campos](https://media.gazetadopovo.com.br/vozes/2014/09/reqrichagleisi-c3173994.jpg)
Marqueteiros políticos planejam as campanhas como escritores de telenovela. Jogam tudo para prender a audiência nos primeiros e últimos dez dias de horário gratuito na televisão. Dentro dessa escala, o que ainda pode mudar os rumos do primeiro turno de 2014 precisa acontecer entre hoje e quinta-feira.
E há muito em jogo na reta final das disputas para presidente e governador. No caso paranaense, os contornos são mais dramáticos. Qualquer oscilação no humor do eleitorado pode tirar a reeleição de Beto Richa (PSDB) e forçá-lo a um incômodo segundo turno contra Roberto Requião (PMDB).
Pela última pesquisa Datafolha, de sexta-feira, Richa reaparece no limite para fechar a eleição no próximo domingo. Tem 52% dos votos válidos, contra 35% de Requião e 12% de Gleisi Hoffmann (PT) Qualquer balanço pode virar o barco, já que a margem de erro é de três pontos porcentuais para cima ou para baixo.
Candidato ao Palácio Iguaçu pela quinta vez em 24 anos, Requião não precisa de marqueteiro para ensiná-lo sobre como se cria uma onda contra os adversários. Desde a semana passada, ele tem prometido uma “bala de prata” contra Richa, capaz de tirá-lo até do segundo turno. A arma seria apresentada hoje.
Na disputa pela prefeitura de Curitiba, em 2012, Requião usou o mesmo expediente a favor do seu candidato, Rafael Greca (PMDB). Espalhou a notícia de um programa-bomba, que nunca foi ao ar. Depois, admitiu o blefe.
Na campanha de 1990, no entanto, não brincou em serviço. No começo do segundo turno (olha o roteiro de telenovela de novo) contra José Carlos Martinez (PRN), levou ao ar uma entrevista com um “matador profissional” que supostamente prestava serviços para o rival. Depois, descobriu-se que “Ferreirinha” era um ator profissional, mas a vitória já estava garantida.
A história mostra, no entanto, que a bala de prata não precisa ser tão literal assim. Em 2006, Requião enfrentou novamente um duro confronto com Osmar Dias (PDT) e desencavou as dezenas de processos contra o vice do pedetista, Derli Donin (PP). Ganhou por 0,2% dos votos.
No mesmo ano, Lula caminhava para uma vitória no primeiro turno quando, a dois dias da eleição, vazaram fotos de uma pilha de R$ 1,7 milhão apreendidos pela polícia que seriam usados para comprar um dossiê contra José Serra (PSDB), que na época disputava o governo de São Paulo. Em 2010, Dilma Rousseff (PT) foi vítima de uma roleta-russa na internet – uma intensa campanha em torno de temas ético-religiosos corroeu parte dos votos da petista.
Por último, uma lição cabal das telenovelas aplicada às campanhas é não exagerar na dose. Foi-se o tempo em que os Ferreirinhas colavam sem contestação. As pessoas continuam gostando de histórias mirabolantes (o Facebook está aí para comprovar), mas têm mais limites e meios de checar se elas são verdadeiras.
O problema de tentar uma última cartada hoje é que, se ela for um erro, não haverá mais tempo para corrigi-lo. Nessa corda-bamba, talvez fosse mais sensato apostar no debate de amanhã à noite, na RPC. O certo é que até o próximo domingo tudo pode acontecer.
Metodologia: Pesquisa Datafolha encomendada pela RPCTV e realizada entre os dias 25 e 26 de setembro, em 51 municípios do Paraná, com 1.333 eleitores. A margem de erro é de três pontos percentuais, para mais ou para menos. A pesquisa está registrada no TRE com o número PR-00039/2014.
-
Quem ganhou e quem perdeu na votação da reforma tributária na Câmara
-
Aprovação da reforma tributária confirma força do “trator” de Lira e das frentes parlamentares
-
As regras da reforma tributária aprovadas pela Câmara; ouça o podcast
-
Quem são os nanoempreendedores, que serão isentos da cobrança de novo imposto
Triângulo Mineiro investe na prospecção de talentos para impulsionar polo de inovação
Investimentos no Vale do Lítio estimulam economia da região mais pobre de Minas Gerais
Conheça o município paranaense que impulsiona a produção de mel no Brasil
Decisões de Toffoli sobre Odebrecht duram meses sem previsão de julgamento no STF
Deixe sua opinião