Está ficando deselegante. Desde 1989, quando Lula chegou ao segundo turno, os comunistas são esperados para dividir os cômodos de nossas casas, mas nunca chegam. Tem que ser aqueles de verdade, estilo Che, não esses médicos cubanos mequetrefes.
Talvez os comunistas já estejam entre nós, com roupas novas, os tais bolivarianos. Como ninguém sabe ao certo o que são, fica tudo por isso mesmo. Mas é bom manter a vigilância: no creo en brujas, pero que las hay, hay.
De fato, a paranoia está ficando ridícula. Até o ponto de Gilmar Mendes dizer que o STF vai virar uma “corte bolivariana” porque em breve contará com 10 dos 11 ministros indicados pelo PT. Como se os petistas tivessem mudado as regras de indicação dos ministros a fórceps (e que Joaquim Barbosa, o algoz do mensalão, não tivesse sido indicado por Lula).
Se o PSDB de Aécio Neves ou o PP de Jair Bolsonaro governassem o país por mais de uma década e meia, talvez também coubesse a eles indicar a maioria dos ministros. Aliás, a regra da aposentadoria aos 70 anos pode até ser ruim. Mas está na Constituição de 1988, conhecida como Constituição Cidadã (e não como Constituição Bolchevique).
Esse tipo de radicalização, no fundo, só apequena o debate político. Para quem não gosta de Dilma ou do PT (o que é legítimo e, até certo ponto, fácil), ficar falando de bruxas que não existem atrapalha a crítica aos fatos concretos. A economia vai mal, o Petrolão parece a ponta de um iceberg de corrupção e você aí preocupado em perseguir caras com camisetas vermelhas.
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Quem quiser mais sobre dados (concretos, não bobagens) sobre a indicação de ministros para o STF pode clicar aqui.
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