Está cada vez mais comum escutar nas conversas entre lideranças políticas do Paraná, especialmente do PMDB, que será possível fazer uma aliança estadual e outra federal em 2014. Como justificativa, citam que não é da tradição brasileira (nem da paranaense) haver intervenção das executivas nacionais dos partidos nos acordos locais. Tudo aponta que eles vão cair do cavalo.
Tirando as legendas pequenas e as médias que se transformaram em um mero balcão de negócios, a ordem geral é de verticalização na formação das alianças. Tudo porque as últimas três eleições demonstraram que não há vitória fácil na disputa presidencial. Apesar da hegemonia, o PT nunca conseguiu vencer no primeiro turno.
Além disso, a margem de votos do segundo turno caiu consideravelmente em 2010. Em 2002, Lula fez 61,27% dos votos dos votos válidos contra 38,72% de José Serra. Há dois anos, a diferença entre Dilma Rousseff e Serra caiu mais de cinco pontos porcentuais – 56,05% a 43,95%.
Essa diferença corresponde, proporcionalmente, ao eleitorado do Paraná. Em 2012, segundo estatísticas do Tribunal Superior Eleitoral, o estado se firmou como o sexto maior colégio eleitoral do país (atrás de São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Bahia e Rio Grande do Sul), com 7.727.727 aptos a votar. Na comparação com os gaúchos, há quase um empate técnico – a diferença é de apenas 500 mil eleitores.
Na sétima posição aparece Pernambuco, com 6.498.122 eleitores. Ou seja, mesmo que tivesse 100% dos votos em sua terra natal, o presidenciável Eduardo Campos (PSB) não passaria de 4,62% dos válidos. O jeito para ele – e para todos os outros candidatos – é fechar alianças regionais.
No Paraná, os primeiros três meses de 2013 foram marcados pelo esforço do governador Beto Richa (PSDB) para atrair o apoio de partidos que, em Brasília, são da base aliada de Dilma. Distribuiu secretarias para PSC, PSD e PMDB. Os dois primeiros dão pinta de que não têm como mudar de lado até 2014, já os peemedebistas…
Se a ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann (PT), for mesmo a oponente de Richa, é inimaginável que o PMDB não esteja na coligação dela. Como é que o partido do vice-presidente da República, Michel Temer, não vai apoiar a gerente do governo Dilma? A presidente e o PT nacional admitiriam uma situação dessas?
Claro que há outros cenários de confusão entre petistas e peemedebistas pelo Brasil afora. No Rio de Janeiro, por exemplo, o PMDB quer uma chapa única em torno do vice-governador Luiz Fernando Pezão, enquanto o senador Lindbergh Farias (PT) bate o pé para ser candidato. Ainda assim, é um confronto bem mais fácil de ser explicado.
Na semana passada, Dilma deu uma de suas declarações mais desastradas ao dizer que se pode “fazer o diabo quando é hora de eleição”. Pega mal, mas é o indício do que se avizinha. Por mais que tenha bons índices de avaliação, o caminho para a reeleição não será só de flores.
Por outro lado, a questão suscita uma dúvida: até onde a verticalização faz bem? Em uma república federativa, é natural que os estados mantenham suas características políticas locais. O problema é quando isso se resume apenas a querer se dar bem, a ocupar cargos lá e cá.
No Brasil, vertical mesmo é o fisiologismo.
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