
Beto Richa construiu com esmero a síntese de sua imagem política – o “bom-mocismo”. Sangue-azul, bonitão, pai de família, engenheiro, mezzo londrinense mezzo curitibano, ele sempre carregou as características perfeitas para fazer história na política paranaense. E fez.
Richa é um fenômeno eleitoral. Em dez anos, venceu com louvor quatro pleitos majoritários que tinham tudo para ser complicadíssimos. Nas disputas pela prefeitura de Curitiba, primeiro conteve o favoritismo de um PT que ainda tinha credibilidade, em 2004, depois se reelegeu no primeiro turno com 77% dos votos válidos.
Largou o cargo dois anos depois e venceu Osmar Dias (PDT) novamente com folga. Em 2014, impôs a Roberto Requião (PMDB) a pior derrota de sua trajetória de três décadas e de quebra aniquilou a aposta petista Gleisi Hoffmann. No decorrer das campanhas, descobriu-se que nenhuma dessas eleições foi tão complicada quanto se imaginava.
Mais do que o candidato certo, Richa teve os adversários certos. Em todos os confrontos, sempre se posicionou como o nome conhecido, de segurança, enquanto os oponentes eram a aposta duvidosa, insegura. Em qualquer lugar do mundo o eleitor tem medo do desconhecido – vide a amarelada escocesa na votação sobre a independência do Reino Unido.
No plano estadual, a estratégia colou ainda mais depois de oito anos de gestão Requião. Com o eleitor paranaense cansado de bravata e confusão, nada melhor que optar por alguém que prometia uma gestão bem menos carnavalesca. Aí o bom mocismo tornou-se imbatível.
Richa cumpriu o que prometeu nos primeiros quatro anos – um governo sem sobressaltos. Não se envolveu em escândalos e só comprou uma briga, contra o governo federal. O ideário do malvado inimigo externo, manjado pelas cartilhas de propaganda política há milênios, caiu como mais uma luva para justificar os tropeços dentro de casa.
Tropeços, aliás, que nunca chegaram a ser plenamente admitidos. Foi uma enorme surpresa quando, no final de 2013, soube-se que o governo acumulava uma dívida de R$ 1,1 bilhão com fornecedores. Como 2014 era ano de eleição, a questão foi logo varrida para debaixo do tapete do “melhor está por vir”.
Reeleito, veio o primeiro volume do pacote de maldades, com aumento de IPVA e ICMS, aprovado no ano passado pela Assembleia. Até que a segunda versão, que atingia em cheio benefícios do funcionalismo, bateu na trave na semana passada. Foi a vez de Richa lidar com um ingrediente desconhecido, a revolta popular.
Lidar não foi exatamente a palavra, porque o governador sumiu do mapa. Sob pressão, retirou a proposta e colocou a culpa no que chamou de “baderneiros”. Ao final das contas, essa foi a única grande crise enfrentada por ele – e o desfecho esteve distante de ser uma maravilha.
Richa pagou o preço de tentar manter por muito tempo as aparências de uma estabilidade que não existia. Se tivesse sido mais transparente em relação à crise financeira há dois ou três anos, talvez conseguisse compartilhar melhor uma culpa que, com certeza, não é apenas sua. Tapar o sol com a peneira só aumentou a bola de neve de uma tarefa muito mais complicada – explicar à população que, mesmo tendo um aumento recorde de receitas entre 2011 e 2014, não foi ele quem quebrou o Paraná.
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