Presidente do Parlamento do Mercosul, o deputado paranaense Dr. Rosinha (PT) adotou o estilo Evo Morales de se vestir. Ao invés de terno, uma jaqueta preta sem lapelas e com detalhes em aguayo – tecido feito à mão com desenhos dos índios quíchua. A roupa chamou a atenção na última reunião do ParlaSul, semana passada, em Montevidéu.
A intenção do petista era simbólica. A sessão contou com a presença do ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, e serviu como um manifesto a favor da entrada da Venezuela, principal aliada dos bolivianos, no bloco econômico. O inserção plena do país de Hugo Chávez depende da aprovação do Congresso Nacional brasileiro.
A proposta está emperrada no Senado e sofre com a pressão dos partidos de oposição. Rosinha, porém, tem mais medo da tramitação da matéria na Câmara. Segundo ele, há pressões fortíssimas de alguns deputados para que ela nem seja colocada em pauta.
Desembaralhar a questão venezuelana é um pedido pessoal do presidente Lula ao paranaense. Depois desse imbróglio, será a vez de articular a adesão da Bolívia. Morales foi convidado há um ano para entrar plenamente no Mercosul, mas ainda não deu uma resposta.
Ao vestir o traje andino, Rosinha faz política. A história da jaqueta, por si, já é puro trabalho de relações públicas.
Rosinha esteve em La Paz para acompanhar o referendo que decidiu pela permanência de Morales no cargo. No dia 11, quando o resultado foi proclamado, foi recebido pelo presidente em uma audiência no Palácio Quemado, às 19 horas. Papo vai, papo vem, perguntou como poderia comprar um “saco” (paletó, em espanhol) como o dele.
Morales deu pouca trela, perguntou apenas quando o brasileiro ia embora – ele tinha passagem marcada para o dia seguinte, à tarde. Na saída, uma assessora pediu para ficar com o paletó de Rosinha para tomar as medidas. Em menos de 12 horas, voilá, a peça feita sob medida estava prontinha e entregue no hotel do petista.
Se o traje é bonito ou se a moda pega, fica a critério dos estilistas (embora a resposta seja bem previsível). O fato é que o Mercosul precisa sair do papel e que, para isso, às vezes é preciso dançar conforme a música. Aceitar a Venezuela – e talvez posteriormente a Bolívia – não é fechar um pacto de sangue com Chávez e Morales. É virar parceiro a longo prazo de nações perenes – e não de seus governos, efêmeros.
É, afinal, ter uma bela jaqueta com detalhes em aguayo no armário. O que não significa usá-la diariamente.
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