Os médicos da Santa Casa de Juiz de Fora mal haviam terminado a cirurgia do presidenciável Jair Bolsonaro (PSL), na madrugada de sexta-feira (7), quando o filho do candidato, Flávio Bolsonaro, sentenciou que a facada iria eleger o pai no primeiro turno.
Para que isso aconteça, segundo dados da mais recente pesquisa (da XP/Ipespe, feita entre os dias 3 e 5 e divulgada no feriado), Bolsonaro precisaria dobrar as intenções de voto, o que é bastante complexo de acontecer. Ele lidera com folga o principal cenário da sondagem, em que Fernando Haddad aparece como candidato do PT, com 23% das intenções de voto.
É certo que a comoção do atentado vai catapultar Bolsonaro. Mas quanto? A resposta começará a se tornar mensurável a partir das pesquisas Ibope e Datafolha que serão divulgadas nesta segunda-feira (10).
Independentemente da volatilidade das intenções de voto pós-atentado, os dados anteriores já indicavam o favoritismo de Bolsonaro. Naquele cenário, era só manter o patamar dos 20% que a vaga no segundo turno estaria garantida. Antes da facada, ele já trabalhava prioritariamente para cristalizar o voto dessa faixa do eleitorado, endurecendo o discurso antipetista (vale lembrar o episódio do “fuzilar a petralhada”, no Acre).
Esse jogo para o velho eleitorado, depois do incidente de Juiz de Fora, parece estar ganho. Mais além, dá margem para redução da rejeição, que havia batido recorde na pesquisa XP/Ipespe. 62% dos 2 mil entrevistados disseram às vésperas do ataque que não votariam nele de jeito nenhum, porcentagem que inviabilizaria a vitória.
Com Bolsonaro fortalecido, fica a dúvida: quem vai para o segundo turno contra ele?
Melhor começar por quem não vai. O cientista político e colunista da Gazeta do Povo Márcio Coimbra cravou que o mais prejudicado pelo atentado é Geraldo Alckmin (PSDB). Faz todo sentido: até o pupilo João Doria, candidato a governador de São Paulo, declarou que a presença de Bolsonaro no segundo turno é certa.
Outros nomes que brigam com Bolsonaro no espectro mais à direita da disputa também correm risco de perder o pouco eleitorado que já tem. Dentre eles, Henrique Meirelles (MDB), Alvaro Dias (Podemos) e João Amoêdo (Novo).
Do lado da esquerda, onde se concentra a rejeição ao capitão da reserva, a briga se dará entre Haddad, Marina Silva (Rede) e Ciro Gomes (PDT).
É esse trio que concentra as maiores chances de chegar ao segundo turno. Para eles, contudo, não adianta brigar com Bolsonaro, eles vão precisar se confrontar entre si pelo espólio de Lula, que tem até terça-feira (11) para deixar de vez o barco e sua candidatura fake ou os petistas não terão candidato.
De acordo com pesquisa BTG/FSB, o curioso é que eles se beneficiariam igualmente dos votos deixados pelo ex-presidente. Cada um ficaria com uma fatia de 15% dos votos totais de Lula.
E, ainda pela XP/Ipespe, eles estão em empate técnico – Marina e Ciro com 11% e Haddad com 8%. A margem de erro é de 2,2 pontos percentuais. No cenário em que Haddad é apresentado como “apoiado por Lula”, a ordem de preferência fica assim: Bolsonaro (20%), Haddad (14%), Ciro (10%) e Marina (8%).
Ou seja, quando o quadro petista sem Lula clarear para o eleitor, Haddad tende a crescer. Por outro lado, Ciro oscilou positivamente para cima na XP/Ipespe (é pouco, dentro da margem, mas é um indício relevante). E Marina teria como trunfo nesta altura da radicalização a facilidade de conseguir propor ao eleitor uma alternativa mais serena.
Mas é isso que vai acontecer ou a polarização tende a aumentar? Bolsonaro, do outro lado, ganha comodidade para “escolher” um adversário. Se ele tiver essa oportunidade, pode escrever que a briga será contra Haddad.
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