Essa é de lascar: em tempos de corredores vazios por causa das eleições municipais, a edição semanal do jornal do Senado estampa uma matéria sobre a criação do Dia Nacional do Rock. O Projeto de Lei Complementar 67/2008, de autoria do senador Wellington Salgado (PMDB-MG), foi aprovado pela Comissão da Educação e está prontinho para ir a plenário.
Para quem está com a memória meio chumbada, Salgado é aquele cabeludo que defendeu com unhas e dentes Renan Calheiros (PMDB-AL) no caso Mônica Veloso. Foi também comandante da revolta da sandália – um motim de senadores peemedebistas por “mais carinho” (entendam como quiser) do presidente Lula.
Pois bem… O projeto, segundo o autor, é uma homenagem a Raul Seixas. O Dia Nacional do Rock será comemorado na data de nascimento do falecido cantor, 28 de junho.
A matéria reflete bem o funcionamento do legislativo brasileiro. No mês passado, este correspondente que cá escreve e a repórter de política da Gazeta do Povo, Kátia Chagas, fizeram um levantamento sobre as leis criadas no primeiro semestre no âmbito da Câmara de Vereadores de Curitiba, Assembléia Legislativa do Paraná e Congresso Nacional.
A conclusão: dois terços de todas as 448 normas inventadas no período têm pouca ou nenhuma relevância – normalmente serviram para batizar alguma obra ou criar uma data comemorativa.
Dá para reclamar? Sinceramente, não… Parece que os parlamentares apenas dão ao trabalho legislativo a mesma relevância que o eleitor brasileiro dá ao seu voto.