A improvisada escolha do vice-presidente Michel Temer como responsável formal pela articulação política do governo Dilma Rousseff com o Congresso é a última jogada da presidente para tentar manter a “parceria” com o PMDB. Mas não é de todo desastrada.
O PMDB não é exatamente um partido, é um conjunto de facções fincadas em interesses regionais que jogam cada um para um lado. O time de Renan Calheiros não é o mesmo de Eduardo Cunha, muito menos o de Roberto Requião.
Temer, no entanto, foi a única figura depois de Ulysses Guimarães que conseguiu dar um pouco de unidade a essa maçaroca. Se o PMDB boicotá-lo, vai se dividir ainda mais e, dividido, perde força.
Ainda assim, Renan e, principalmente, Cunha, estão tão fortes que há chances reais de confusão. Em entrevista à Gazeta no mês passado, o presidente da Câmara fez um diagnóstico do que achava que deveria mudar na relação com o PT.
“Não estamos atrás de cargos. O partido gostaria de participar mais. É participar discutindo tudo aquilo que precisa acontecer previamente. O PMDB nunca participou disso”, disse.
Temer não assumiu um cargo, mas uma missão (a Secretaria de Relações Institucionais, ao que consta, vai ser extinta). Agora, ele é parte da decisão. Se não der certo, não tem mais volta.