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Da coluna Conexão Brasília, publicada hoje na Gazeta do Povo:

Deputados federais e senadores receberam o presente de Natal com antecedência. Não que eles tenham necessariamente se comportado bem durante o ano, mas o Datafolha apontou aprovação recorde da atual legislatura. Segundo a pesquisa, 19% dos brasileiros classificam como boa ou ótima a atuação dos parlamentares.

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O dado não é nenhuma maravilha, afinal menos de uma a cada cinco pessoas diz gostar do trabalho das excelências, contra 31% que consideram ruim ou péssimo. Só que, de março para dezembro, o índice de aprovação cresceu cinco pontos porcentuais, uma evolução incontestável. Será que enfim o Congresso Nacional começa a melhorar a sua sempre avacalhada imagem?

Sim e não. Uma comparação com o ano passado mostra que a única diferença foi uma relativa maneirada nos escândalos. Não houve nada que se compare ao furacão Mônica Veloso, que destroçou o Senado e o prestígio de um dos maiores caciques da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL).

A agonia do alagoano durou mais de um semestre até que ele renunciou à presidência da Casa – mas contou com a condescendência dos colegas para não ser cassado. Em 2008, o deputado federal Paulo Pereira da Silva (PDT-SP) até conseguiu ser levado ao paredão na Câmara. Como a história do sindicalista era mais leve, sem direito a escapadelas conjugais e inspiração de capas à Playboy, ele acabou, assim como Renan, absolvido.

Na elaboração de leis, nada de grandes avanços. Destaque para a ampliação da licença-maternidade, a obrigação de estabilidade no emprego por 12 meses para o pai de crianças em gestação e a lei contra a pedofilia. Petiscos diante do trabalho do Supremo Tribunal Federal, obrigado a cumprir o papel do Legislativo ao criar ou reforçar normas importantíssimas para o nepotismo, células-tronco e fidelidade partidária.

Talvez a cena que melhor sintetize a situação atual do Congresso Nacional seja o choro do presidente do Senado, Garibaldi Alves (PMDB-RN), durante uma missa na última quinta-feira. A cerimônia era uma comemoração ao encerramento dos trabalhos legislativos, que acabam no dia 23. O erro de interpretação não é seu leitor, foi sim uma celebração com 12 dias antes de antecedência, um fim de festa muito (muito mesmo) adiantado.

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Garibaldi chorou ao fazer um balanço da sua gestão. Na ponta do lápis, não dá para dizer que foi uma administração ruim. O potiguar de fala mansa comprou brigas com o Palácio do Planalto por causa do excesso de medidas provisórias e acalmou a opinião pública com seu jeitão devagar quase parando.

O problema do Congresso Nacional desta vez não veio da direção – Arlindo Chinaglia (PT-S) também tem sido um bom presidente da Câmara. A questão é a falta de rumo que assola a maioria dos parlamentares. Aquela sensação de que é melhor que acabe tudo rápido, de que a vida pública é só feita de uma eleição após a outra.

Sim, a aprovação aumentou e tem os seus motivos. Pena que estejam ligados ao fato de que, para o brasileiro, não atrapalhar já ajuda muito.