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União não prioriza obras no Paraná. Nem o governo do estado

Crédito: Jonathan Campos (Foto: )
Crédito: Jonathan Campos

Crédito: Jonathan Campos

Dois levantamentos publicados recentemente pela Gazeta do Povo deveriam ser fundamentais para o debate eleitoral no Paraná. Ambos indicam que o estado sofre um sério apagão de investimentos públicos. E sem obras de infraestrutura não dá para se manter competitivo por muito tempo.

O primeiro estudo mostra que, entre 2002 e 2013 (12 anos seguidos), o Paraná variou entre 23º e 25º no ranking de investimentos por habitante feitos pela União nas unidades da federação. Ao longo desse período, o paranaense pagou em média R$ 42,6 em tributos federais para receber R$ 1 de volta em obras. Ficou em 24º nessa correlação.

Note que o período abrangido é longo e pega o último ano de Fernando Henrique Cardoso (PSDB) na Presidência (2002) e o orçamento aprovado por ele e executado no primeiro ano da gestão do petista Lula (2003). Ano a ano, nunca houve sinais de melhora. Lembre-se que Jaime Lerner (1995-2002) era aliado de FHC e Roberto Requião (2003-2010) de Lula.

A constatação é que o Paraná não virou “patinho feio” da federação porque Beto Richa (PSDB) faz oposição ao PT de Dilma Rousseff e Gleisi Hoffmann. O fato é que sempre foi. Mudar isso exige uma postura muito mais firme do que se vitimizar, algo que nenhuma das últimas três administrações estaduais e federais se propôs a fazer (são os números que dizem).

O outro dado publicado pela Gazeta mostra como o estado faz a lição de casa com suas próprias contas. Na média entre 2009 e 2013, o Paraná foi a segunda unidade da federação que menos priorizou investimentos em relação ao total das despesas. A cada R$ 100 empenhados pela administração estadual no período, apenas R$ 4,90 foram destinados a obras e compra de equipamentos.

A proporção corresponde à metade da média das demais unidades da federação, de R$100 para R$ 9,7. O levantamento abrange os últimos dois anos do governo Requião (2009 e 2010) e os três primeiros de Richa (2011 e 2013). E tem mais uma curiosidade: ao longo desses cinco anos, o Paraná foi o estado que registrou o maior aumento de receita corrente líquida (soma da arrecadação dos tributos estaduais e transferências da União) – ou seja, não tem a desculpa de falta de caixa.

A combinação dos dois levantamentos é fatal. Juntos, os investimentos federais e estaduais empenhados no Paraná em 2013 somam R$ 2,8 bilhões. Se todos esses recursos, destinados a 399 municípios, fossem usados apenas para construir o metrô de Curitiba, ainda faltaria mais R$ 1,7 bilhão.

Que fique claro: os números são referentes ao que o governo gasta com obras ou compra de equipamentos. Ou seja, há uma prioridade para despesas com pessoal e custeio da máquina. No fundo, é como se você ganhasse aumento todo ano e gastasse tudo contratando mais uma empregada doméstica, falando mais ao telefone e deixando a luz acesa até mais tarde, ao invés de aumentar a casa ou comprar um computador novo para o seu filho estudar.

Sem investimento, não há infraestrutura. E sem infraestrutura, planos de incentivo fiscal para atrair a iniciativa privada são apenas muletas. Finalmente, lembre-se que tudo isso é dinheiro público, ou seja, você tem todo direito de opinar sobre o que fazer com ele. A hora de cobrar é agora.

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