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O que aprendemos com a gravata da sorte de Lula

Lula e a famosa gravata em comício no Paraná, em 2010. (Foto: )

Quando se veste para a guerra, Lula tira do armário uma gravata listrada com as cores do Brasil. Não é achismo, é estatística. O acessório esteve presente em pelo menos dois momentos patrióticos da trajetória do ex-presidente: na abertura das Olimpíadas de Pequim (em 2008) e na votação que elegeu o Rio de Janeiro como sede dos Jogos Olímpicos de 2014 (em 2009).

Fora do Planalto, virou uniforme dos combates contra a Lava Jato. Em 2016, a gravata estava lá quando Lula chamou jornalistas estrangeiros para comparar a operação ao Big Brother. Em março de 2017, foi usada no depoimento ao juiz Valisney de Oliveira em um processo sobre tentativa de obstrução (da Lava Jato).

Dias depois, Lula vestiu o acessório em Curitiba para depor pela primeira vez a Sergio Moro – aquele famoso encontro que selou o destino do ex-presidente no caso do tríplex do Guarujá. Na terça-feira (5), após quase dois meses preso, a gravata ressurgiu na fala ao juiz Marcelo Bretas, por videoconferência. “Estou bonito, hein? Esta gravata é a da conquista das Olimpíadas”, frisou, quando se viu no vídeo.

Lula, obviamente, queria passar a mensagem de que não está abatido com a prisão, que é o Lula velho de guerra, que a eleição é logo ali e que os brasileiros não devem se esquecer dele. Legalmente, como se sabe, a candidatura está inviabilizada pela Lei da Ficha Limpa. A verdadeira campanha de Lula é para não ser esquecido.

Uma batalha que não será fácil de ser vencida.

Aos poucos, a realidade jurídica se impõe à eleitoral. Pesquisa do Datapoder360 divulgada nesta mesma terça em que Lula depôs a Bretas testou três cenários presidenciais – todos eles sem o ex-presidente. O resultado: Jair Bolsonaro (PSL) lidera com folga (tem entre 21% e 25% das intenções de voto), deitando e rolando sobre a pulverização dos candidatos de centro e esquerda.

Somadas as intenções de voto, os nomes encaixáveis no espectro lulo-petista – Ciro Gomes (PDT) Fernando Haddad (PT), Manuela D’Ávila (PCdoB) e Guilherme Boulos (PSOL) – penam para se aproximar a Bolsonaro. No terceiro cenário do Datapoder360, em que o quarteto aparece junto, a soma fica em 19%, contra 21% de Bolsonaro. Nos outros dois, só com Ciro e Haddad, a dupla soma igualmente 20%, contra 25% e 22% de Bolsonaro (a margem de erro é de 1,8% para cima e para baixo).

Enquanto o PT insistir na novela de empurrar a candidatura Lula com a barriga para ser derrubada às vésperas da eleição pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a esquerda vai penar para se solidificar. Internamente, os petistas sabem que correm o risco de autodestruição e ensaiam uma rebelião erradamente direcionada contra a presidente do partido, Gleisi Hoffmann.

“Eles não percebem que é tudo combinado diretamente com o Lula?”, desabafou em maio a senadora, em conversa com um aliado. A guerra de Lula vai ficar feia mesmo quando ele colocar a gravata da sorte para receber caciques do próprio partido na PF.

Metodologia

O levantamento do Datapoder360 fez 10,5 mil entrevistas por telefone, com pessoas de 349 cidades de todas as regiões do país, entre 25 e 31 de maio. A margem de erro é de 1,8 ponto porcentual para mais ou para menos. O registro da pesquisa no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) é BR-09186/2018.

O estudo é aplicado por meio de um sistema no qual os entrevistados recebem uma ligação com uma gravação e respondem a perguntas por meio do teclado do telefone.

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