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Escrito há 54 anos por Mario Puzo e adaptado para o cinema três anos depois por Francis Ford Coppolla, "O Poderoso Chefão" (originalmente "The Godfather") fez história como um dos filmes mais controversos e influentes de todos os tempos e mostrou ao público a terminologia do crime organizado, com seus soldados, caporegimes, underbosses e o Don ou Godfather.
Entretanto, fora dessa estrutura hierárquica, existia outra figura reportando diretamente ao Don: o conselheiro ou consigliere. Puzo o descreve assim:
"Ele era o conselheiro do Don, seu braço-direito, seu cérebro auxiliar. Ele era também seu companheiro e amigo mais próximo.”
Graças ao filme, a palavra consigliere hoje em dia não requer maiores explicações, sendo usada nos negócios e na política para descrever um assistente indispensável a uma pessoa poderosa.
Mas o uso de um bom conselheiro não é – e nem deveria – ser exclusividade dos poderosos CEOs e políticos. E você, empreendedor ou fundadora de startup, deveria ter o seu também. Sim, porque liderar uma startup é coisa só pra poderoso chefão ou poderosa chefona mesmo.
O que buscar num bom conselheiro?
Primeiramente, busque alguém que possa complementar suas habilidades. Se você faz código desde os 12 anos ou se foi uma executiva de marketing de sucesso e agora lidera uma startup, mas nunca tentou vender antes para uma empresa, procure alguém que tenha muita experiência comercial para te ajudar.
Se sua empresa "pivotou" de B2B para B2C ou passou a servir o público de alta ou baixa renda, encontre alguém com experiência nesse novo modelo de negócio ou nesse novo segmento de mercado. Ou seja, encontre alguém muito bom naquilo que você (ainda) não é.
E, independente de complementar suas habilidades, todo bom conselheiro sempre deve ser:
- Desafiador. Fazer as perguntas e provocações certas, ensaiando argumentações contrárias. Testar teses e pressupostos e te ajudar a identificar potenciais oportunidades.
- Perito. Servir como fonte de conhecimento profissional e/ou técnico nas áreas que domina e dar conselhos objetivos somente nesses assuntos.
- Facilitador. Usar seu networking para estabelecer parcerias e encontrar fornecedores, clientes, colaboradores e/ou investidores para a empresa.
- Motivador. Saber encorajar e motivar os empreendedores. Promover e encorajar bom comportamento, servindo como modelo.
- Confidente. Ouvir com atenção os receios e as ansiedades e dar feedback construtivo e suporte pessoal (e até psicológico) aos empreendedores.
E, obviamente, um bom conselheiro nunca deve ser:
- Desfocado. Não deve tentar criar valor demais ou ajudar com muitos assuntos ao mesmo tempo, sem priorizar as coisas.
- Impositivo. Não ficar cobrando os empreendedores ou tomar decisões no lugar deles. Interferência excessiva pode atrapalhar o negócio ao invés de ajudar.
- Arrogante. Não achar que sabe tudo e não dar palpite em temas que não domina ou que trazem alto risco para a empresa (como assuntos jurídicos; aí é melhor ter a opinião de um bom advogado da área).
Mesmo sendo poderoso e respeitado, Don Corleone tinha sempre o seu consigliere ali por perto para desafiar suas idéias, servir de perito num certo assunto, encontrar parcerias, motivá-lo e ser seu fiel amigo e confidente – pois o posto mais alto na hierarquia é, invariavelmente, um lugar bem solitário.
Vou te fazer uma oferta que você não pode recusar: procure hoje mesmo a ajuda de um bom conselheiro!
*Murilo Menezes é investidor anjo e conselheiro de startups. Trabalha há mais de 15 anos em posições executivas em startups de Israel e do Vale do Silício e tem 20 anos de experiência ajudando a lançar do zero negócios B2B e B2B2C nas áreas de serviços financeiros, telecomunicações, Internet, turismo e entretenimento na América Latina.