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Há mais de 50 anos existe uma casa de frutas ao lado do Hotel Tibagi, na altura do número 15 da Rua Carlos de Carvalho, em Curitiba. Se você estiver por perto, pode entrar que vai ser muito bem atendido.

A hospitalidade árabe fará as honras da casa na pessoa do sr. Nagib, ex-jogador do Ferroviário. Nas paredes, dezenas de fotos e recortes de jornais retratam o tempo em que Nagib jogava bola e conquistava até campeonato.

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Para todos os fregueses, ele tem uma boa palavra. E se você cair nas graças do Nagib, quando vier com alguma fruta na mão para ser pesada, com certeza ele vai te dizer: “Esta não. Deixa que eu pego outra melhor”. E vai ao fundo da loja pegar uma fruta mais fresca e bonita.

A casa é pequena, mas o coração do Nagib é grande, assim como a variedade das frutas que ele vende. Por ali se abastecem as mais tradicionais famílias da nossa cidade. Já vi frutarias mais modernas em outras cidades – iluminação correta, frutas exóticas, cores e balcões especiais, apelos mercadológicos, computador – mas nada, nada se compara a uma antiga frutaria dirigida por um bom comerciante árabe.

Acho que são pessoas e lugares assim que vão nos salvar da mesmice e da pasteurização que esta tal globalização vem nos trazendo, numa velocidade tão assustadora quanto uma tempestade de areia no deserto. Pequenas lojas tocadas por seres humanos que, na arte de fazer comércio, brincam com o tempo e com a vida, transmitindo carinho e atenção no simples e singelo ato de vender.

Professores de marketing, vendas e administração: mandem seus alunos à casa de frutas do sr. Nagib para que eles vejam o que é marketing de relacionamento na sua essência e na mais pura forma. Ciência que o Nagib vem praticando há quase meio século, bem antes da invenção da palavra marketing.

Alá! proteja nosso bom Nagib, que dos marqueteiros nos protegemos nós.

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Elói Zanetti é especialista em marketing e comunicação corporativa

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A hospitalidade e o jeito do comerciante Nagib fizeram o publicitário Elói Zanetti lembrar do filme “Tempero da Vida”, uma comédia de 2003 do diretor Tassos Boulmetis.

Pra quem não viu, em “Tempero da Vida”, um garoto grego que vive em Istambul, na Turquia, aprende com seu avô, que é um filósofo culinário, que tanto a comida quanto a vida precisam de um pouco de sal para ganhar sabor. Ao crescer, ele usa seus dotes de culinária para temperar as vidas das pessoas que o cercam. Para os cinéfilos que gostam de gastronomia, vale dar uma espiadinha…