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Morre o mestre das carnes

Divulgação
O paulista Marcos Bassi faleceu na tarde deste domingo (24). O churrasqueiro lutava contra um câncer

Recebi com tristeza a notícia da morte de Marcos Bassi, o mestre das carnes. Bassi morreu no Hospital Sírio-Libanês, onde estava internado para se tratar de um câncer no pulmão. O chef era proprietário do restaurante Templo da Carne, no Bixiga, em São Paulo.

Lembrei do dia que o conheci. Quando chegou ao restaurante, o clima mudou. Sua alegria era radiante e todos os clientes faziam questão de cumprimentá-lo. Bassi era um cara querido e vai fazer muita falta.

Abaixo reproduzo a coluna que fiz com ele em agosto de 2011.

O nome não poderia ser mais apropriado. No Templo da Carne, existe um mestre. Não é à toa que Marcos Bassi é reconhecido não só no Brasil. É exímio no preparo, nos cortes e na arte de servir. O açougueiro, como ele se intitula, transformou seu nome em sinônimo de qualidade.

Bassi trabalha desde criança e a experiência ao longo dos anos fez dele um artesão das carnes. Nasceu na capital paulista e desde menino já era determinado.

Aos 9 anos, vendia miúdos nas ruas do Brás com a mãe. Pouco tempo depois arrendou a menor banca no Mercado Municipal. Os dois começaram a vender seus produtos para os imigrantes mais ricos da cidade. Eram ingleses, franceses, suíços e italianos. Eram exigentes e queriam cortes diferenciados e, assim, o jovem foi se aprimorando. “Eles pediam cortes de acordo com a cultura alimentar deles. Para os ingleses, eu vendia tenderloin e não filet mignon”, conta Bassi, entre um aperto de mão e outro.

Difícil um cliente que chega ao Templo sem ir até ele para cumprimentá-lo e trocar uma palavrinha. “E aí, Belo?”, diz sorrindo com seu jeitão paulistano.

O jovem, então, sentiu a necessidade de criar novos cortes e foi estudar anatomia animal. Estudou muito para desenvolver cortes exclusivos e artesanais como o bom-bom e a fraldinha. “É preciso conhecer cada parte do animal, suas características quanto ao sabor e à textura, quais podem ser cozidas, grelhadas ou assadas”, explica.

Assim, há mais de quatro décadas, o empresário surpreende com suas criações.

Hoje o Templo da Carne é um dos restaurantes mais respeitados de São Paulo. A decoração nos remete às vilas europeias. Ao entrar na casa, você se depara com uma enorme cesta de maçãs vermelhas e cheirosas. “Traz boas energias e simboliza a fartura”, diz Bassi.

E é ali que os carnívoros vão comer a melhor das carnes. Bisteca do contra-filet, bife ancho, filet mignon, steak de tira, bom-bom, picanha em posta grelhada, bisteca fiorentina, bife de chorizo, T-bone, entre outras delícias. Não, não é rodízio! Você escolhe o corte que quer comer. E é aí que começa todo um ritual.

O couvert é leve e caprichado na medida certa. Nada de frituras. Berinjela caponata, abobrinha recheada com tomate seco, pimentão com azeite, abobrinha grelhada, cenoura stick, patê de cenoura, torradas de alho, manteiga e pão italiano.

A vedete ali é a carne. E no ponto certo! Para acompanhá-la, palmito assado e uma farofinha. Os vinhos servidos na casa têm preços honestos. Um lugar na Bela Vista que precisa ser conhecido!


Neste vídeo, Bassi ensina como preparar uma deliciosa picanha:


* * *

Serviço:

Templo da Carne – Rua Treze de Maio, 668, Bela Vista, São Paulo — (11) 3288-7045 e (11) 3289-6701.

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