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O tempero de vida de cada um

A leitora Regina mandou um e-mail bem interessante contando a história da mãe Helena que aprendeu a receita com a sogra e, para a alegria das filhas, conseguiu deixar o prato saboreado na infância das meninas ainda mais gostoso. Ela diz ainda que para compartilhar receitas é preciso ter generosidade. Olha só o que ela escreveu:


Pierogui da dona Helena

“Nádia, outro dia li em seu blog sobre o dia da avó e as comidas que só as avós sabem fazer. Bem, eu tenho uma história em que uma comidinha de vó foi superada quando a nora aprendeu a receita.

Minha avó era descendente de polonoses e fazia um pierogui bem gostoso quando eu era criança. Lembro que a brincadeira nos dias de pierogui era contar quantos pasteizinhos cada um de nós acabava por comer. Nos meus tempos de adolescente, o número chegava a uns abusivos quinze. Hoje, a porção não chega à metade.

Em compensação, quem faz os pieroguis hoje é minha mãe – e apesar da receita ser simples, o prato fica muito sofisticado e leve. As filhas ajudam a cozinhar os pasteizinhos na água, a servir e a saborear. Há dois segredos. O primeiro é escolher bem os ingredientes: um bom trigo, o requeijão fresco, que minha mãe normalmente compra nas feiras de rua, um pedaço generoso de bacon com pouca gordura e muita carne misturada com cebolinha fresca bem cortadinha. O segundo é preparar um bom molho para acompanhar. Minha mãe disse que pode ser qualquer molho (minha vó preparava um à base de carne de porco e bacon, bem ralinho, que ficava uma delícia). Hoje em dia, entretanto, a D. Helena prefere caprichar num molho de carne. Ela desenvolveu uma técnica para preparar o que nós chamamos de mini-bracciolas, que são, na verdade, pequenos bifes a role. Nada de colocar molho pronto, nem massa de tomate – com ou sem elefante. É só a carne tostada devagarinho, cebola, tomate e temperos.

Por fim, uma de minhas irmãs costuma se encarregar do vinho para acompanhar. Ficamos fã do tinto Malbec, orgulho de nossa vizinha Argentina.

Acho que para passar receitas adiante é preciso ter amor e generosidade. A comida da minha avó era a comida da minha avó – tinha seu jeito, sua simplicidade, sua comida falava das dificuldades e das alegrias que viveu. Minha mãe aprendeu com ela a fazer os pasteizinhos poloneses. Quando ela serve o seu pierogui, serve junto o seu tempero de vida. Espero também um dia, aprendendo com ela e com meus amigos, passar um pouco do meu tempero para receitas que nunca vão morrer.

Vai aí a receita. Um abraço,

Regina

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