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Neymar, Tite e os cinco erros que derrubaram o Brasil na Copa do Mundo 2018

O técnico Tite, da seleção brasileira de futebol, ao desembarcar no Aeroporto Tom Jobim, na Ilha do Governador, na zona norte do Rio de Janeiro. Foto: FÁBIO MOTTA/ESTADÃO CONTEÚDO (Foto: )

DIRETO DE KAZAN, RÚSSIA – Com a desclassificação para a Bélgica, na Copa do Mundo da Rússia, o Brasil adicionou, automaticamente, mais quatro anos de jejum no torneio. Até o Catar, em 2022, serão 20 anos sem levantar a taça, desde o “Regina, eu te amo” do lateral e capitão Cafu, em 2002, na Coreia do Sul e Japão.

E, além de entender porque a seleção brasileira está se aproximando da longa seca anterior — 24 anos, do tricampeonato de 1970, no México, até o tetra de 1994, nos Estados Unidos –, é preciso conhecer os motivos do fracasso em Kazan. Para a camisa mais estrelada do planeta, sair sem o caneco é sempre motivo de análise.

O cenário atual é bem melhor do que em outras desclassificações, como, evidentemente, há quatro anos, no patético 7 a 1, dentro de casa. O técnico Tite tem méritos e deve prosseguir no comando da equipe. O time tem uma base, craques como Neymar e Philippe Coutinho, e jovens promissores.

Veja abaixo os principais motivos da derrota do Brasil na Rússia:

1 Tite não fez ajustes táticos no time para pegar a Bélgica

A Bélgica arrumou seu esquema para enfrentar o Brasil. Sacou o perigoso atacante Mertens e pôs Fellaini para proteger mais a defesa e ganhar força física. Alterou as funções dos avantes Lukaku e Hazard e do meia De Bruyne, liberando o autor do segundo gol para chegar mais à frente.

A seleção brasileira não fez nada diferente para pegar os belgas. Tite substituiu Casemiro por um jogador com as mesmas características, Fernandinho. E só. Ao final do duelo, o volante Witsel comentou: “Não poderíamos enfrentar o Brasil do mesmo jeito, nível técnico muito alto. Precisamos fechar nossas linhas”.

Tite poderia, por exemplo, ter colocado Marquinhos na equipe. O jogador do PSG é um zagueiro, de 1,83m, que sabe atuar como volante, para proteger mais Miranda e Thiago Silva de Lukaku. Tentou impor o estilo brasileiro como contra uma equipe qualquer. Não deu certo.

2 Insistência com Paulinho, Willian e Gabriel Jesus

Paulinho, Willian e Gabriel Jesus foram três dos piores jogadores do Brasil no Mundial. Ambos fizeram uma primeira fase ruim e, mesmo assim, mantiveram o respaldo com o técnico Tite. Para o treinador, uma questão de “coerência” com o passado dos atletas na seleção brasileira.

O meia-atacante do Chelsea apresentou somente 45 minutos de bom futebol, no segundo tempo com o México, nas oitavas, quando armou a jogada do gol de Neymar. No mais, esteve apagado e só não perdeu a posição para Douglas Costa porque o atacante da Juventus se contundiu.

Gabriel Jesus, por sua vez, foi um fracasso. Não marcou nenhum gol em cinco partidas, mas recebeu elogios por “recompor bem a defesa”. Acabou igualando uma marca negativa.Em toda a história do Brasil nas Copas, apenas uma vez o centroavante titular passou em branco. Alcindo, em 66, mas tendo feito só dois jogos.

Paulinho só se salvou pelo gol marcado contra a Sérvia, quando invadiu a área ao seu estilo. Sem férias, pois emendou a temporada na China com a no Barcelona, foi substituído nos cinco jogos do torneio. Teve dificuldades para ajudar na marcação e chegar ao ataque.

Apesar desse quadro, o trio foi escalado para o duelo com a Bélgica. E, mais uma vez, não correspondeu. Willian saiu no intervalo para a entrada de Douglas Costa que, novamente, melhorou o rendimento ofensivo. Jesus permaneceu, mas Roberto Firmino entrou na etapa final. E Paulinho deu lugar a Renato Augusto, que anotou o gol brasileiro.

3 Problemas com lesões e atletas “baleados”

O volante Fred sofreu uma contusão ainda nos amistosos pré-Copa. Não foi cortado e passou o Mundial inteiro em recuperação, sem poder atuar. Enquanto isso, Arthur, do Grêmio, uma das principais promessas do Brasil, negociado com o Barcelona, ficou de fora.

Douglas Costa foi outro problema. Se juntou ao time lesionado e conseguiu se recuperar em tempo. E quando apareceu como alternativa a Willian, no ótimo desempenho contra a Costa Rica (2 a 0), machucou-se outra vez. E sem o jogador da Juventus, Tite não confiou em Taison, de convocação contestada, para ganhar poderio ofensivo.

E as dificuldades do departamento médico não ficaram por aí. Além dos dois, Neymar, Paulinho, Fágner, Filipe Luís e Renato Augusto foram ao Mundial sem estar em plenas condições, todos recém saídos de períodos de recuperação por contusão.

4 Neymar fracassou no jogo mais importante 

Principal atleta da seleção brasileira, um dos três melhores do mundo, o camisa 10 carrega mais expectativa e responsabilidade que todos os colegas de equipe. E diante da Bélgica, quando o Brasil mais precisava, Neymar não correspondeu.

Deu somente um chute a gol, espalmado por Courtois, já aos 48 minutos do segundo tempo. Tentou quatro dribles, acertou três. E perdeu quase a metade dos duelos individuais, seis de treze. Errou passes e sucumbiu diante da marcação forte dos belgas.

5 Do outro lado, a Bélgica, um dos melhores times do mundo

Claro, o Brasil não perdeu apenas por seus erros. Teve um oponente duríssimo, em condições de conquistar a primeira taça de Copa do Mundo da história da Bélgica, a tão decantada “geração de ouro” do país. E diante de um oponente de respeito, a margem de erro é mínima.

O Brasil “deu” um gol para os belgas, quando Kompany se adiantou num escanteio, Gabriel Jesus furou a cabeçada e a bola bateu em Fernandinho e entrou. Em seguida, uma falha coletiva permitiu que Romelu Lukaku costurasse da intermediária defensiva até a ofensiva para servir Kevin De Bruyne.

Os belgas também vacilaram na Copa. Tomaram 2 a 0 nas quartas de final. Mas, do outro lado, estava o fraquíssimo Japão. E, assim, houve condições de virar o duelo para 3 a 2, mesmo com menos de 45 minutos. A seleção brasileira, entretanto, cometeu os mesmos deslizes contra quem não podia cometer.

Os principais jogadores da Bélgica jogaram tudo que se esperava deles. Lukaku foi um trator de 1,91m e 94kg e, mesmo assim, rápido e habilidoso. E os altamente técnicos Hazard e Kevin De Bruyne executaram à perfeição as tarefas atribuídas pelo técnico Roberto Martinez.

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