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Neymar entra no ônibus da seleção brasileira para deixar a Rússia: foi só futebol. Foto: Jonathan Campos/Gazeta do Povo
Neymar entra no ônibus da seleção brasileira para deixar a Rússia: foi só futebol. Foto: Jonathan Campos/Gazeta do Povo| Foto:

A seleção brasileira de Tite não será lembrada pela história por situações edificantes. O time que perdeu de cabeça erguida para a Bélgica padeceu de um pecado mortal: zero carisma, transmitiu pouca ou nenhuma empatia com a torcida.

Mesmo com uma geração de ótimos jogadores, talentosos e ídolos nos seus clubes, a equipe montada pelo competente técnico gaúcho deve passar em branco no coração dos apaixonados pelo futebol.

E o motivo não foi o futebol apresentado, mas sim o descolamento com a torcida. Durante a Copa do Mundo 2018, pautou-se o noticiário da seleção com situações bobocas, como cabelo de Neymar e comemoração de gol simulando a cena de um game.

Pode parecer oportunismo fazer essa análise após a eliminação para a disciplinada Bélgica, mas várias cenas de grosseria com a torcida endossam a frieza egoísta do time que os brasileiros estavam loucos para amar. E isso precisa mudar. Quem veste a amarelinha precisa encarnar o discurso de ‘representar seu povo’.

Delegação fugindo de torcida ao chegar em hotéis russos, entrando pela porta dos fundos, atletas com fones de ouvidos ao se depararem com fãs no deslocamento para o estádio, boleiro escolhido por patrocinador da Fifa como melhor em campo dizendo que ‘não tem nada para provar’ e azedo com as críticas da imprensa e das redes sociais.

Um festival de frieza e arrogância.

Mesmo com todo o trabalho da mídia em transformar Neymar e sua trupe em pessoas de valor, grandes filhos, gente como a gente, os gestos de antipatia foram mais fortes. Viu-se uma seleção descolada dos problemas do país, alheios a tudo e a todos. Em nenhum momento o brasileiro se viu representado em gramados da Rússia por esses ‘meninos’ de 20 e poucos anos.

Nem mesmo um amistoso de despedida no Brasil foi feito para selar o casamento. Um gesto de grandeza, com renda destinada para algum programa social – algo como feito por Argentina, Peru, Uruguai, por exemplo. A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) preferiu levar todo mundo para Londres, encastelar os mimados e reforçar o discurso de competição acima de tudo.

Muitos atletas dessa seleção têm valor e vão representar o país em 2022 e por isso é preciso repensar a relação com a torcida. Criar um link de verdade, com duas vias. Hoje existe uma paixão de peito aberto por parte de grande parte dos brasileiros sem reciprocidade, ausência de manifestações públicas de carinho, lembranças dos problemas sociais e políticos da nação.

A seleção brasileira de 2018 vai sumir das nossas mentes rapidamente por conta de tudo isso. Não fez história alguma. Poderia simbolizar a união do país em um momento difícil da história, mas preferiu a segurança de uma bolha maquiada pelo discurso do hexa. Não houve pacto algum com a sociedade. Foi a derrota do sistema, não do Brasil.

Foi o time da corrupta CBF, com preocupações exclusivas de faturamento e de não melindrar patrocinadores, pregando a falsa mentalidade que jogador joga e torcedor torce, exclusivamente. Uma postura que evita desgastes, embora fosse o momento ideal para se expor e representar quem precisa de verdade.

Não chore por esse time, ele não merece.

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