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Caio Coppolla

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Bolsonaro e os idiotas úteis

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São uns idiotas úteis, uns imbecis, que estão sendo usados como massa de manobra de uma minoria espertalhona que compõe o núcleo de muitas universidades federais no Brasil.” Esse foi o comentário do presidente da República sobre os manifestantes de 15 de maio, que saíram às ruas para protestar contra o contingenciamento das verbas discricionárias do Ensino Superior e/ou a Reforma da Previdência (esses eram os pretextos, pelo menos).

Idiotas Úteis. Esse é um conceito atribuído ao próprio Lenin, mas sua autoria permanece disputada e incerta. Originalmente, se referia aos intelectuais ocidentais simpáticos ao socialismo. Alheios ao fato de que eram descartáveis para o regime de Moscou, jornalistas, artistas, acadêmicos e militantes em geral disseminavam propaganda, desestabilizavam governos e preparavam o terreno para a revolução comunista – ou qualquer outro objetivo intermediário em prol da utopia marxista. Na Rússia, a expressão “idiota útil” era utilizada em comunicações oficiais e refletia o apreço dos soviéticos por seus agentes e entusiastas. No decorrer das décadas, a definição se ampliou e passou a denominar pessoas politicamente engajadas, mas que não se percebem como massa de manobra a serviço de um grupo.

Aos críticos de boa-fé, bastaria conhecimento superficial da reforma previdenciária e do contingenciamento do ensino superior para abdicar da sua participação nas manifestações de 15 de maio. A oposição a essas medidas é essencialmente baseada em desinformação e não resiste à matemática. Ou à história recente: medidas de austeridade fiscal e cortes muito mais drásticos na Educação foram praticados nos governos lulopetistas, cujos agentes políticos agora se encontram em histérico antagonismo à atual administração. Portanto, não é equívoco nem exagero admitir que a maior parte dos insatisfeitos nas ruas foi, de fato, manipulada.

Existe, entretanto, uma diferença abissal entre constatar uma realidade e cuspi-la na cara do seu interlocutor. Como reflexo natural, a crítica ofensiva gera uma resposta defensiva e costuma afastar a possibilidade de diálogo. O presidente da República tem muitas opções além do insulto para lidar com cidadãos que dele divergem politicamente. Até porque, o comportamento de manada dos manifestantes de boa-fé denota um posicionamento irrefletido que ainda pode ser modificado – é questão de esclarecimento e persuasão. Falta a este governo a sensibilidade para combater os pastores, ao invés do rebanho incauto.

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