Início de ano é sempre uma época em que as pessoas retomam seus desejos e projetos de mudança de vida. Talvez porque sintamos que se renovam as nossas oportunidades de fazer o que gostamos, ter mais qualidade de vida, ser melhor remunerado ou apenas se divertir mais no trabalho.
Apesar da crise, ainda vivemos sob uma onda de empreendedorismo que impulsiona as pessoas a sonharem com o dia em que farão o que realmente gostam através de um negócio próprio, mas empreender não é para todos.
Recentemente chegou até mim um artigo: “Why Making Your Passion Your Profession is Probably a Terrible Idea” (Porque fazer de sua paixão a sua profissão provavelmente é uma péssima ideia). Na essência ele diz que não gostar do seu emprego atual ou mesmo odiá-lo não é uma razão suficiente para desistir dele e começar um negócio full-time no ramo de atividade em que você tem prazer. Em outras palavras: sentir enorme prazer em cozinhar e criar pratos elaborados para o deleite da família e amigos não é suficiente para abrir um restaurante.
O artigo sugere refletir sobre a seguinte questão, o que pode poupar horas de execução de um plano de negócios e algumas frustrações: qual o seu sentimento quando se imagina atuando com vendas, gestão de negócios e marketing? Sim, porque ao fazer de sua paixão sua profissão você não fará o que gosta o tempo todo, parte dele será gasto com atividades necessárias para fazer o negócio prosperar. Talvez até você tenha que passar mais tempo nessas atividades do que realmente fazendo o que gosta. Mas a maior “sacada” do artigo não é essa, pois, o Sebrae alerta os novos empreendedores sobre esse fato diariamente.
Para mim a relevância do texto está na seguinte reflexão: paixões muitas vezes chegam a ser paixões, porque elas não têm quaisquer expectativas. Paixões são livres, não tem obrigação em se tornar uma carreira ou salário, mas apenas prazeres. E ao pensar sobre suas paixões as pessoas as comparam com seu trabalho chato e estressante e acreditam que merecem algo melhor.
Seria maravilhoso fazer do que gosta seu ganha-pão mesmo sabendo que não fará o que gosta o dia inteiro, todos os dias da semana. Porém, ter o próprio negócio não é apenas “unir o útil ao agradável”. Significa sobretudo assumir compromissos e correr riscos, aspectos que talvez sejam o que faça você enxergar o seu trabalho atual como chato e estressante: prazos, entregas, negociações, gestão de conflitos e tantos outros desafios.
A verdade é que muitas pessoas não têm perfil para empreender, mas há outros caminhos para se realizar mais no trabalho. Identifique seus pontos fortes e em quais setores ou empresas eles seriam realmente valorizados e trace um plano para chegar lá. E o mais importante, continue a investir o tempo livre na sua paixão, pois, o trabalho é apenas um aspecto da sua vida.
A autora atua na área de RH do Marins Bertoldi Advogados Associados.
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