No mundo do trabalho, quando não temos acesso a dados referentes às questões que nos afetam, como crises financeiras enfrentadas pelas organizações, possível redução de pessoal, fusões e aquisições e outras que potencialmente causam ansiedade, uma conversa a portas fechadas, reuniões prolongadas, fragmentos de diálogos ouvidos por acaso ou qualquer comportamento pouco usual, podem iniciar um encadeamento de inferências coletivas que desgastam emocionalmente as equipes e tiram o foco do que realmente é importante: o trabalho em si.
A argumentação está baseada em raciocínios lógicos, corretos ou não. A partir dos dados que temos, fazemos inferências que nos são úteis para que possamos tomar as inúmeras decisões do dia a dia. Se vejo nuvens negras no céu, concluo que pode chover, pois já observei esse fenômeno anteriormente. Levo, então, meu guarda-chuva. Logo, inferir significa chegar a alguma conclusão através de determinados dados.
Nem sempre inferimos de acordo com a realidade. Uma inferência incorreta é uma falácia, um viés do raciocínio humano bastante estudado pela psicologia cognitiva, a qual busca investigar os processos mentais que influenciam o comportamento. O termo falácia tem origem no latim fallere, cujo significado é iludir, trapacear, enganar. Falácias são argumentos cuja lógica não tem fundamento válido ou consistente e apesar de aparentemente verdadeiros, mostram-se falsos se testados.
Somos diariamente enganados por argumentos próprios ou alheios bastante persuasivos, carregados de conteúdo emocional e que muitas vezes são inconscientes, isto é, não são intencionalmente produzidos para enganar, não são voluntários. A essas falácias os filósofos denominam paralogismos. Quanto mais complexa a situação e menos dados estão disponíveis, mais falsas inferências podem ser produzidas. Por este motivo, sempre que possível, qualquer decisão que afete um grupo profissional deve ser comunicada o mais breve e o mais próximo possível da realidade. Inferências descartadas e com a ansiedade sob controle é possível voltar à rotina. Com essa política a organização ganha credibilidade, confiança e consequentemente produtividade.
A autora atua na área de RH do Marins Bertoldi advogados associados.
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