Como profissional de RH já organizei ou ajudei a organizar muitas festas de final de ano nas organizações onde prestei serviço. Em algumas somente palpitei, mas o fato é que sempre estive envolvida com elas. Todos os anos algum colaborador me pergunta: é obrigatório ir? Devolvo com outra pergunta: por que não ir? É claro que ninguém é obrigado a ir a uma festa, se não fizer parte da organização dela, é claro. Há pessoas que não gostam de comemorações e é preciso respeitar, mas incentivo os colaboradores a comparecer às festas corporativas porque eles podem se surpreender com os benefícios de interagir com seus colegas de trabalho fora do ambiente formal da empresa. Nas festas procuramos falar de amenidades, nunca de trabalho, essa é a regra, e aí você começa a perceber o quanto tem em comum com pessoas que julga serem muito diferentes de você. Fala-se de futebol, de filhos, das dificuldades em equilibrar trabalho e vida doméstica, da cidade natal, de filmes e livros. Trocam-se dicas sobre culinária, lojas descoladas, bons médicos e as doceiras do bairro. Começa um processo de interação que pode se transformar num vínculo mais sólido. A partir daí, nas situações profissionais você perceberá que, com estes colegas com quem travou uma boa conversa, a comunicação flui mais fácil, às vezes basta um olhar para compreendermos o que eles estão sentindo. Poderá perceber também, que a cara sisuda às vezes é apenas timidez, entenderá os motivos de determinada pessoa não comparecer aos happy-hours da empresa. Enfim, o conhecimento das peculiaridades de cada um lhe propicia maior compreensão e consequentemente as relações no trabalho melhoram.
Se você é gestor, é hora de, através de conversas amenas, fazer conexões com os liderados que a agilidade do dia-a-dia pode dificultar. Saber mais sobre suas atividades de lazer, sua história, suas preferências culturais, sua constituição familiar. A festa de final de ano é a oportunidade para buscar maior proximidade com os liderados que ficam alocados em outra unidade ou filial, conversar com suas esposas e maridos, de estabelecer uma relação que vai além do papel de gestor. É hora também de mostrar um pouco mais de si, para se fazer compreender pelos que fazem parte de sua equipe.
Embora as empresas busquem proporcionar momentos de descontração nas festas de final de ano, ainda assim trata-se de um evento profissional. Portanto, sua imagem na empresa será afetada pela sua postura em cada etapa da festa. Abaixo algumas sugestões de como proceder para demonstrar respeito pela organização da festa:
Antes do evento
Ao receber o convite, caso algo não lhe agrade, evite comentar com os colegas, seja qual for o motivo, estilo da festa, distância, horário, tipo de comida, número de acompanhantes permitidos, etc. É deselegante criticar o anfitrião e muitas vezes está sendo oferecido o que o orçamento da festa possibilita.
Consulte a agenda e seu acompanhante e confirme a presença assim que possível. Não espere o organizador da festa incentivá-lo a confirmar ou questionar se você vai ou não. Ele precisa do número de participantes para uma série de decisões: número de mesas, cadeiras, garçons, quantidade de refeições a serem pagas antecipadamente, número de brindes, questões relativas ao transporte como locação de ônibus ou vans, etc.
Não confirme número maior de pessoas que o estipulado pela empresa. As regras da festa são definidas por quem a oferece e desrespeitá-las é deselegante, arranha a sua imagem. Evite um possível momento constrangedor no qual a organizador lhe explicará cheio de “dedos” porque foi preciso restringir o número de acompanhantes.
Confirmou o evento e posteriormente soube que não poderá ir? O mais rapidamente possível trate de retirar seu nome da lista a fim de evitar que a empresa tenha despesas em vão.
Durante o evento
Se bebidas alcoólicas forem oferecidas, é claro que se pode tomá-las, mas com moderação. Isso vale para quem está habituado a beber e para quem raramente bebe. O primeiro não deve esquecer que, ao contrário da festa particular, na qual seus amigos partilham dos mesmos valores que você e passar da conta na bebida pode dar certo status no grupo, na festa corporativa, onde pessoas diferentes estão convivendo, um porre pode ser devastador para sua imagem. Os membros do segundo grupo, o dos iniciantes na bebida, não devem escolher a festa da empresa como o dia em que tomarão o primeiro pileque patrocinado. Sua reação a bebida ainda é desconhecida e sabe-se lá por qual vexame você pode se tornar conhecido na empresa.
Roupa de acordo com a ocasião é a regra. Se o evento é de noite, não escolha o modelo mais justo que tem no armário pra tentar conquistar um colega na festa da empresa. Se a festa é diurna, por mais informal que seja o estilo, roupa de ginástica é para a academia. Escolha um modelo descontraído, mas discreto e confortável e divirta-se!
Não leve porções de comida, doces ou bebidas para casa. O que é oferecido na festa é para ser consumido lá.
Depois do evento
Se a festa não foi do seu agrado, guarde para si os comentários. Fazer um evento para um número grande de pessoas tem suas restrições e complexidades e provavelmente a empresa se esforçou para agradar o maior número de pessoas possível. Você pode ser mais exigente que a maioria, mas não deve influenciar os colegas com suas críticas.
Antes de postar no Facebook as fotos que você tirou com sues colegas, consulte-os antes, pois, embora as mídias sociais sejam muito legais, elas não são unanimidade. O mais prudente é enviar as fotos aos envolvidos
Divirta-se a valer ao lado dos colegas de trabalho. O dia é para isso! Mas atente para a forma como o faz. Não se pode esquecer que, ao contrário do que acontece numa festa particular, a percepção das pessoas sobre seu comportamento influencia sua imagem profissional e ela é um bem precioso a zelar.