Amazônia é o tema da mais recente investida da esquerda para difamar o Brasil na Europa. A nova temporada da campanha de desinformação sobre o país no exterior é protagonizada por nove ex-ministros do Meio Ambiente dos governos Itamar Franco, FHC, Lula e Dilma.
Em carta, endereçada ao presidente da França, Emmanuel Macron, e às primeiras ministras da Alemanha e Noruega, Ângela Merkel e Erna Solberg, o grupo não trata apenas de floresta, mas também de pandemia, exagerando no relato a ponto de dizer que a Amazônia está sendo devastada e a população, dizimada.
Ao espalhar informações deturpadas, algumas até falsas, sobre o que de fato acontece na região, fingem querer salvar o país. Omitem também informações importantes para fazer tudo parecer bem pior do que é.
Na verdade querem poder. Ou voltar ao poder. Como são ligados a partidos que não conseguiram isso nas urnas fazem de tudo para enfraquecer o grupo adversário, que está agora no comando do país.
A tentativa de atribuir ao atual governo a culpa por todas as mazelas ambientais e de saúde registradas na Amazônia revela não só desonestidade, mas a falta de preocupação com a imagem do Brasil lá fora.
Destruir nossa imagem no exterior destrói também conquistas que o Brasil teve ao longo de anos, décadas até. Conquistas dos brasileiros, não de governos, muito menos de um único governo (como a de sermos hoje um grande exportador de alimentos para o resto do mundo).
Carta a Macron, Merkel e Solberg
A carta, datada da última terça (26), tem um tom alarmista do começo ao fim. Marina Silva, Carlos Minc, José Sarney Filho, Gustavo Krause, Rubens Ricupero e outros quatro, cujos nomes a população sequer lembra, insinuam que a Amazônia está em chamas, sem qualquer controle ou fiscalização, e que os moradores de Manaus, bem como os índios da floresta, estão largados à própria sorte.
É de embrulhar o estômago, mas vale a pena conhecer o conteúdo da carta para entender o nível de sensacionalismo e ver, embutida ali, a intenção de fomentar a intriga, aumentando a animosidade de governos estrangeiros com o Brasil, de forma a enfraquecer o governo brasileiro.
“A Amazônia brasileira está sendo devastada neste momento por dupla calamidade pública, ambiental e de saúde, que necessita da urgente solidariedade e colaboração de países amigos, interessados de forma genuína e desinteressada na solução dos problemas amazônicos.”
Início da carta dos ex-ministros de Meio Ambiente a Macron, Merkel e Solberg
Na sequência o texto diz que em 2020 a região sofreu aumento "sem precedentes" do desmatamento, o que não é verdade. Os dados históricos coletados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) desde 1988 mostram que o desmatamento da Amazônia vem sim crescendo, mas não só no governo Bolsonaro. Acontece desde 2012, quando Dilma ainda era a presidente.
Embora a área de floresta queimada ou derrubada venha aumentando há 8 anos, o gráfico mostra que o total desmatado em 2020 não chega à metade do registrado em 2004 (governo Lula) ou em 1995 (governo Itamar Franco), quando alguns desses ministros que assinam a carta estavam à frente da pasta do Meio Ambiente.
As informações levantadas pelo INPE através de monitoramento por satélite são públicas. Resta saber se Macron, Merkel e Solberg vão consultar. Os ex-ministros, que já foram responsáveis por cuidar da Amazônia e não conseguiram conter as queimadas e desmatamentos, preferiram fingir que este levantamento não existe.
Na carta eles dizem que “incêndios criminosos, em larga escala, durante o período de estiagem, agravaram enormemente os problemas respiratórios causados pela pandemia da Covid-19, contribuindo para a elevada taxa de óbitos na Amazônia”.
Não sei de onde tiraram essa conclusão. Sabe-se que fumaça causa problemas respiratórios, mas relacionar isso a “enorme agravamento da pandemia” e dizer que as queimadas contribuíram para elevar o número de mortes por Covid é um pouco demais.
Sobre a pandemia em si, a carta cita a tragédia de Manaus, mas ressaltando que as populações indígenas estão sendo dizimadas. E ainda romanceia, enaltecendo que os índios são os guardiões da floresta, mas sem mencionar que, inclusive eles, botam fogo em terrenos para plantar.
“Grande parte dessas populações que estão sendo dizimadas pela pandemia são justamente as detentoras de valiosos conhecimentos tradicionais associados aos recursos naturais. Esses grupos são também os principais guardiões da floresta, da qual necessitam para sua própria sobrevivência e cujo modo de vida e valores culturais os levam a conviver harmoniosamente com a biodiversidade”, diz a carta.
Não lembro, na época em que essas pessoas estavam no ministério do Meio Ambiente, que alguém tenha se preocupado em falar para o mundo sobre o valor do conhecimento dos nossos índios.
Também não recordo que algum desses ex-ministros ou os presidentes que os nomearam terem reconhecido que eram impotentes para resolver problemas das tribos da Amazônia nem de terem pedido socorro à Europa.
Mas na parte final da carta eles dizem que conhecem de perto a realidade amazônica e por isso sabem que nem o governo federal nem os governos locais têm condições de socorrer as populações mais frágeis e vulneráveis da região, chegando ao nível da dramaturgia.
“É por esse motivo que nos permitimos dirigir um veemente e emocionado apelo a Vossa Excelência, em favor de imediata ajuda a essas populações, sob a forma de doação de materiais, equipamentos e medicamentos vitais para assegurar a sobrevivência deles, como por exemplo: cilindros de oxigênio, concentrador de oxigênio, usinas de produção de oxigênio medicinal... e remédios usados no tratamento hospitalar da Covid-19.”
Intencionalmente, não há qualquer menção ao fato de que o governo federal já providenciou tudo o que é pedido na carta.
Saúde pública em Manaus
Antes de trazer a lista de tudo o que já foi divulgado pelo Ministério da Saúde sobre o socorro a Manaus e outras cidades da Amazônia é preciso relembrar que a situação da saúde pública no estado é precária há anos, muito antes da pandemia, basta dar uma busca por reportagens sobre colapso dos hospitais do Amazonas antes de 2020.
Não cabe aqui entrar em detalhes sobre a responsabilidade dos governos municipal e estadual, porque há investigações ainda em andamento. Mas é desonesto omitir em qualquer relato sobre a situação da saúde pública na Amazônia que isso virou caso de polícia.
O superfaturamento na compra de respiradores, que foram comprados até em loja de vinho, é investigado há meses pela polícia federal, bem como o desvio de parte das verbas liberadas pelo governo federal justamente para que o estado do Amazonas e a capital, Manaus, se preparassem para a pandemia. Já teve até secretária de saúde presa.
Que a cidade não tinha uma boa estrutura de saúde o Brasil inteiro já sabia, tanto que no ano passado Manaus foi a primeira cidade do país a ter um colapso no sistema de saúde por conta da Covid-19. Isso aconteceu em abril, poucas semanas depois do registro do primeiro caso em São Paulo e do início dos lockdowns pelo país.
Agora em janeiro de 2021, quando médicos denunciaram a falta de leitos e até de oxigênio nos hospitais de Manaus, o Brasil inteiro ficou sabendo não só que a estrutura dos hospitais não tinha melhorado como também que uma nova variante do vírus, muito mais contagiosa, estava em circulação na região amazônica.
Se é mais contagiosa, atinge mais gente e, por isso, leva muito mais pessoas a procurar atendimento ao mesmo tempo, o que sobrecarrega o sistema de saúde. Com o detalhe de que Manaus não tinha adotado o tratamento precoce em larga escala nem fornecia os remédios do protocolo do Ministério da Saúde para pacientes se tratarem logo nos primeiros sintomas.
Como todos sabem com muitos pacientes graves, não foi só leito que faltou. Em determinado dia os médicos disseram que a demanda por oxigênio estava 11 vezes maior. Se o estado e a cidade tivessem mais estrutura e mais gestão de saúde, mesmo numa emergência dessas, teriam suportado o aumento da demanda.
Mas nem o fornecedor de oxigênio suportou, tanto que foi feito o apelo para o governo federal intervir. Agora vamos ao socorro, que já chegou (não precisa vir da Alemanha, da França ou da Noruega).
Ajuda federal à Amazônia
Conforme divulgado pelo Ministério da Saúde, depois de receber o alerta do colapso hospitalar em Manaus foram enviados para lá 600 quilos de medicamentos, mais de meia tonelada. E 70 respiradores, 30 para UTI e 40 para ambulâncias.
Rondônia e Roraima, que são estados vizinhos também dentro da Amazônia legal, receberam outros 120 respiradores e monitores, que também são equipamentos fundamentais para atender doentes graves.
A FAB começou um vai e vem de voos, transferindo pacientes de lá para outros estados e, no sentido inverso, levando oxigênio para Manaus. 235 pacientes graves foram removidos em poucos dias e o estado recebeu 4500 cilindros de oxigênio, distribuídos para várias cidades.
Isso fora as 14 usinas de oxigênio e 142 tanques de oxigênio líquido para serem envasados nas usinas instaladas em Manaus e, assim, garantir reposição aos hospitais. Aliás, em duas semanas o Exército construiu dois hospitais de campanha, que deveriam ter sido erguidos meses atrás com o dinheiro liberado a título emergencial para o estado.
Há ainda um navio-patrulha da Marinha, que saiu de São Paulo e chegou uma semana depois no Pará, reforçando essa ajuda. O navio descarregou um tanque de 54 toneladas oxigênio em Belém, onde o oxigênio foi envasado para seguir de balsa pelos rios da região, até Manaus e, assim, garantir o abastecimento dos hospitais. Esse reforço deve chegar agora nos primeiros dias de fevereiro.
O ministro e a logística
Os críticos do ministro Eduardo Pazuello adoram falar que é um absurdo ter um general à frente do Ministério da Saúde e até debocham do fato de que ele é especialista em logística, como se uma experiência dessas não fosse importante justamente em momentos de caos como o que Manaus está vivendo.
Parece que ninguém se atenta para o fato de que foram as Forças Armadas que, a toque de caixa, partiram para socorrer a população, num imenso esquema e esforço de logística. Que bom que no comando de tudo tinha um general, respeitado nas Forças Armadas e especialista em logística.
Não é qualquer um que organiza, de repente, sem planejamento prévio, um esquema de compra e envio de produtos para uma das regiões mais isoladas do país, conseguindo liberação de pousos e decolagens de aviões, navegabilidade e estadia em portos para navios e balsas, tudo às pressas.
E é bom lembrar que essas viagens todas não eram apenas para levar oxigênio, respiradores e remédios, mas também pessoas, pacientes graves, de um lugar para outro. E que as centenas de militares envolvidos nas operações também precisavam de liderança em logística para garantir hospedagem e alimentação a todos.
Vamos e venhamos, é operação quase de guerra. E nada disso é mencionado nem pelos papagaios de rede social nem pelos ex-ministros do Meio Ambiente, corneteiros do fracasso que posam de salvadores da pátria, choramingando para Macron e Cia. Ltda. que os brasileiros estão abandonados à própria sorte.
Falta maturidade na análise política e nas críticas ao governo, especialmente em momentos tão delicados como este que estamos vivendo.
O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, foi pessoalmente a Manaus assim que soube dos problemas por lá e organizou o que chamou de "plano de contingência para o Amazonas", que incluía a reorganização do atendimento, a abertura de leitos de UTI e o envio de equipamentos, insumos (como oxigênio) e remédios.
Foi duramente criticado, mas continuou no comando de todas essas operações de envio de materiais hospitalares para a Amazônia em parceria com as Forças Armadas. E ainda hoje tem secretário do Ministério da Saúde em Manaus tentando apagar incêndio e amenizar a situação do atendimento à população, que é sempre a maior vítima dessa politicagem rasteira em cima da saúde.
Soberania da Amazônia
Em relação à postura dos ex-ministros do Meio Ambiente, colocando o Brasil de joelhos perante o mundo, como se não tivesse condição de resolver internamente seus problemas e precisasse entregar a soberania que tem sobre a Amazônia para governos estrangeiros, você ainda não viu tudo.
No fim da carta eles ainda se colocam no papel de porta-vozes dos povos da floresta e fazem o pedido para que cada um dos destinatários passe adiante as informações.
“Solicitamos igualmente que V. Exa. possa se fazer intermediária, junto a outros governos de países desenvolvidos, deste urgente pedido de socorro que lhes dirigem os necessitados habitantes das nossas florestas, tão severamente assolados pela pandemia.”
Conclusão: além de espalhar notícias deturpadas e até falsas sobre o Brasil para líderes políticos europeus, pedem que eles disseminem fake news para tentar acabar de vez com a imagem do nosso país lá fora e estimular mais questionamentos sobre quem deve cuidar da Amazônia. Leia a carta na íntegra aqui.
Como eles mesmos gostam de dizer, não passarão. Nós, brasileiros, não vamos permitir interferência externa sobre nossa maior riqueza, que é a floresta amazônica.
Nossos problemas precisam ser resolvidos, a floresta e as pessoas que moram lá precisam ser cuidadas. Mas a gente tem que cobrar dos nossos prefeitos, governadores e, quando for o caso, do governo federal, que cada um cumpra seu papel tanto na defesa do território quanto de tudo que há nele, especialmente as pessoas.
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