Não vamos negar que existe racismo em parte da sociedade ocidental ou dizer que não há policiais racistas. Foi desumano e abjeto o que aconteceu com o segurança americano George Floyd nos EUA, para dizer o mínimo. Daí a falar que todos os policias e todos os brancos são racistas e todos os negros presos ou mortos pela polícia são vítimas inocentes há uma grande distância. E não, eu não estou dizendo que George Floyd tinha culpa de nada. Ele foi vítima, assassinado cruelmente por um policial troglodita.

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Nesses tempos nebulosos, em que ou você adere a movimentos como o #BlackLivesMatter ou é acusado de ser, você também, um racista sem escrúpulos, fica difícil começar qualquer argumentação honesta sobre o tema. Invariavelmente vai aparecer alguém para te tachar do que você não é e te acusar de defender atos que você não defende. E pior, chamando a turba dos revoltados online para acabar com a sua reputação, afinal a sua vida pouco importa, só as black lives importam.

Na semana passada a ex-jogadora de vôlei Ana Paula Henkel, uma de nossas medalhistas olímpicas pela seleção brasileira em Atlanta (1996), que hoje mora nos EUA, trouxe a público em seu Twitter um vídeo que também publiquei aqui na coluna ao falar dos negros que se rebelam contra os protestos violentos.

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No vídeo uma mulher negra questiona uma suposta ativista antirracismo sobre o porquê de ninguém nunca questionar quando negros matam negros, o que é muito comum nas periferias das grandes cidades americanas. E o porquê de gritar #BlackLivesMatter quando todas as vidas importam. E, ainda, o porquê da depredação de lojas e de patrimônio público, se é contra o racismo que estão lutando.

Ana Paula também publicou uma série de informações levantadas pelo Departamento de Justiça dos EUA sobre o baixo percentual de negros na população e o alto índice de criminalidade nas comunidades negras. A thread - sequência de posts com informações correlatas -, também citava o pequeno percentual de negros mortos pela polícia na comparação com brancos, em número bem maior.

Como além de mulher, branca e bem-sucedida, Ana Paula é conservadora, os ditos "progressistas" do Brasil foram rápidos em acusá-la de racista e preconceituosa, usando a mais baixa das táticas: tirando uma única informação de contexto e jogando-a aos leões da internet. Não foi a primeira vez que fizeram isso.

Atacada por defender o esporte feminino da invasão trans

A gangue barulhenta das redes sociais só não atingiu a honra da nossa campeã, porque ela está vacinada. Já passou por isso anos atrás, quando começou a defender o esporte feminino da injusta invasão de atletas trans (homens biológicos que se submeteram à cirurgia de mudança de sexo ou apenas alteraram seu nome para ter uma identidade feminina e, assim, passaram a se inscrever e a ser aceitos em competições que antes eram só para mulheres, deixando-as em clara desvantagem).

Naquela época os adeptos da #LGBTmatter, ou qualquer coisa que o valha, também se uniram para descontextualizar uma fala como "prova" de que a campeã olímpica era transfóbica. Ana Paula processou todo mundo que a injuriou, difamou, caluniou e ameaçou. Ganhou dezenas de milhares de reais em indenizações e deu a volta por cima doando todo o dinheiro que recebeu para entidades assistenciais que vivem no mundo real, e não no do fascismo imaginário dessas cabeças violentas que tentam se fazer parecer pacíficas.

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Ana Paula foi minha entrevistada de hoje na live semanal que faço às segundas-feiras, às 11:30, no Instagram da Gazeta do Povo. Clicando no vídeo no topo da página você ouvirá dela própria o que o Departamento de Justiça americano levantou sobre a situação atual dos negros nos EUA, sobre a luta das mulheres para banir as atletas trans do esporte feminino (assunto da reportagem que publiquei hoje na editoria Vida e Cidadania) e sobre assassinato de reputações, esporte preferido da turma raivosa do "politicamente correto".