Josias Teófilo, cineasta pernambucano conservador, passou os últimos anos empenhado em documentar a história política recente do país, escrita a partir da pressão das massas, via redes sociais e manifestações de rua.
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O cineasta registrou os vários momentos em que milhares ou até milhões de pessoas decidiram, de forma espontânea, deixar o conforto do lar para protestar e exigir mudanças.
Acabou criando um acervo histórico riquíssimo que, permeado por entrevistas, revela como se deu a mais forte transformação política das últimas décadas no Brasil: o surgimento da chamada "nova direita".
Surgimento da "nova direita"
Nesta entrevista, Josias Teófilo conta como traçou a linha cronológica que roteiriza o documentário Nem Tudo Se Desfaz. Ela foi percorrida ao longo de cinco anos por milhões de brasileiros que se pereceberam conservadores.
Com o passar das manifestações, a turma que prega estado mínimo, livre iniciativa, empreendedorismo, meritocracia, além de defender a vida desde a concepção, a família e todas as liberdades individuais, descobriu ser muito diferente daquela que atirava pedras na polícia, queimava símbolos nacionais e gritava por um Estado gigante e paternalista.
A "nova direita", patriota e defensora do respeito a regras e ao patrimônio público, entre outras bandeiras, percebeu-se maioria, ganhou voz, uniu forças e conseguiu eleger um presidente da República diferente de todos os anteriores.
Nem Tudo Se Desfaz
Na visão do cineasta o Brasil viveu quatro movimentos muito claros antes de conseguir romper com o status quo até então vigente na política nacional, em que apenas políticos de esquerda e centro-esquerda revezavam-se no poder.
O primeiro movimento foi o das jornadas de junho de 2013, marcadas pela união de manifestantes sem diferenciação ideológica, todos lutando contra o aumento, na época de 20 centavos, nas passagens de ônibus.
Sem acordo com os governantes, as reivindicações cresceram em número de manifestantes e de pautas. Eram tão diversas que acabaram atraindo até os chamados bolck blocs, jovens mascarados, vestidos de preto, cujo único intuito parecia ser destruir o que encontrassem pela frente apenas para marcar posicição contra tudo e todos.
O documentário mostra como ponto de virada, quando ficou clara a separação entre os dois grupos (direita e esquerda) as primeira manifestações pelo impeachment da então presidente Dilma Rousseff, já a partir da reeleição no fim de 2014.
Neste momento da história das manifestações de rua teria começado a surgir o que Josias Teófilo classifica por "nova direita", em oposição aos esquerdistas, apoiadores da ex-presidente.
Os protestos a favor da Operação Lava Jato e pela prisão do ex-presidente Lula são o terceiro movimento documentado. Por fim, vieram as multidões na rua em apoio ao então candidato a presidente da República, Jair Bolsonaro.
A força da "nova direita" já era clara quando ele sofreu uma tentativa de assassinato durante a campanha de 2018. Nem a internação para uma cirurgia de emergência e a lenta recuperação afetaram a campanha. Bolsonaro acabou eleito.
Entrevista com Josias Teófilo
Nesta conversa por vídeo, Josias Teófilo revela que suas observações partiram do que acontecia nas redes sociais ainda na época do antigo Orkut, quando o filósofo e pensador Olavo de Carvalho começou a dar aulas online, formando uma enorme comunidade de estudo de filosofia política e conservadorismo.
O documentarista também prevê que a "nova direita" cresça ainda mais e conquiste todos os espaços que foram aparelhados pela esquerda nas últimas décadas, do meio cultural aos ambientes educaicionais. As universidades, aliás, devem ser os próximos locais de exibição do filme, antes que seja disponibilizado por streamming.
Assista à entrevista para saber mais sobre Nem Tudo Se Desfaz e outros detalhes sobre os quatro movimentos descritos acima, que norteiam o roteiro de registros históricos e entrevistas dando corpo ao documentário.
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