Doutrinação em sala de aula é um daqueles temas que vêm surgindo no debate público há anos e que, até pouco tempo atrás, ainda era era tido como algo isolado, que não acontecia rotineiramente. Muitos diziam que era “teoria da conspiração”, que isso não existia!
A pandemia e o ensino remoto trouxeram a escola para dentro das nossas casas. Os pais começaram a acompanhar de perto o que é ensinado para os filhos e estão vendo a manipulação ideológica sendo feita de forma escancarada, especialmente no caso dos pré-adolescentes e adolescentes, alunos dos últimos anos do Ensino Fundamental e do Ensino Médio.
Doutrinação em escolas particulares
Entre as muitas denúncias que recebi nos últimos meses, só de escolas de Curitiba, três me marcaram, porque chegaram acompanhadas de vídeo e prints de tela. Os professores estavam flagrantemente induzindo os alunos a formar opiniões erradas sobre diversos assuntos. Erra quem pensa que é só em escola pública. As denúncias que recebi são todas de escolas particulares.
Uma delas mostrava a tela que um professor de história exibiu para explicar as diferenças entre comunismo e capitalismo. O comunismo era mostrado como um sistema sócioeconômico igualitário, em que todos têm as oportunidades iguais e o mesmo estilo de vida. Só não dizia que, em geral, todo mundo passa fome. É igual, portanto, na pobreza.
Já o capitalismo era descrito como o sistema em que as pessoas só pensam em dinheiro, em lucro, e onde há exploração de mão de obra e muitas desigualdades sociais.
A tela induzia o aluno a acreditar que o comunismo, que matou mais de 100 milhões de pessoas no mundo, boa parte delas de fome, é um sistema bom, enquanto o capitalismo, responsável pelo período mais próspero da história da humanidade, é ruim.
Conteúdo de aula de História em escola particular de Curitiba
Na mesma escola, uma das mais caras de Curitiba, um professor de Ciências explicava sobre reciclagem de materiais, quando exibiu um vídeo em que ele próprio era o protagonista.
No vídeo o professor pegava uma camiseta de campanha eleitoral com o rosto do presidente da República, colocava num rodo e começava a limpar o chão dizendo algo como: ‘um lixo desses a gente não precisa jogar fora, pode usar para faxina. Isso é um bom exemplo de reciclagem.’
Professor de Ciências de escola particular de Curitiba, em aula sobre reciclagem
Em outro colégio, um professor de Geografia foi flagrado dizendo que as queimadas na Amazônia, que ‘nunca antes existiram”, estavam fora de controle, porque o atual governo é conservador e os conservadores são os que menos se preocupam com o meio ambiente.
Ele ainda falava em tom desafiador, que duvidava que algum aluno tivesse como provar que conservadores tinham consciência ambiental. É óbvio que a turma toda, formada por meninos e meninas de 12 ou 13 anos, ficou intimidada e se calou.
Ensino remoto acende sinal de alerta para os pais
A pandemia e os decretos de lockdown obrigaram as escolas a implantar o sistema de ensino remoto. Com a casa transformada em escola muitos pais começaram a acompanhar melhor o estudo dos filhos e foram descobrindo o que e como parte dos professores ensina.
As histórias vão se acumulando. Apenas na última semana a Gazeta do Povo recebeu, apurou e publicou duas denúncias de doutrinação ideológica em sala de aula. Uma delas era uma aula sobre nazifascismo, numa escola ligada à universidade católica de Brasília.
A professora afirmou para os alunos que o lema do presidente da República é fascista e chegou ao cúmulo de dizer que se Jesus fosse vivo seria de esquerda, porque os conservadores são intolerantes.
Numa aula de História para o 9º ano do Ensino Fundamental ela assumiu que era de esquerda e feminista e, claramente, tentou passar suas próprias convicções ideológicas para os alunos, nem que para isso fosse necessário alterar a história. A professora afirmou, por exemplo, que o nazismo e o fascismo foram resultado do medo das elites, que não queriam “dividir tudo entre todos”.
“A classe média e a alta classe, eles não vão querer dar tudo o que têm, dar todo o dinheiro que têm, dividir tudo entre todos. Então, se tinha (sic) muito medo do comunismo na época. E é por isso que esses regimes vão ganhar força - o fascismo, na Itália, e o nazismo, na Alemanha.”
Professora de História em aula para o 9º ano do EF de escola particular de Brasília
A professora também repetiu a versão fantasiosa, que a esquerda adora disseminar, de que só esquerdista se preocupa com os outros, só esquerdista tem bom coração, só a esquerda busca direitos e preza pela liberdade, o que, obviamente, é uma grande mentira.
A própria pandemia mostrou, de forma clara, que os apoiadores do presidente da República, apontados como de direita, foram os únicos que ousaram questionar os exageros cometidos por prefeitos e governadores com os decretos de lockdown e toque de recolher e exigir o respeito aos direitos de ir e ver e de trabalhar.
Foi a direita, e não a esquerda, que mostrou apreço pela liberdade e determinação por buscar seus direitos. Foi às ruas com essa bandeira, inclusive, ainda que para isso pudesse ser (e foi) acusada de irresponsabilidade por “promover” aglomeração.
Durante 35 minutos essa professora discorreu uma série de mentiras e ideias deturpadas. Disse que os esquerdistas são perseguidos pela “extrema-direita”, porque lutam pelos direitos, pelo social, pela liberdade, pela igualdade. Ainda que o tema da aula fosse o nazifascismo, a militante feminista de esquerda resolveu fazer comentários a respeito da relação entre religião e política, e afirmou que Jesus Cristo seria de esquerda por apoiar “o social”.
“Se Cristo nascesse hoje e vivesse entre nós, ele com certeza seria de esquerda não de direita, porque o movimento esquerdista luta pelo social, luta pela igualdade, tanto que defende todas as formas de famílias constituídas. E o movimento de direita, o conservadorismo de direita, a família para eles é pai, mãe e filho”.
Professora de História em aula para o 9º ano do EF de escola católica de Brasília
Deturpação de conceitos
Ao longo de sua “aula”, a professora deturpa conceitos de igualdade, conservadorismo e ataca quem valoriza a família. O fato de alguém defender a família tradicional não quer dizer que seja contra a liberdade de as pessoas escolherem seus parceiros e viverem como quiserem.
A direita só não admite a destruição da família que a esquerda costuma pregar, querendo, por exemplo, abolir a palavra mãe do vocabulário, como abordei em artigo recente. Isso para não melindrar uma minoria da minoria LGBT: uma mulher biológica que teve um filho, mas depois resolveu virar homem e por isso não quer mais ser chamada de mãe.
Por causa de alguns poucos homens trans que são mães naturais todas as mães devem ser reduzidas à condição de “genitor que deu à luz”, como pregou recentemente uma ONG esquerdista britânica.
E para não deixar de fazer militância política de forma direta, a professora ainda aproveitou a aula para criticar o presidente Bolsonaro e mentir para os alunos.
“Você já ouviu aquela expressão, Deus acima de todos? Já ouviram? Essa expressão é uma expressão fascista, tá?”
Professora de História em aula para o 9º ano do EF de escola particular de Brasília
A reportagem da Gazeta do Povo tentou ouvir o diretor da escola, mas a resposta foi que a direção "está apurando as informações necessárias para esclarecer as circunstâncias" e que "está em contato direto com todas as partes envolvidas". Com certeza uma parte desses envolvidos quer solução imediata para tamanha doutrinação em sala de aula.
Doutrinação em escola pública
Outro caso relatado pelo jornal esta semana foi o de uma estudante do 2º ano do Ensino Médio de uma escola estadual de Maringá (PR). A aluna foi “silenciada” pelo professor, depois de questionar a politização da aula e as informações falsas que ele trazia.
Em plena aula de História o professor resolveu falar sobre a compra de vacinas de Covid-19, criticando a atuação do governo federal e acusando o presidente Jair Bolsonaro pelas mortes. Despejou aquela sequência de narrativas falando que o governo demorou para comprar vacinas da Pfeizer e por isso morreram 500 mil pessoas e atribuindo ao presidente a culpa pelas mortes.
A aluna reagiu, tentando argumentar, mas o professor acabou desligando o áudio da estudante para que ela não fosse ouvida pelos colegas e ela ainda teve a audácia de dizer que não aceitava “gente que defende genocida”. Toda a ação foi filmada pela aluna, de 16 anos e divulgada pelos pais, indignados com a postura ditatorial do professor militante.
Antes da pandemia, casos como esses ainda eram abafados, porque quem podia denunciar tinha medo e caía numa espiral do silêncio. Funcionava assim: sempre que alguém denunciava um professor militante era acusado de ser contra a autonomia dos professores e virava vítima dos militantes de internet, que costumam se unir para proteger quem é desmascarado e atacar quem fez a denúncia.
Invariavelmente a vítima que se revoltou com a doutrinação vira alvo de uma corrente de ódio, que promove difamação, assassinato de reputação e estimula outros perfis de militantes a infernizar sua vida. Como estamos falando de pré-adolescentes e adolescentes é óbvio que a maioria se intimida e prefere ficar calada para não incitar essa massa raivosa que defende professores militantes.
O ensino remoto, porém, está fazendo os pais entrarem na briga. Todos esses casos revelam como é importante os pais ficarem de olho no conteúdo que os filhos estão estudando e até acessarem as aulas de vez em quando para saber como os professores estão passando aquele conhecimento.
Dependendo da exposição feita durante a aula pode ser imprescindível conversar com os filhos para corrigir conceitos ensinados de forma a criar na cabeça dos jovens uma ideia errada de mundo, invertendo valores e tentando transformar os estudantes em militantes cegos e pouco questionadores.
Todo cuidado é pouco, mas o momento é único. A escola está dentro da nossa casa e somos nós que estamos no comando da educação dos nossos filhos.
Antídoto contra a militância em sala de aula
Para encerrar este artigo de forma mais leve trago uma notícia que também foi publicada pela Gazeta do Povo esta semana. É um exemplo dos EUA que pode servir como inspiração a parlamentares e gestores da educação no Brasil.
Lá a militância em sala de aula também é um problema, que se acentuou muito nos anos de governo Trump e oposição democrata raivosa contra seu governo liberal-conservador. A Flórida, governada por um republicano, decidiu dar um basta ao menos na deturpação de um conteúdo.
Uma medida assinada pelo governador Ron DeSantis torna obrigatório o ensino sobre os riscos de regimes comunistas e totalitários. O tema será abordado em aulas de educação cívica de escolas e colégios públicos estaduais. Nas palavras do próprio governador da Flórida, a intenção é ensinar às crianças que “governos comunistas e totalitários são maus”.
No momento da assinatura da medida, o governador lembrou o caso de Cuba, que é comunista, fica perto da Flórida e para onde refugiados cubanos migram aos milhares. E citou ainda um país asiático, contra o qual os Estados Unidos já guerrearam e de onde também chegam muitos imigrantes.
“Por que alguém fugiria através de águas infestadas de tubarões, saindo de Cuba, para vir para o sul da Flórida? Por que alguém deixaria um lugar como o Vietnã? Por que as pessoas deixariam esses países e arriscariam suas vidas para poder vir aqui? É importante que os alunos entendam isso”.
O governador Ron DeSantis ainda aprovou outra medida que garante a alunos de universidades estaduais o direito de expressar ideias e opiniões divergentes da maioria. Parece óbvio, mas esse direito estava sendo tolhido justamente por causa da doutrinação ideológica de professores.
Segundo o governador, “costumava-se pensar que um campus universitário era um lugar onde você seria exposto a muitas ideias diferentes. Infelizmente agora, esses ambientes são mais intelectualmente repressivos”. Espera-se que com as novas medidas, isso mude e se alastre pelo mundo. Quem será o Ron DeSantis brasieliro?
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