“Manterrupting” e "lugar de fala" são daqueles chavões feministas de causar até preguiça a qualquer um disposto a discutir com honestidade situações vexatórias e discriminatórias contra mulheres.
Depois do que vimos no Senado na última terça (25), porém, temos que dar o braço a torcer às feministas: os clichês descrevem com perfeição o que aconteceu no primeiro depoimento de uma mulher na CPI da Covid, a médica Mayra Pinheiro, secretária de Gestão do Trabalho e de Educação na Saúde do Ministério da Saúde.
Embora esteja acostumada a escrever longos artigos aqui, acompanhando os vídeos que publico, peço que desta vez você leia estes poucos parágrafos e vá direto para a versão em vídeo, clicando no play da imagem que abre esta coluna para acompanhar toda a argumentação com mais clareza ainda.
Ali tem trechos ilustrativos de momentos de prática insistente e desprezível de "manterrupting", esse neologismo criado por uma jornalista inglesa para explicar a mania que alguns homens têm de cortar ininterruptamente a fala de uma mulher para constrangê-la, mostrar força, insinuar que sabem mais do que ela.
Você vai entender por que decidi me render a dois dos mais repugnantes clichês feministas e ao bordão "mexeu com uma mexeu com todas", já que, desta vez, ele foi esquecido pelas feministas.
Enquanto elas optaram pelo silêncio quanto ao machismo dos senadores apenas porque a mulher desrespeitada é de outra corrente ideológica (e muitas ainda saíram debochando da Dra. Mayra na internet, caso da ex-vice-presidenciável Manuela D'Ávila), decidi assumir a defesa dessa médica exemplar, de currículo farto, fala respeitosa e humanidade latente.
Como bônus convido os interessados a conhecê-la melhor assistindo a uma entrevista que fiz com a Dra. Mayra Pinheiro dois meses atrás aqui mesmo neste espaço, quando ela estava de licença médica para tratamento de Covid.
É uma chance única de enteder o que cada remédio usado hoje no tratamento de pacientes com Covid proporciona ao organismo e de ver que quem tem "lugar de fala", de fato, merece respeito, sendo ou não mulher. Mas cavalheirismo é bom, sim. Eu gosto.
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