Cristãos de ocasião ou sul-americanos solidários conforme a conveniência são boas formas de definir os maiores nomes da esquerda brasileira. Quando analisei o silêncio dos esquerdistas daqui a respeito da depredação de igrejas católicas em Santiago, no Chile, não imaginei que alguém, em sã consciência, pudesse achar normal políticos calados diante das atrocidades cometidas pelos esquerdistas radicais chilenos.
Por incrível que pareça, muitos defensores da ideologia de esquerda pensam assim. As redes sociais registram comentários minimizando os ataques a igrejas chilenas e alegando que foram "só" para chamar a atenção para o governo "opressor" de direita, como se o presidente Sebástian Piñera fosse o responsável pela capela San Francisco de Borja e pela paróquia de La Asunción e as chamas o atingissem também.
Quando a gente acha que já viu de tudo, aparece gente defendendo, inclusive, a ideia de que acontecimentos em outros países não dizem respeito a políticos brasileiros, nem mesmo quando ganham a forma de intolerância religiosa, atingindo cristãos do mundo inteiro.
Não é o que pensam liberais e conservadores, que não demoraram a publicar mensagens de repúdio à barbárie, destacando a importância das liberdades individuais, inclusive de crença; do respeito a religiões e a seus templos sagrados, à propriedade e ao patrimônio histórico e artístico.
Quanto aos ditos "progressistas", todos calados. Para ficar bem clara a hipocrisia do silêncio das lideranças brasileiras de esquerda, basta olhar o que faziam e falavam no domingo da depredação no Chile. Uma rápida busca no Twitter revela que todos são, sim, muito interessados pelo que acontece em outros países da América do Sul, desde que isso seja conveniente para suas pretensões políticas.
Entre os maiores expoentes da esquerda brasileira não houve um único que não comentasse as eleições na Bolívia, que ocorreram também no domingo, apenas porque o candidato à frente nas pesquisas era o esquerdista Luís Arce, ex-ministro da Economia de Evo Morales. Quanto ao que acontecia no Chile, silêncio total.
Cristãos de ocasião
Manuela D’Ávila, não costuma frequentar igrejas católicas, a menos que precise dos votos dos fiéis. Quem não lembra da campanha de 2018 em que era candidata a vice-presidente na chapa de Fernando Haddad, foi à missa com ele e ainda comungou, num gesto de desrespeito pelo ritual católico.
Se tivesse algum apreço pela comunhão com Cristo ou pela igreja com o maior número de fiéis no Brasil, teria dado ao menos uma palavra de apoio aos católicos e aos cristãos em geral pela barbárie chilena. Mas no domingo, além de manter-se ocupada com a própria campanha pela prefeitura de Porto Alegre, só teve olhos para a Bolívia.
A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, foi outra que deu as costas aos cristãos (e aos católicos em especial), mantendo-se calada diante da barbárie de Santiago. Mas ela não perdeu a chance de pegar carona na empatia do papa Francisco. Nesta quinta (22) comentou sobre as declarações dele a respeito da união civil de homossexuais.
O oportunismo poderia ter passado despercebido se quatro dias antes ela tivesse se manifestado sobre a depredação de igrejas onde se cultua a mesma fé cristã que agora elogia. Não à toa, logo apareceram comentários como o do internauta que se apresenta como “ex-canhoto”.
América do Sul importa?
Além de dois pesos e duas medidas para apoiar cristãos, Gleisi também foi parcial no olhar para os vizinhos sul-americanos. Ignorou o domingo violento no Chile, mas dedicou atenção plena à Bolívia. Ela estava em La Paz acompanhando de perto a votação, onde o candidato da esquerda, Luís Arce, liderava as pesquisas.
Lula, Ciro Gomes, Guilherme Boulos e Manuela D’Ávila acompanharam as eleições bolivianas do Brasil, mas fizeram questão de felicitar o povo boliviano que, na visão deles, reconquistou liberdades por eleger um presidente de esquerda.
Nenhum deles lembrou de prestar solidariedade aos católicos chilenos sobre os ataques à liberdade religiosa, porque nesse caso pegou muito mal para a esquerda o vandalismo dos manifestantes radicais contra o governo de direita de Sebastián Piñera.
Chile, Bolívia e EUA
O ex-presidente Lula estava ligadíssimo na Bolívia. Chegou a falar por telefone com o candidato Luís Arce, que disputava a presidência. Não publicou nada no dia das eleições, domingo, mas na segunda comemorou o resultado. Quanto ao Chile, nenhuma palavra.
Ciro Gomes (PDT) foi mais um que teve olhos para as eleições em um país onde a esquerda está retomando o poder, mas ignorou o outro, governado pela direita e onde a esquerda promove manifestações violentas, destrói patrimônio público e particular, e queima igrejas.
Para fechar com chave de ouro essa crônica do absurdo, Guilherme Boulos (PSOL) e, de novo ela, Gleisi Hoffmann (PT), que além de ignorar a cristofobia no Chile, exageraram nos comentários sobre as eleições bolivianas.
Boulos chegou a espalhar notícia falsa ao dizer que a Bolívia revertia um "golpe de milicianos" e omitir a informação de que o país estava sob um governo provisório, porque Evo Morales renunciou ao cargo depois ser acusado até pela OEA de promover eleições fraudulentas para se reeleger pela 4ª vez.
Quanto a Gleisi... Bem, deixo para cada um as conclusões sobre o devaneio do tweet reproduzido abaixo. Depois de ignorar a cristofobia dos esquerdistas chilenos, era só o que faltava mesmo achar que a Bolívia é mais importante para as relações comerciais do Brasil do que os Estados Unidos.
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