Manipulação da linguagem é tema do programa Segunda Opinião desta segunda (16). Em foco, o uso exaustivo de adjetivos por grande parte da imprensa, políticos e militantes ideológicos para distorcer a percepção da realidade.
Esta é uma tática antiga de ditadores. Através do uso mal intencionado de determinadas palavras, tiranos induzem pessoas a aceitar o inaceitável.
Adjetivos usados de forma errada e exagerada deturpam contextos ou inflacionam a importãncia de determinados fatos. Nesta lista entram as já cansativas expressões "fake news", "milícias digitais", "gabinete de ódio" e "atos antidemocráticos" e muitas outras.
Vale lembrar que essas mesmas combinações de palavras batizaram os famosos inquéritos abertos de ofício no Supremo Tribunal Federal (STF). Como são expressões que causam repulsa, conseguiram atrair certa condescendência da população para os inquéritos, considerados ilegais e persecutórios pelos mais renomados juristas do país.
Lavagem cerebral coletiva
A lista de palavras com potencial para manipular a opinião pública, inclui três que tiveram seu significado banalizado: "fascista", "nazista" e "genocida".
Não bastasse o desprezo à dor de vítimas reais desses crimes contra a humanidade, usar os termos como meros xingamentos a quem pensa diferente cria um clima de ódio coletivo.
É uma espécie de lavagem cerebral de massas. Todos passam a odiar aqueles classificados como fascistas, nazistas e genocidas, sem sequer pesquisar suas vidas e condutas ou mesmo refletir se faz sentido chamar um opositor de ideias assim.
Da mesma forma, classificar como "terroristas" os vândalos que depredaram prédios públicos em Brasília no dia 8 de janeiro é uma tentativa de agravar o crime para estigmatizar toda uma categoria de pessoas que, eventualmente, tenham tido contato com os baderneiros.
O crime é real, reprovável, precisa ser punido, mas está longe de ser algo comparável aos atentados de 11 de setembro de 2001 nos EUA, aqueles sim, terrorismo de verdade.
Fabiana Barroso explica que a ação de vândalos em Brasília não se enquadra na lei anti-terrorismo. Chamar, portanto, os black blocs de 8 de janeiro de terroristas é pura manipulação da linguagem.
Qual a intenção por trás disso? Seria induzir a opinião pública a achar que todos os manifestantes presos são terroristas? Ou que todos os manifestantes de verde e amarelo são destruidores do patrimônio público?
O foco não seria, também, fazer com que a população aceite calada à violência das prisões arbitrárias e o desrespeito aos direitos humanos?
Manipulação da linguagem "do bem"
A manipulação da linguagem também é usada em sentido inverso, para amenizar a gravidade de fatos de extrema relevância para os quais não se pretende chamar a atenção.
Aconteceu recentemente, quando jornalistas lulistas decidiram chamar de "PEC da transição" a proposta de emenda constitucional que autorizou gastos públicos de quase 200 bilhões de reais acima do previsto no orçamento da União.
É claro que uma palavra neutra, como "transição", não desperta a sociedade para repudiar com veemência a legalização de um "rombo" ou "estouro" no teto de gastos de tamanha magnitude. Manipularam a linguagem com a mesma facilidade com que a equipe de Lula conseguiu votos no Congresso para aprovar a PEC da gastança.
O mesmo aconteceu com o antes tão criticado "orçamento secreto" implantado pelo Legislativo (deputados e senadores) no período em que Bolsonaro era presidente da República. Para tentar atingir a imagem do governo Bolsonaro chamavam de "secreto" o orçamento autorizado legalmente como emendas de relator e publicado em diário oficial.
Bastou o TSE anunciar Lula como presidente eleito e o governo de transição iniciar a negociata (não, negociação) da PEC do rombo com o Congresso, para a imprensa militante descartar o apelido e voltar usar o nome real que tinha sido desprezado.
Assista ao programa para entender a extensão da prática de manipular a linguagem no noticiário ou nas redes sociais. E o quanto isso transforma as pessoas em massa de manobra, para que saiam repetindo as mesmas palavras até a mentira parecer verdade, dando aval para o fortalecimento de tiranias.