Que há brasileiros torcendo para o Brasil dar errado não há dúvidas. Todo mundo conhece alguém que comemora, por exemplo, quando as projeções do PIB caem ou quando o índice de desemprego aumenta (algo que era inevitável acontecer durante a pandemia de coronavírus). É gente que prefere ver o Brasil no buraco só para dizer que o governo é ruim, que os eleitores do presidente Bolsonaro erraram e que certa é a corrente política oposta ou a ideologia contrária.
Antes de mais nada preciso dizer que não estou falando que o governo não mereça críticas, porque merece e muitas. Mas alguns fatos das últimas duas semanas deixam clara a intenção de pessoas que não torcem pela melhora do país ou das condições de vida dos brasileiros. Há leviandade em várias acusações e maldade, em uma série de ações que vêm sendo registradas. O curioso é que os "mascarados" estão, eles próprios, tirando o véu atrás dos quais tentavam se esconder.
Manifestações "pró-democracia"
A primeira máscara que caiu foi a das manifestações de rua e de parte da imprensa na cobertura dessas manifestações. Os black bloc reapareceram em massa em plena pandemia, sendo definidos por inúmeros jornalistas como "defensores da democracia" e enaltecidos, por "se arriscarem em prol da liberdade de expressão", justo quando toda e qualquer manifestação anterior era criticada por promover aglomeração e proliferação do vírus, ainda que as pessoas usassem máscaras para evitar contágio.
Depois que os "pró-democracia" fizeram o que fizeram, ficou evidente quem se preocupa com o coletivo e com a democracia e quem não está nem aí para a saúde dos outros ou mesmo para a democracia, só quer fazer barulho em nome de uma causa imaginária. E ficou claro também que a forma de divulgar as notícias muda conforme os protagonistas dos fatos.
Enfatizo que esses manifestantes agora auto-denominados “antifas”, em vez de caminharem pacificamente demonstrando suas angústias através de cartazes e gritos de guerra, promoveram arruaça, brigas, baderna, depredação e vandalismo. E ainda assim continuaram se dizendo e sendo chamados por muitos de “pró-democracia”, porque estariam combatendo causas nobres como um fascismo que só existe na cabeça deles.
Há muitas diferenças entre manifestação pacífica e violenta, entre quem se preocupa com o Brasil e com os brasileiros, usando máscara de fato, e quem apenas enrola uma camiseta ou um lenço no rosto com o intuito de não ser identificado, porque age como bandido e não como manifestante.
Criminosos virtuais
A segunda máscara que caiu foi a dos verdadeiros fascistas anti-democráticos, que atuam livremente na internet, espalhando mentiras e tentando acabar com a credibilidade e a reputação de quem não compactua das mesmas ideologias ou corrente política. É uma turma que não preza pela liberdade de expressão, pelo debate de ideias, nem pela verdade; enaltece apenas as próprias narrativas e as pessoas que embarcam nelas.
Já escrevi um artigo sobre isso no começo da semana quando entrevistei a ex-jogadora de vôlei Ana Paula Henkel, desonestamente acusada por internautas esquerdistas de ser racista e de ter dito que o racismo é algo natural. Ela nunca disse isso! Basta vasculhar as redes sociais para ver de quais perfis parte tal afirmação estapafúrdia. São os acusadores que falam, não ela. Muitos dos covardes "manifestantes" virtuais sequer revelam seus nomes ou fotos nos perfis, achando que o pseudoanonimato pode livrá-los de punição por injúria, calúnia, difamação ou ameaças, mas suas publicações são prova dos crimes.
Cito esse caso específico para mostrar outra máscara que os auto-denominados antifas, travestidos de antirracistas na internet, tiraram de seu próprio rosto. A quem eventualmente não esteja a par do assunto sugiro que acesse meu artigo publicado na segunda (8) e clique na entrevista em vídeo que fiz com a nossa medalhista olímpica.
Só para contextualizar... a ex-jogadora, que hoje mora nos EUA, tentou jogar luz sobre o debate contra o suposto racismo dos policiais americanos depois do episódio da morte do segurança negro George Floyd. Numa série de posts no Twitter ela trouxe a público um relatório do Departamento de Justiça dos EUA com vários dados sobre a comunidade negra, seu envolvimento em crimes, a comparação de quantos negros e quantos brancos desarmados foram mortos pela polícia no ano passado (o número de brancos é bem menor) e de quantos policias foram mortos por bandidos armados (o número de negros que atiraram na polícia é bem maior que o de brancos).
O que aconteceu? Copiaram um pequeno trecho desse relatório estatístico que ela revelou e republicaram dizendo que a ex-jogadora afirmou que racismo era algo natural. Promoveram um linchamento virtual contra ela que diz muito mais sobre os supostos antirracistas do que sobre a Ana Paula.
CPMI das Fake News e sua principal informante
Outra máscara que caiu foi a da maior informante da CPMI das Fake News, deputada Joice Hasselmann (PSL-SP), que se elegeu na onda Bolsonaro, foi apoiadora e líder do governo no Congresso por um tempo e que, quando perdeu a liderança e o prestígio, virou inimiga mortal do presidente e do governo.
Primeiro vazou aquele áudio em que ela pedia para uma funcionária criar perfis falsos para “entrar de sola”, nas palavras dela, em cima de quem a criticava nas redes sociais. Depois dois ex-assessores revelaram tudo o que faziam no gabinete, segundo eles, a mando da deputada: edição de vídeos para deturpar o que os adversários falavam, memes ridicularizando quem não concordava com ela e notícias falsas sobre os opositores. A deputada diz que a denúncia é falsa e que áudios e mensagens são montagem.
Ainda não sabemos para onde a CPMI vai caminhar, mas outro fato uniu-se a esses, colocando em xeque a própria investigação que vinha sendo feita no Congresso Nacional. Dá para dizer que caiu também uma máscara da própria CPMI das Fake News, e não porque a Comissão estava embasada principalmente no depoimento da deputada Joice Hasselmann, que agora, está bem claro, precisa ser questionado.
Na última semana a Comissão Parlamentar de Inquérito produziu um relatório em que listou a Gazeta do Povo, um jornal com mais de 100 anos de história, detentor dos maiores prêmios nacionais e internacionais de Jornalismo e de incontestável credibilidade, como um dos “sites” produtores de notícias falsas. Acionada pelo departamento jurídico do jornal a própria relatora da CPMI, deputada Lídice da Mata (PSB-BA), disse que a Gazeta do Povo entrou para lista depois que seis agências de checagem identificaram notícias falsas nas publicações do jornal em determinado período de 2019. A Gazeta procurou os responsáveis pelas seis agências de checagem e todas elas disseram que sequer foram procuradas pelos deputados da CPMI para comentar sobre o trabalho da Gazeta do Povo.
Depois disso a CPMI acabou se retratando, reconhecendo que foi um erro incluir a Gazeta do Povo na lista e ainda se viu obrigada a anunciar que vai mudar os critérios de avaliação dos veículos, porque percebeu falhas. Ficou bem feio para CPMI, mas o erro grosseiro teve um lado positivo: mostrar para a sociedade como as “investigações” desse caso vêm sendo feitas no Congresso e, mais do que isso, o perigo que é deixar o Legislativo decidir o que é notícia falsa.
Para quem não lembra há um projeto de lei (PL 1429/2020) sendo discutido pelos parlamentares, já apelidado de lei da mordaça, que pretende definir sobre "liberdade, responsabilidade e transparência na internet". Isso sim é anti-democrático: tolher a liberdade de expressão e de imprensa a título de se combater fake news que nem mesmo eles, os legisladores, conseguem identificar o que são ou quem as produz.
Hidroxicloroquina
Por fim, não há como não falar da máscara que tiraram dos inimigos da hidroxicloroquina. Depois que alguns dos cientistas que mais ganharam notoriedade na discussão contra o remédio, aqueles do estudo da Lancet, retiraram seu nome da pesquisa; depois que a própria pesquisa foi “despublicada” e a OMS voltou atrás (mais uma vez), assumindo que novos estudos sobre a eficácia do medicamento serão feitos, perderam força as argumentações contra a hidroxicloroquina.
Não à toa agora estão calados também os que se opunham ao protocolo do Ministério da Saúde brasileiro, que assim como tantos outros países, indica o uso do medicamento em combinação com a azitromicina logo no início dos sintomas como forma de evitar o avanço da doença, as internações e aumento no número de mortes.
Para encerrar trago um tweet do colega jornalista Luís Ernesto Lacombe, com quem já trabalhei e que respeito muito, hoje apresentador do programa Aqui na Band. O pequeno texto foi publicado no último domingo (7), dia nacional da liberdade de imprensa.
Como discordar? Ao que ele disse ainda complemento: as máscaras estão caindo.
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