Nos últimos dias eu me peguei várias vezes pensando no dilema das professoras diante de uma criança malcriada. Eu não mandaria ajoelhar no milho, porque mesmo que estivéssemos no século XIX, as minhas convicções me impediriam de aplicar qualquer punição física a quem quer que fosse. Mas bem que um tal de Jair e um tal de Sérgio mereciam ser mandados cada um para um canto pra pensar no que fizeram e, quem sabe, copiar várias vezes algumas frases sobre bons modos.

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Juro que depois daquela coletiva e daquele pronunciamento, e especialmente depois daqueles tweets e daquele Jornal Nacional me deu vontade de gritar uma ordem:

Jair Messias Bolsonaro e Sérgio Fernando Moro: já pro canto do castigo, pensar no que fizeram.

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Falatório nas redes sociais

Da parte do presidente Jair Bolsonaro não chegou a surpreender o falatório nas redes sociais, porque a gente sabe que ele sempre fez usou essa ferramenta para falar diretamente com a população e dar a sua versão dos fatos. Mas foi feio, aliás, está sendo feio ver um presidente da República em atitude quase colegial, num "diz-que-me-disse" sem fim para tentar desmerecer seu ex-ministro e desviar o foco das denúncias feitas por Moro contra ele.

Já em relação a Sérgio Moro eu mantenho o que disse na minha última coluna. Acho que ele sai ainda mais forte do governo, porque, pelas razões que apresentou, manteve a coerência de profissional correto, que não abre mão dos seus valores e das suas convicções. Mas também foi feio o aviso de demissão através de entrevista coletiva e o que aconteceu depois.

Nem o mais ferrenho opositor, que dirá os apoiadores do ex-juiz e agora ex-ministro da Justiça, poderiam imaginar que ele saísse do governo vazando conversas particulares para a televisão e batendo boca com o ex-chefe através do Twitter.

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Imagino que a imensa maioria dos brasileiros que acompanham política deva, como eu, ter passado o fim de semana e os primeiros dias úteis desta semana, estarrecida diante das publicações de um acusando o outro ou se justificando de algo que o outro falou. Não é só triste, é lastimável.

Investigações

As denúncias feitas por Sérgio Moro contra Bolsonaro são graves e precisam ser esclarecidas de forma séria, madura, através das instituições. Mesmo que o divórcio, digamos assim, entre o presidente e o agora ex-ministro tenha sido litigioso, não é lavando roupa suja em público que um ou outro vai conseguir melhorar a própria imagem ou transformar a sua verdade em verdade de fato.

Isso é tarefa para a procuradoria da República; o Congresso, que também é responsável por fiscalizar o Executivo e, conforme caminharem as investigações, para o Supremo Tribunal Federal. As instituições já foram provocadas, os processos de análise dos fatos estão em andamento e nos próximos dias ou semanas saberemos mais detalhes do que está sendo apurado.

Além de esperar por esses resultados nós, que como eleitores também somos fiscais dos nossos representantes, podemos e devemos pressionar os governantes para que sigam pensando no Brasil e não em seus próprios interesses e carreiras políticas. E nos resta também torcer para que Jair e Sérgio se comportem nas redes sociais e nos poupem de mais desgosto.

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