O Conselho Federal de Medicina brasileiro (CFM) é a maior instituição reguladora de Medicina do mundo, por uma razão muito simples. O Brasil é um país imenso, tem uma das maiores populações do planeta, mais de meio milhão de médicos e, aqui, ao contrário de outros países, absolutamente todos os médicos são vinculados ao CFM, porque precisam da inscrição no órgão para poder trabalhar.

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Diante disso o que explica uma CPI que se propunha a investigar assuntos ligados a uma doença não ter tido o menor interesse em ouvir representantes do CFM? O que explica o relator Renan Calheiros ter apontado a entidade como criminosa em seu relatório final e pedido o indiciamento do presidente do órgão sem sequer ter ouvido o que ele tinha a dizer?

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A resposta, todos sabemos. Mas foi resumida em numa única frase pelo presidente do CFM nesta entrevista em vídeo. "Foi uma CPI política", disse com muita propriedade o cirurgião geral Mauro Ribeiro, que viu o Conselho e os médicos brasileiros serem covardemente atacados por parte dos senadores da CPI e pela própria imprensa.

Entrevista com o presidente do CFM

Minha conversa com o presidente do CFM não foi longa, porque é apertada a agenda de alguém que está à frente da maior autoridade em Medicina no país, ainda mais em plena pandemia. Há semanas vinha tentando abrir espaço para que o Dr. Mauro Ribeiro falasse o que os senadores da CPI não permitiram que fosse dito.

Aqui ele explica o que é o CFM e por que este é o único órgão que fala em nome da Medicina brasileira, o único incumbido por lei de dizer o que é experimental e o que não é experimental no tratamento de doenças no Brasil.

Em relação a tratamento de Covid, uma doença nova, pandêmica, em que era preciso testar tudo o que estivesse ao alcançe para tentar salvar vidas (desde que isso não fizesse mal ao paciente, como prega a boa Medicina), a posição do CFM sempre foi pela autonomia médica.

Segue um trecho da conversa que tivemos, apenas para que você se interesse em assistir à entrevista inteira. Mauro Ribeiro revela a importância do Conselho e o tamanho da irresponsabilidade cometida por Renan Calheiros e pelos senadores da CPI que aprovaram o relatório escrito por ele, tentando tirar a autonomia dos médicos e criminalizar o CFM.

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"O Congresso Nacional delegou à nossa instituição estabelecer os critérios de morte encefálica. Nós determinamos o que é morte encefálica no Brasil. Essa responsabilidade é gigantesca. Nós temos a responsabilidade de dizer quando um brasileiro morre; quando o cérebro dele para."

Mauro Ribeiro, presidente do CFM

"As nossas resoluções sobre emergências, as nossas resoluções sobre reprodução assistida praticamente têm força de lei, porque são elas que regulam essa matéria no Brasil. "

"Querer reduzir a grandeza, a imensidão do Conselho Federal de Medicina a um parecer que equilibra essa discussão em relação ao tratamento na fase inicial da doença Covid e tentar nos desqualificar como se nós tivéssemos aqui 55 conselheiros a serviço do governo brasileiro, não!"

Mauro Ribeiro, presidente do CFM

"Isso é uma covardia muito grande por parte da imprensa que quer nos calar. A imprensa quer nos calar. Nós estamos passando por um momento no Brasil que é muito estranho pra mim. Eu tenho 62 anos de idade. Pra mim é muito estranho o que está acontecendo. Nós não podemos mais discutir certos assuntos, inclusive na Medicina!"

Para assistir à íntegra da entrevista clique no play da imagem no topo da página.

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Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]