É da natureza humana dar mais atenção às tragédias, por isso há tanto destaque nas manchetes para as estatísticas diárias de mortes e novas confirmações de Covid-19 desde o início da pandemia. Mas semanas após os primeiros casos confirmados, os próprios boletins do Ministério da Saúde passaram a incluir informações sobre pessoas que se recuperaram da doença e esse número começou a aparecer também nos jornais. No Brasil são dezenas de milhares!
Ainda que ofuscados pelos outros números, o de doentes e mortos, esse exército vencedor inclui muitos heróis. É gente que sobreviveu a longas internações em unidades de terapia intensiva, a tratamentos invasivos como a traqueostomia, que chegou a ficar muitos dias inconsciente lutando contra um inimigo ainda desconhecido - que em alguns organismos, sabe-se lá por que, age de forma rápida e devastadora, e contra o qual há poucas armas, todas em fase de teste. E ainda assim, venceu.
Algumas dessas histórias têm sido compartilhadas nas redes sociais não apenas pela vitória do combatente, mas pela alegria da torcida. No fim de abril Curitiba compartilhou à exaustão a felicidade dos médicos do hospital Marcelino Champagnat que atenderam o primeiro colega infectado pela doença e também o primeiro paciente grave na capital paranaense.
Dr. Jamal Bark – médico da Unidade de Pronto Atendimento num dos bairros mais populosos da cidade (UPA Boqueirão) e também em uma unidade de saúde de Rio Branco do Sul, na região metropolitana de Curitiba – sentiu-se mal dias após ter tido contato com uma colega que esteve em São Paulo.
Foi internado com dificuldades para respirar em 19 de março, ficou 40 dias hospitalizado, a maior parte deles em UTI, ligado a aparelhos. Precisou ser submetido à traqueostomia, recuperou-se e virou símbolo de esperança para os demais pacientes graves e para as equipes de saúde.
A euforia desses profissionais é tão emocionante quanto a própria recuperação do Dr. Jamal, como mostra o vídeo gravado no momento em que era transferido da UTI para um quarto do hospital no fim de abril, enviado para amigos e que acabou chegando à imprensa.
Também no fim de abril, em outro hospital de Curitiba, o do Trabalhador, o taxista Márcio Antônio Alves, de 49 anos, deixou a UTI sob aplausos de médicos, enfermeiros e da filha, que foi às lágrimas ao reencontrar o pai. Márcio ficou internado 36 dia. Você pode conferir como foi a festa aqui.
Há celebrações emocionantes sendo registradas em hospitais de todo o Brasil. Destaco só mais uma, pela beleza do momento. O marido, jovem, foi sozinho buscar a esposa no momento em que ela recebeu alta da UTI, mas encheu o corredor do hospital com música. De acordeon em punho, tocou por vários minutos antes de entoar um cântico religioso e ver a mulher que venceu o vírus reencontrar a alegria.
Vou ficar devendo o crédito ao casal, porque como este vídeo viralizou no WhatsApp não consegui apurar quem é a paciente ou o marido músico, nem onde moram. Caso alguém conheça peço que deixe a informação nos comentários. Não queria deixar de trazer o registro de um momento tão inspirador também para as páginas do jornal.
O perigo da doença existe, o percentual de casos que se agravam não é desprezível e, infelizmente, há milhares de pessoas que não resistem ao vírus. Nada disso pode ser minimizado. Mas precisamos ter em mente que a letalidade da Covid-19 é baixa (olhe sempre para o número de mortes por milhão de habitantes) e que há um número gigantesco de pessoas que se recuperam da doença todos os dias. Muitos dos que estiveram em estado grave também se recuperaram.
Olhar para essas histórias há de nos manter longe do pânico enquanto não houver vacina contra o coronavírus. Até porque, dizem, o medo derruba a capacidade de reação do nosso sistema imunológico, enquanto a alegria e a esperança são armas poderosas para nos manter ao menos com a mente sã.
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