Rogério Marinho, ex-ministro do Desenvolvimento Regional, teve papel importante na guinada estrutural do país nos últimos anos. Além do envolvimento direto na aprovação da reforma da Previdência, esteve à frente da aprovações de marcos legais importantes, como o do saneamento básico.
Isso sem falar da finalização das obras de transposição do Rio São Francisco, colocando fim a uma espera de mais de uma década e fazendo a água finalmente chegar ao Nordeste, depois de muitas promessas vazias nos governos Lula e Dilma.
Eleito senador pelo partido do presidente Bolsonaro (PL-RN), em outubro, Rogério Marinho pode entrar para a história política recente por outra proeza: a de desbancar Rodrigo Pacheco (PSD-MG) da presidência do Senado e restabelecer a ordem democrática no Congresso Nacional.
O senador é o primeiro a apresentar oposição aberta à candidatura à reeleição de Rodrigo Pacheco. Representa mais do que uma alternativa ao nome do senador mineiro, que fez oposição aberta ao presidente Bolsonaro e não demorou a revelar-se aliado de Lula.
Quem olha de fora, vê na candidatura do ex-ministro a chance de o Congresso Nacional deixar para trás o período de extrema omissão em que se afundou nos anos em que foi comandado por Davi Alcolumbre e Rodrigo Pacheco.
Marinho representa a esperança de o país voltar a ver o Legislativo cumprindo seu papel de legislar e fiscalizar os atos do Executivo e da alta cúpula do Judiciário, em vez de ajoelhar-se para outros poderes em troca sabe-se lá do que.
Rogério Marinho promete respeito à Constituição
"Tentarei ser um presidente que vai prezar, que vai zelar, que vai defender a Constituição brasileira, que hoje, na minha opinião, está sob risco", disse Rogério Marinho na conversa de 15 minutos gravada por vídeochamada entre um compromisso e outro, nesta quarta (21).
O senador garante que vai lutar para garantir a retomada da ordem democrática, que vem sendo destruída desde 2019, quando o Supremo Tribunal Federal (STF) abriu, de ofício, os inquéritos das "fake news" e das "milícias digitais", depois transformado em inquérito dos "atos antidemocráticos".
A lista do que salvar, resgatar, restabelecer, defender e valorizar tem mais ítens, todos brutalmente atacados nos últimos anos por ministros do STF, em claro desrespeito à Constituição.
"A nossa democracia, a nossa liberdade de expressão e sobretudo o que eu considero a âncora que permite que o parlamento, de fato, expresse a sua opinião, que é a inviolabilidade do mandato sobre quaisquer atos, opiniões, etc, etc, etc."
Impeachment de ministros do STF
"Tudo aquilo que está na Constituição vai ser respeitado. O ato mais extremo é o impeachment. É a última instância. É evidente que não será uma ação que nós vamos buscar de imediato. Eu acho que tem de haver a transigência, a negociação, o diálogo", disse Marinho, quando perguntado sobre como receberá pedidos de impeachment de ministros do STF caso seja eleito presidente do Senado.
"Em última instância o impeachment poderá, sim, ser instalado, desde que haja condições legais e objetivas para isso acontecer."
Rogério Marinho, candidato a presidente do Senado, sobre pedidos de impeachment de ministros do STF
"Nós vamos tentar, sobretudo, restaurar a normalidade democrática. Essa é a nossa intenção, essa é a nossa função enquanto parlamentar e de alguém que preza, defende, acredita, de fato, que a democracia é exercida, principalmente, com o contraditório."
Defender o contraditório, nas palavras do ministro, é entender que a democracia é feita de pessoas, que podem e devem ter visões diferentes a respeito de determinados temas. "A gente tem que respeitar essas visões e permitir que elas sejam expressadas livremente", diz o senador eleito, em clara crítica a quem defende censura.
Outra promessa pró-democracia é: "Não sentarei em cima dos projetos, eles vão tramitar. E quem tiver maioria vai fazer com que a maioria seja estabelecida democraticamente."
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