Imagem da floresta amazônica em vídeo produzido pelo Ministério da Agricultura| Foto: Reprodução
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Não, eu não vou falar do malabarismo retórico do YouTuber Felipe Neto em sua tentativa de impor aos leitores do New York Times sua visão distorcida do Brasil. Por mais deplorável que isso tenha sido, foi apenas o episódio mais recente de uma campanha difamatória contra o país no exterior, que começa a ser combatida.

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Antes de falar sobre como o governo iniciou o contra-ataque, é preciso lembrar que outros brasileiros protagonizaram capítulos dessa repugnante tentativa de denegrir o país para os estrangeiros. De Petra Costa na televisão americana a Dilma, em Paris. Sem esquecer de Lula - o condenado solto -, em suas andanças pela Europa em plena pandemia. Todos foram flagrados falando mal do Brasil para os gringos, em descrições no mínimo parciais e quase sempre mentirosas dos fatos.

Aliás, abro um parênteses importante aqui: seria genocida alguém que viajou por vários países onde o vírus já circulava, participando de aglomerações sem máscara e depois voltando para cá para se aglomerar com mais gente amiga?

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Mas, retomando o assunto... Felipe Neto, Petra Costa, Dilma, Lula (e outros tantos "companheiros" que adoram viajar para o exterior com dinheiro público para falar do fascismo imaginário de um país "em chamas") são apenas parte da tentativa de denegrir o Brasil. Estes têm objetivos meramente políticos.

Há também os Macrons da vida, com interesses comerciais escusos. Fingindo se preocupar com o meio ambiente no Brasil, quem não recorda que o presidente da França espalhou fake news em forma de fotos antigas de queimadas na Amazônia para insinuar que estávamos desmatando tudo para plantar e criar gado. A intenção era clara.

Aos compradores dos nossos produtos ficou aquela pulga atrás da orelha. Será que devo comprar mercadorias de um país que não está preocupado em preservar a maior floresta do planeta? Melhor buscar outro fornecedor. Espalharam que havia até girafas ameaçadas na Amazônia, lembram? Em política externa concorrência equivale a guerra.

E há a imprensa. Sim, a imprensa nacional também é inimiga da nossa boa reputação lá fora. Quando divulga, por exemplo, números imprecisos sobre "pontos de calor" nas florestas (identificados por satélite) como se fossem queimadas; ou quando omite a informação de que 90% dos incêndios na região amazônica são fora da área da Amazônia legal, de vegetação protegida por lei, passa para a mídia estrangeira uma noção errada do que ocorre de fato.

Como fogo, a informação imprecisa espalha-se rapidamente, para muito além das nossas fronteiras. É republicada por jornais estrangeiros sem maiores apurações e ainda sofre um efeito bumerangue, já que, depois, o que se publica lá fora repercute aqui. O negócio vira uma bola de neve, porque a imprensa nacional costuma dar destaque às notícias sobre o Brasil publicadas por jornais de outros países.

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Quem apontou esse ciclo vicioso da divulgação de informações distorcidas e imprecisas foi o presidente Jair Bolsonaro na abertura de sua live semanal nesta quinta-feira (16), ao relatar que o agronegócio está sendo prejudicado com isso.

“Nós somos o tempo todo acusados, injustamente, de maltratar o meio ambiente no Brasil. Parte da imprensa publica mentiras a respeito disso, a imprensa de fora vê e retransmite, em especial na Europa. E lá a questão ambiental é tida como uma seita. Daí publicam matéria lá criticando o Brasil e essa mesma imprensa [do Brasil] que publicou mentiras, fraudou números, republica aquilo de fora pra criticar o governo”, disse Bolsonaro.

“E deixo bem claro aqui, de novo. 90% desses focos de calor são em áreas já desmatadas. Não é novo incêndio, não. 5% são em terras indígenas. É o índio que faz isso aí."

Jair Bolsonaro, presidente da República, sobre queimadas na Amazônia

“Essa guerra de informação não é fácil”, reforçou o presidente. “Nós temos problemas. Por que? O Brasil é uma potência no agronegócio, a Europa é uma seita ambiental. Eles não preservaram praticamente nada do seu meio ambiente, quase não se ouve falar em reflorestamento na região. E o tempo todo atiram em cima de nós e de forma injusta, porque é uma briga comercial também.”

Por fim Bolsonaro parece ter mandado um recado a membros do próprio governo. “O que que falta pro governo, pra todos nós? É responsabilidade pra tratar desse assunto, caso contrário o Brasil vai continuar sendo o tempo todo massacrado, prejudicado, naquilo que tá dando certo aqui que é o agronegócio, que é a locomotiva da nossa economia”.

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The Real Brazilian Agribusiness

Se era ação que o presidente esperava, quem mostrou foi a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, comandante do ministério que produziu um vídeo para iniciar o contra-ataque, especialmente na Europa. In English, em áudio e legenda, para gringo entender tudinho!

Nesta mesma semana em que o presidente destacou em live que a campanha difamatória contra o Brasil estava prejudicando o agronegócio brasileiro, começou a circular na internet o vídeo que o Ministério da Agricultura preparou para a ofensiva contra as recorrentes fake news sobre o país.

"Você deve ter ouvido falar sobre o Brasil e sobre o fato de o país ser um grande produtor de alimentos", diz o locutor de voz imponente. "Mas você realmente sabe como funciona a produção agrícola brasileira?" O áudio acompanha uma sequência de imagens aéreas que intercalam a deslumbrante paisagem da Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro, com tratores e colheitadeiras em terras a perder de vista.

"Vamos começar do começo", segue a narração em off sobre imagens de satélite, localizando o Brasil em seu berço esplêndido, ocupando grande parte da América do Sul. "O quinto maior país do mundo, lar de imensa biodiversidade e rico em recursos naturais". E dá-lhe imagens de praias, da mata atlântica, florestas e mais florestas.

Quando começam a aparecer cenas de campos semeados, plantações, caminhões percorrendo as estradas, vem uma informação que nem mesmo a maior parte dos brasileiros conhece. "O Brasil é também o terceiro maior exportador de produtos agrícolas do mundo." Em seguida, a cereja do bolo...

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"E você sabe em que regiões estão as fazendas de onde saem os produtos brasileiros para o mundo?" No vídeo entra um mapa do Brasil, com a Amazônia destacada em verde, e o resto em cinza. E ali, na área cinza, começam a aparecer bolinhas coloridas para cada produto tipo exportação, em seus respectivos locais de produção.

Está dito lá que a maior parte do açúcar, sai de São Paulo, Paraná, Goiás e Mato Grosso do Sul; quase todo o café exportado, de São Paulo, Espírito Santo, Minas Gerais e Bahia; as toneladas e mais toneladas de soja, do Rio Grande do Sul, Paraná, Goiás e Mato Grosso; a maior parte da carne, de Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás e Minas Gerais e o suco de laranja, do Paraná, São Paulo, Minas Gerais e Bahia.

Enquanto tudo isso é mostrado a Amazônia segue verdinha no mapa, sem nenhum ponto colorido indicando produção de alimentos ou carne para exportação. "Todos esses produtos são produzidos em harmonia com as florestas, áreas de preservação e importantes biomas, como a Amazônia", diz o locutor.

Em vez de continuar transcrevendo, reproduzo o vídeo abaixo para que você mesmo assista. Ainda que não fale inglês, acredito que vá compreender o recado geral.

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Dados oficiais

Para provar que muito pouco do que se diz sobre o meio ambiente do Brasil no exterior é verdade, o vídeo termina com dados oficiais de órgãos como a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária).

Nos últimos 40 anos a produção agrícola brasileira cresceu 385%, enquanto a área agriculturável aumentou apenas 32%. O Brasil usa menos de um terço de seu território para atividades de agricultura e pecuária, enquanto preserva 66% da mata nativa. Na Amazônia a preservação chega a 84%.

Oitenta e quatro por cento! Que país tem tamanho percentual de uma floresta original preservada? E nós ainda temos a Mata Atlântica, que mesmo devastada para a construção das cidades litorâneas ainda se estende por parte considerável da costa leste brasileira no Sul e Sudeste. E florestas urbanas como a imensa floresta da Tijuca, no Rio de Janeiro. E os vários Parques Nacionais.

A imensidão do país ajuda. Beira o esnobismo dizer que nos nossos 134 milhões de hectares de áreas plantadas caberiam França, Alemanha, Holanda, Bélgica e Portugal juntos. Mas está lá no vídeo para os gringos saberem mesmo quem tem a bola e a ginga pra chutar e marcar o gol do agronegócio sustentável.

O vídeo com certeza não é a única ferramenta necessária para desatar as porcas que tentam travar a engrenagem de vendas do Brasil para o exterior justamente no setor que há anos segura a economia nacional. Outras ações serão necessárias e, garante o governo, os ministros Ernesto Araújo (Relações Exteriores), Tarcísio Gomes de Freitas (Infraestrutura) e Tereza Cristina (Agricultura) estão trabalhando firme nisso.

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Mas para finalizar essa discussão sobre nossa reputação lá fora, que os órfãos do poder tentam derrubar a todo momento, falando em genocídio, fascismo, nazismo e outras bobagens mais que só existem na cabeça deles, uma última informação a nosso favor já se espalha com o vídeo: o Brasil aprendeu a produzir mais, usando áreas menores. Com isso saltou da antiga posição de importador de alimentos para a de um dos maiores fornecedores globais.

Acrescento outro dado que não está lá, mas foi divulgado recentemente: com 220 milhões de habitantes, produzimos comida para 1,2 bilhão de pessoas. E ainda temos a maior biodiversidade do planeta (um pote de ouro para a indústria farmacêutica), algo sempre bastante atrativo que dirá em tempos de pandemia e de busca por substâncias com poderes medicinais para fabricação de remédios e vacinas contra vírus e outros microorganismos que matam.

Tudo isso num território com a maior área verde preservada do planeta. Não adianta, Felipe Neto, Petra, Dilma, Lula, Macron. Podem espernear. Como dizem por aí... contra fatos não há argumentos.