Este é, seguramente, um dos álbuns mais marcantes da história do rock and roll. Conhecido como “o álbum da banana”, “The Velvet Underground And Nico”, lançado em 1967, une os talentos únicos de Lou Reed e John Cale, a criatividade de Sterling Morrison e da baterista, percussionista e “barulhista” Mo Tucker, ao vocal ingênuo da atriz Nico. Tudo sobre a batuta do rei da Pop Art, o artista plástico Andy Warhol.
O disco consegue te levar para lugares mágicos, coisa que só grandes álbuns fazem. “Venus in furs”, trata de um tema pouco usual, até nos dias de hoje: o sadomasoquismo. “Sinta o chicote, agora implore por mim. Eu estou cansado, eu estou exausto. Eu poderia dormir por mil anos”, diz a letra. Ali também estão estão melodias inigualáveis, como “There she goes again”, “All tomorrow’s parties” e “Sunday morning”.
“Heroin”, música que fala dos efeitos da heroína, tem, basicamente, dois acordes, em sua base. Um minimalismo genial que mostra que a criatividade está acima do virtuosismo. “Eu não sei exatamente onde estou indo, mas vou tentar ir ao Paraíso, se eu puder, porque isto faz eu me sentir como um homem. Quando eu enfiar a agulha na minha veia direi a você que as coisas não são mais as mesmas. Quando estou apressado em minha corrida sinto como se fosse filho de Jesus. E acho que eu simplesmente não sei”, brada Lou.
Os temas do disco abordam drogas, prostituição, sadomasoquismo e outros assuntos que só poderiam se transformar em música pelas mãos de Lou Reed. Na parte técnica, é incrível a quantidade de camadas de instrumentos usados nas gravações, tudo isso há mais de 40 anos, provando que a originalidade do grupo estava anos luz à frente do seu tempo. Hoje, com todos os recursos disponíveis em estúdio, uma banda mal consegue passar do tradicional guitarra, baixo, bateria e vocal. Mo Tucker, por exemplo, tinha um estilo único de tocar. Ela virava o bumbo, os tons, o surdo, e tocava em pé.
Incrivelmente o disco não vendeu bem. Porém, diz a lenda que as pessoas que o compraram montaram uma banda. Em uma entrevista dada por Lou Reed, nos anos 80, o repórter perguntou qual seria a sua definição sobre o primeiro álbum do Velvet. Lou nem pensou para responder: “É, simplesmente, o mais importante disco da história do rock”, afirmou. O entrevistador tentou argumentar se não seria o “Sgt. Pepper’s”, dos Beatles, mas Reed não perdeu a calma. “Eu disse o mais importante e não o que mais vendeu. Se não está convencido, pergunte para essa nova geração de onde eles tiram esse som”, finalizou.
Artistas do naipe de Iggy Pop e David Bowie concordam plenamente. “Eu me lembro que fui à casa de uma amiga. Entre um beijo aqui e ali, ela colocou o disco do Velvet. Na hora eu parei, fiquei assustado, e depois não parava de ouvir. Eu queria saber mais sobre aquelas letras, aquela selvageria no som. Eu perguntei o que era e ela riu na minha cara, falando que eu era muito careta. Pois foi isso que me senti na hora, um careta. Como uma banda dessas existia e eu não conhecia?”, declarou Iggy em uma entrevista.
Bowie também mudou seus conceitos ao conhecer o grupo. “Eu ouvi o disco em Londres, pouco tempo depois do lançamento. Não acreditava nos meus ouvidos. Era totalmente fora de moda, agressivo, sujo, excitante. Ninguém concordava comigo quando mostrava o disco e colocava para ouvir. As pessoas pediam para eu desligar o aparelho de som, ficavam chocadas. Londres, apesar de ser uma das principais cidades da época em qualidade de música, não estava preparada para aguentar aquilo. Sinceramente, nem eu sabia como gostava. Só sabia que pensava conhecer esse grupo”, afirmou.
Para influenciar gênios você precisa ser um deles. Lou Reed e o Velvet cunharam um dos discos mais importantes da história da música, e os conceitos e inovações que ele apresentou repercutem até hoje.
Ouça três músicas do clássico “The Velvet Underground And Nico”.
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