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Os fãs que compareceram ao show da banda russa Arkona, no último domingo, 27/4, no Music Hall, puderam presenciar uma grande apresentação que os levou para as gélidas paragens da ex-república soviética.

A banda faz parte da grande leva de artistas que incorporam elementos da sua cultura na música que fazem. O Sepultura foi um dos precursores dessa onda, trazendo o batuque baiano de Carlinhos Brown para o seu último grande disco, “Roots”, de 1996.

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A formação atual conta com Masha “Scream” nos vocais, Sergei “Lazar” na guitarra, Ruslan “Kniaz” no baixo, Vlad “Artist” na bateria e Vladimir “Volk” nos instrumentos étnicos. A vocalista é a que mais impressiona pela energia no palco. Seja nos vocais mais melódicos ou nos guturais, a pequena russa se movimenta, pede a participação do público e interpreta as letras das músicas com alma. Um fato curioso é que um fã ficou agitando uma enorme bandeira do estado do Paraná durante boa parte do show, do lado esquerdo do palco.

O que mais chama a atenção na banda é o fato de as letras serem cantadas no idioma dos integrantes. Isso confere uma dramaticidade natural às músicas pois, a língua russa, foneticamente, é muito forte, fazendo com que as canções tenham uma aura medieval e incisiva.

Logicamente que a esmagadora maioria das plateias, fora da Rússia, não entende as letras mas isso, no mundo musical não impede que o sentimento do que se deseja falar seja passado. A funcionária pública Gilcéia Nascimento, de 53 anos acredita que a mensagem contida nas canções chega até os fãs, mesmo em outros países. “Não atrapalha porque escuto com o coração. Gosto do som e da voz da vocalista”, afirma. Ela estava vendo a banda, ao vivo, pela primeira vez. “Comecei a gostar do grupo por influência do meu filho. Quando ele me mostrou o Arkona foi amor à primeira vista. A influência é tanta que eu já escolhi um desenho de kolovrat para fazer uma tatuagem”, conta.

Em uma das canções mais marcantes do show, “Slavsia Rus”, que significa “Viva a Rússia”, eles revelam todo esse lado “nacionalista”. “Os filhos de Dazhdbog levantando bandeiras poderosas. Vamos ressuscitar a antiga Rússia! Vamos continuar o legado de Prav! Juro isso diante dos deuses!”, diz a letra.

O grupo teve início em 2002, quando “Scream” Masha Arhipova e “Warlock” Alexander Korolyov, membros da comunidade pagã “Vyatichi”, resolveram formar o “Hiperbórea”, para fazer algo que refletisse os seus ideais e gostos musicais. Inicialmente, a banda era composta por Masha “Scream” Arhipova nos vocais, Eugene Knyazev e Ilya Bogatyryov nas guitarras, Eugene Borzov no baixo, Alexander “Warlock” Korolyov na bateria e Olga Loginova no teclado.

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As músicas do Arkona são, em sua maioria, longas, com várias intervenções de melodias russas, feitas por Volk. “Gosto do fato de o som ser diferente, uma mistura de gaitas com guitarras distorcidas, e também pelos elementos de folclore que eles incluem em suas canções”, elogia Gilcéia.

Masha tenta se comunicar com o público durante todo o show. Ela mesma admite, no palco, que o seu inglês não é bom, mas os fãs nem ligam para esse fato, pois aplaudem qualquer tentativa de comunicação da vocalista. Como diz o sábio pensador, “a música é uma língua universal”.

“Foi um dos melhores shows que fui, até hoje”, elogia Gilcéia. A sensação, na saída do Music Hall, era de que o metal russo pode oferecer novos elementos ao, por vezes, estagnado gênero.

Confira 3 vídeos do show do Arkona.

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