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Cwb Live Entrevista Gene Loves Jezebel – Mantendo viva a criatividade do rock dos anos 80
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Site GLZ
James Stevenson, Jay Aston, Pete Rizzo e Robert Adams

O rock and roll é cheio de histórias de desavenças entre músicos. Jagger & Richards, Lennon & McCartney, Axl Rose & Slash, todos eles tiveram um, ou vários “barracos” durante as suas carreiras. Com o Gene Loves Jezebel não é diferente.

Os irmãos Jay e Michael Aston protagonizam, até hoje, uma das maiores batalhas judiciais entre artistas de que se tem notícia. O objeto em disputa é a utilização do nome da banda.

O Cwb Live apresenta uma entrevista exclusiva com o líder do GLJ, Jay Aston, e com o fantástico guitarrista James Stevenson.

A história do grupo começa em 1980 com outro nome, Slav Aryan. Em 1981, os irmãos Jay e Michael Aston deram a cara definitiva ao projeto, o batizando como Gene Loves Jezebel. Nos anos seguintes, a trilogia “Promise”, “Imigrant” e “Discover” marca os melhores momentos da discografia do grupo.

No começo dos anos 1990 a “incompatibilidade de gênios”, como diria João Bosco, começou a ficar flagrante e insustentável entre os irmãos. Após muita controvérsia por meio da imprensa, Michael resolve se retirar do grupo. Começava, então, uma das mais longas batalhas judiciais que o mundo musical tem notícia para decidir quem teria o direito de usar o nome Gene Loves Jezebel.

Ainda hoje essa disputa não acabou. Michael e Jay usam o nome, cada um com seu grupo, mas, “moralmente”, o trabalho de Jay é mais consistente e fiel ao som da formação original do GLJ.

Andre Smirnoff/X-Press On
Jay Aston no Lupaluna 2012

As duas vindas à Curitiba

Em maio deste ano, o Gene se apresentou no festival Lupaluna, em Curitiba. Foi a segunda vez que a banda tocou na cidade. A primeira foi em 2008, ao lado do TSOL e do Echo and the Bunnymen.

A formação do show deste ano tinha Pete Rizzo no baixo, Robert Adams na bateria, James Stevenson na guitarra e Jay Aston no vocal e guitarra.

Eles subiram no palco perto das quatro horas da manhã, sob uma temperatura baixíssima no BioParque. Boa parte do público já tinha se retirado. Além desses obstáculos, eles ainda tiveram que enfrentar a queima de um dos amplificadores. “Nós entramos muito atrasados e o Jay teve alguns problemas com seu amplificador, mas nós nos divertimos muito durante a apresentação”, comenta James.

Todos foram muito simpáticos e encararam os contratempos com bom humor. Quando o problema foi solucionado, todo o grupo se retirou para os bastidores e fez uma reentrada no palco, acompanhada por dois telões gigantescos posicionados ao lado do LunaStage. “Amei o show. Tocamos muitas das nossas músicas favoritas para o pessoal que esperou por tanto tempo para nos ouvir. Também foi muito divertido encontrar os fãs e dar entrevistas para as rádios e TVs”, afirma Jay.

Curitiba

A capital paranaense já parece fazer parte história do grupo. “Eu realmente gostei de Curitiba. Nós saímos para um passeio e pudemos sentir a cidade. É um ótimo lugar para caminhar e nós visitamos alguns locais bem legais. Encontrar os fãs foi muito emocionante. Nós sentimos que nossa música significa muito para eles. Espero retornar um dia. É um lugar muito especial para nós Jezebéis”, elogia Jay.

James relembra que quase levou um “morador” curitibano com ele para Londres. “Foi muito bom e eu me apaixonei por um cão de rua. Eu quase o levei comigo para a Inglaterra”, brinca.

O público do GLJ é segmentado. A maioria das pessoas que gostam da banda, em Curitiba, a conheceram por meio das ondas da antiga e mítica rádio Estação Primeira, 90.1.

Sobraram elogios, também, para os fãs brasileiros. “Nós sempre nos encontramos com os fãs, é bom saber o que eles estão achando do show e se eles gostaram das músicas que escolhemos para tocar”, explica James.

Além do carisma fora do comum de Jay, o que chama mais a atenção no GLJ são os climas construídos por James nas músicas do grupo. Usando a guitarra de forma criativa, ele faz o os riffs e solos que tornam o som da banda único.“Eu acho que os melhores guitarristas são aqueles que eu ouvia quando eu era mais novo. Mick Ronson, que tocou nos anos 1990 com David Bowie, é o meu preferido de todos os tempos porque ele sempre criava texturas perfeitas para as músicas”, explica o guitarrista.

O abismo entre dois séculos distintos

A diferença entre os anos 1980 e o século 21 é flagrante. A internet, cada vez mais rápida e interativa, e a falência das grandes gravadoras, são dois motivos para que tudo, hoje, seja diferente. “As coisas se moviam na velocidade dos ‘moinhos’ nos anos 80. Provavelmente isso tinha a ver com a velocidade das comunicações sociais e a forma de trocar ideias. Hoje, as coisas vão e vem em um piscar de olhos, as pessoas têm menos tempo de atenção, eu inclusive! Estou assistindo TV, tocando guitarra e respondendo a esta entrevista”, explica Jay.

Segundo James, a falência das grandes gravadoras, devido à pirataria, e a baixa venda de CDs, dificulta muito o trabalho dos artistas. “A indústria da música está sendo dizimada pela internet, como você sabe. Agora o único meio de viver através da música é tocando ao vivo porque, nos anos 80, você vendia mais CDs e havia mais dinheiro disponível para fazer gravações de qualidade. Hoje não é mais assim. Muitos estúdios mudaram de negócio, direitos autorais parecem não existir mais, o que torna a vida dos músicos muito difícil”, analisa.

O guitarrista acredita que, hoje, apesar da internet, é mais difícil lançar novos trabalhos. “Não existe orçamento para gravações. As bandas normalmente precisam custear as gravações ou usar o projeto inicial para que os fãs o financiem”, analisa.

Como contraponto, praticamente qualquer pessoa pode gravar um CD, com a tecnologia atual, mesmo na comodidade de sua casa. Programas acessíveis e interativos fazem que, com um mínimo de conhecimento, isso seja possível. O grande problema é distribuir esse material. “É mais fácil de gravar e publicar o seu trabalho, mas é impossível ganhar dinheiro com ele. A indústria da música está em dificuldades”, explica Jay.

Com esse acesso mais fácil, o que se vê é uma enxurrada de música de baixa qualidade, comercial e descartável. As gravadoras que ainda resistem à ”indústria cultural” são as que possuem menos recursos, mas uma visão mais voltada para a qualidade das bandas que lançam. “A verdadeira arte nunca morrerá. Embora haja boa música em todo lugar, temos que cavar fundo para encontrá-la”, afirma Jay.

O GLJ não tem planos de lançar um novo CD tão cedo mas, o vocalista, em parceria com o baixista Pete Rizzo, está lançando o primeiro álbum de um novo projeto, o Ugly Buggs. “Não há planos para um novo trabalho, pois, Pete e eu, ainda estamos estreando o CD do Ugly Buggs e o James está terminando a estreia de seu álbum solo. Nós queremos fazer um EP o quanto antes, mas usaremos o nome “Bible Black Conspiracy”, uma vez que as músicas têm um foco mais cru, uma vibe mais punk se comparada com Gene Loves Jezebel”, explica Jay.

O vocalista mostra-se chateado pela passagem pelo Brasil, em 2010, do Gene Loves Jezebel versão Michael Aston. “O amor que sentimos por nossos fãs brasileiros é imenso. Eles tiveram que aguentar péssimos promotores de eventos usando nossa imagem e música para convencer as pessoas a irem e ver uma droga de versão do Gene Loves Jezebel”, reclama.

Polêmicas à parte, a banda é sempre bem vinda em Curitiba. Boa música é artigo raro no mundo cultural de hoje e o Gene Loves Jezebel ainda mantém essa chama acesa. “Nossos verdadeiros fãs sabem a diferença e esperam por nós. A hospitalidade é incrível. A recepção que tivemos no Brasil será sempre lembrada por nós. Amamos vocês e obrigado. Nos veremos!”, finaliza Jay.

Confira três músicas do show do GLJ no Lupaluna 2012. “Josephina”, “Desire” e “Break the chain”.

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