O show da orquestra Buena Vista Social Club no festival Lupaluna, no último dia 19/5, em Curitiba, trouxe aos palcos brasileiros uma das lendas da música de Cuba.
A importância do grupo vai além do entretenimento. Como representantes da arte cubana há décadas, eles demostram aos sofridos habitantes da ilha que é possível superar os obstáculos, com talento e simpatia. Imagine montar um supergrupo, no Brasil, com alguns dos melhores músicos do país. Coloquemos João Bosco no violão, Robertinho do Recife na guitarra, Iggor Cavalera na bateria e Arthur Maia no baixo. É mais ou menos o que acontece com o Buena Vista, por meio de artistas do calibre do trompetista Guajiro Mirabal, do trombonista e diretor musical Jesús “Aguaje” Ramos, do cantor Carlos Calunga e do pianista Rolando Luna.
Coloque sobre essa base poderosa a participação de uma cantora com a história de Omara Portuondo e você terá um show espetacular. Omara é um símbolo da música de Cuba. Sua entrada no Lunastage arrepiou até os que não a conheciam. Perto de completar 82 anos, ela parece uma adolescente no palco. Canta, pede a participação do público e, o principal, interpreta as músicas com uma alma que só os grandes artistas possuem.
Os ritmos encarnados pela orquestra, como o Mambo e a Rumba, são envolventes e trazem uma sensualidade implícita. Mesmo os que não gostam de “bailar” não conseguiam ficar parados ouvindo os veteranos músicos da ilha. Mas o Buena Vista não é só dança, é também sentimento. A interpretação de Omara para “Nosotros”, levou às lágrimas os que apreciam, e respeitam, a boa música, seja ela de qual estilo for.
Fizeram parte do repertório do show clássicos como “El cuarto de Tula”, “Chan Chan”, “El Carretero” e “Cemento”. A apresentação teve as participações especiais de dois brasileiros. Marcelo D2 improvisou um rap sobre a base percussiva da banda. Zeca Baleiro cantou “Só Vendo que Beleza (Marambaia)”, canção gravada por Maria Bethânia e Omara. A letra não estava bem decorada pelos dois, mas o talento supera qualquer adversidade. “A música brasileira e a cubana são precursoras do jazz. Fomos nós que o inventamos, os americanos só imitaram”, brincou Zeca. “Candela” encerrou o show em grande estilo. A última a sair do palco foi Omara Portuondo. A veterana parecia não querer se despedir dos curitibanos, brincando e pedindo palmas.
O renascimento na década de 1990
O grupo ficou conhecido, mundialmente, em 1996, quando o guitarrista americano Ry Cooder foi à Cuba para absorver a música da ilha, montar uma banda e gravar um disco. Juntaram-se à Cooder nomes como o pianista Rubén González, o instrumentista e compositor Compay Segundo, os vocalistas Ibrahim Ferrer e Omara Portuondo e o instrumentista e vocalista Eliades Ochoa. O resultado foi o CD “Buena Vista Social Club”, que colocou a orquestra em destaque na mídia mundial.
Em 1999, o cineasta Wim Wenders filmou 2 apresentações da banda, uma na Holanda e outra em Nova York. O passo seguinte foi gravar entrevistas com os músicos, em Havana. O material foi transformado em um documentário, chamado “Buena Vista Social Club” que fez o mundo descobrir o grupo, definitivamente.
Vários dos participantes dessa formação já faleceram, como Compay Segundo, Rubén González e Ibrahim Ferrer. Porém, a alma desses instrumentistas e cantores, e da música cubana, continua viva e se reciclando. Os curitibanos puderam comprovar essa renovação nesta noite fria de maio, onde o Buena Vista Social Club colocou os pacatos paranaenses para dançar.
Confira 3 vídeos da apresentação do Buena Vista Social Club.
Governo pressiona STF a mudar Marco Civil da Internet e big techs temem retrocessos na liberdade de expressão
Clã Bolsonaro conta com retaliações de Argentina e EUA para enfraquecer Moraes
Yamandú Orsi, de centro-esquerda, é o novo presidente do Uruguai
Por que Trump não pode se candidatar novamente à presidência – e Lula pode
Deixe sua opinião