“Oi Marcos, tudo bem? Acabei de ler o seu e-mail. Estávamos na estrada. Então, a banda não passa o som, pode ser em outro momento? Abraços”. A frase do produtor do Matanza, respondendo ao meu pedido de entrevista, não poderia ser mais rock and roll e adequada à ocasião. No Dia Mundial do Rock, na última sexta-feira (13), o grupo honrou a data fazendo um grande show no Music Hall, em Curitiba.
Jimmy no vocal, Maurício Nogueira na guitarra, China no baixo e Jonas na bateria fazem uma bem azeitada combinação de rock, country (americano, cara pálida) e hardcore com pitadas de heavy metal. O resultado são canções curtas e diretas, com riffs sempre criativos e o vocal rouco de Jimmy conduzindo a pancadaria. As letras falam de temas inerentes a qualquer amante do rock, como álcool e sexo.
Os shows do Matanza são certeza de casa cheia. O público da banda, na cidade, é extremamente fiel. Os fãs cantam todas as músicas e interagem com o grupo de uma forma impressionante. Quando comentei que os shows do Sodom e do Exodus, duas lendas do thrash metal que tocaram este ano na capital paranaense, estavam tão cheios quanto o do Matanza, o vocalista Jimmy ficou surpreso. “Nós temos uma relação muito intensa de respeito e de fazer o melhor que pudermos, de suar sangue. Nos entregamos 110%”, afirmou.
Durante o show, músicas como “Em respeito ao vício”, “Estamos todos bêbados” e “Ela roubou meu caminhão” são cantadas do começo ao fim pelos fãs, mostrando a interação que o grupo tem com o seu público em Curitiba. No meio da apresentação, em uma de suas conversas com a plateia, Jimmy comentou, antes da música “Eu não gosto de ninguém”, que ela e “Amigo nenhum”, na opinião dele, são as duas canções do grupo que mais se identificam com Curitiba.
Rock underground
O Matanza é uma prova de que, para uma banda ser “bem sucedida” dentro da música nacional, ela não precisa estar atrelada às grandes gravadoras ou esquemas de mídia. Jimmy ressalta que isso é fruto de muito esforço. “Em tudo na vida é preciso trabalho, muito trabalho. É importante lembrar que o Matanza tem mais de 15 anos. Então não foi do dia para a noite que a gente chegou aqui e está enchendo show”, explica Jimmy.
A banda tem feito, em média, 90 shows por ano. O bom senso e o profissionalismo na hora de tratar os assuntos relacionados ao grupo, desde a sua música até a parte estrutural, como roadies e equipe de som, tem dado resultado. “Nas bandas com uma estrutura maior existem pessoas que fazem o trabalho duro por eles. Não é o nosso caso. Nós temos uma estrutura enxuta para que sobre dinheiro para todos pagarem as suas contas”, conta Jimmy.
A dificuldade que todas as bandas enfrentam, não só no Brasil, mas no mundo todo, para conseguirem o seu espaço, mostrarem o seu trabalho de alguma forma, precisa servir de combustível para seguir em frente, na visão do vocalista. “Uma coisa que eu sinto nas bandas mais novas é esse imediatismo. Tipo ‘fizemos três o quatro shows e não está dando nada, vamos acabar com a banda! ’. O que é isso velho? Tem que ralar pra caramba”, desabafa.
Gravação do novo CD
O grupo começa, no fim desse mês, as gravações do seu novo CD. As músicas, apesar de serem inéditas, foram compostas antes do lançamento do primeiro trabalho do grupo, “Santa Madre Cassino”, de 2001. “As músicas são muito velhas. Temos um carinho enorme por elas. A ideia é mostrar o que era o Matanza antes do primeiro disco”, conta Jimmy. “Country hardcore funeral”, que deve estar presente no novo trabalho, foi apresentada no show.
Segundo o vocalista, a receita, se é que existe uma, para se manter no cenário do rock nacional, fazendo a sua música e sendo prestigiado pelo público, é a persistência. “Trabalho, disposição e respeito ao público. Aí você vai ter que achar o seu nicho. Depois disso, é só você manter e não baixar a cabeça. A perseverança é importante”, afirma.
A banda volta à Curitiba no dia sete de dezembro trazendo o Matanza Fest. Uma das atrações confirmadas é o Motorocker. O evento acontecerá no Master Hall.
Confira a entrevista em vídeo com Jimmy e três músicas do show.
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