Percussucata, iniciativa do baterista da Plebe Rude leva educação e cidadania para crianças em Brasília

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Marcelo e os alunos do Percussucata

A música pode mudar a vida das pessoas. Esse é um das frases que norteiam o Cwb Live. O baterista da Plebe Rude, Marcelo Capucci, é um dos músicos brasileiros que procuram alternativas para educar crianças por meio de atividades complementares à escola. O artista faz do seu trabalho uma porta de entrada para jovens buscarem um caminho melhor, por meio da arte.

Ele comanda em Brasília, terra natal da banda, um projeto chamado Percussucata – Música do Lixo. A iniciativa surgiu em 1998 e tomou forma em 2007 quando Marcelo, que é formado em pedagogia, foi convidado para trabalhar na Secretaria de Educação do Distrito Federal. “Eu vislumbrava a possibilidade de interagir musicalmente com os alunos, buscando uma fusão inusitada entre música e educação. Durante muito tempo procurei formas para conseguir instrumentos percussivos como reco-reco, pandeiro, atabaque etc”, conta.

O caminho encontrado foi usar as garrafas pet, que podem ser recicladas facilmente e transformadas em instrumentos de percussão. “Descobri nesses resíduos sólidos urbanos um interessante potencial sonoro. Dessa forma, comecei a levar a minha bateria para a sala de aula e, depois de uma discussão socioambiental, convidava as crianças a conhecerem o instrumento”, relembra.

Além de ensinar os alunos a fazerem música com um artefato criado por eles, um dos principais focos do Percussucata é a conscientização das crianças. “É um projeto que busca contribuir para a construção de ‘sujeitos ecológicos’, por meio da recuperação e encaminhamento de garrafas pet para reciclagem e o seu reaproveitamento para confecção de instrumentos de percussão alternativos”, explica Marcelo.

O projeto também realiza debates sobre a responsabilidade de cada um perante o meio ambiente em que vive. “Envolvi a discussão musical com o mote ambiental que permeia a vida de toda comunidade escolar: a multiplicação e o descaso com o lixo produzido por nossa sociedade consumista”, afirma Marcelo.

Alunos do projeto aprendendo a reciclar as garrafas pet

No final de 2010, o projeto ganhou o Prêmio EcoPet, concedido pela Associação Brasileira da Indústria do Pet, (ABIPET). Em cinco anos de trabalho, o Percussucata atingiu mais de 30.000 crianças nas redes pública e privada do Distrito Federal e cidades satélites.

Segundo Marcelo, dar educação ambiental para esses pequenos cidadãos é essencial para criar um futuro diferente nas cidades brasileiras. “Digo isso porque a maioria dos adultos, como nós, não foi educada/programada para lidar com a quantidade de resíduos gerados por ações antrópicas do dia-a-dia. As crianças podem ajudar a construir uma nova realidade ambiental, podem ser os sujeitos ecológicos que buscamos”, explica.

Os resultados, não só em número de crianças atingidas, mas em relação à conscientização ambiental, são consideráveis, de acordo com Marcelo. “Eu vivo recebendo e-mails, telefonemas e visitas de pais que vão à escola relatando como seus filhos de seis, sete anos de idade, tem orientado os adultos e repudiado atitudes anti ambientais como misturar o lixo e desperdiçar água, energia ou alimentos. Isso é espetacular. É o verdadeiro papel da educação ambiental rumo a sustentabilidade do planeta”, explica Marcelo.

A iniciativa de Marcelo Capucci mostra que existem caminhos alternativos que a sociedade pode construir para mudar o cenário que conhecemos. “Acredito que esses frutos surgirão naturalmente em um futuro próximo. Afinal, em educação ambiental, temos de seguir as palavras do notável jornalista André Trigueiro: “Não faltam água ou ideias. O que falta ainda, muitas vezes, é informação e atitude”, conclui Marcelo.

Confira o vídeo da apresentação que os meninos do Percussucata fizeram com a Plebe Rude, na festa dos 50 anos de Brasília, e uma das aulas do projeto.

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