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Daniel Lopez

Daniel Lopez

Jornalista e teólogo, autor de ‘Manual de Sobrevivência do Conservador no Séc. XXI’. É doutor em linguística pela UFF

Geopolítica sombria

A Era das Trevas chegou

O mundo está caminhando velozmente para a distopia orwelliana (Foto: AP)

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Creio que qualquer ser humano adulto sensato concorda que hoje estamos caminhando em direção a um cenário cada vez mais sombrio. A ignorância se tornou o modelo de comportamento padrão, o mau gosto impera, não apenas na música, mas em todas as manifestações artísticas. Hoje, o modelo tradicional de beleza passou a ser interpretado pelos justiceiros sociais de plantão como um mal que precisa ser derrotado, uma vez que é entendido como exemplo da opressão do homem branco ocidental capitalista.

Mas as trevas não são apenas intelectuais, educacionais ou culturais. Uma sombra literal ameaça a humanidade. E o Reino Unido parece que já entendeu a realidade desse “eclipse” que está chegando sobre a Europa. A Bloomberg liberou hoje uma matéria relatando os preparativos que a Grã-Bretanha está fazendo para possíveis apagões e cortes de gás a partir do próximo mês de janeiro. A perspectiva de frio intenso no inverno inglês e escassez de gás está colocando na mesa um cenário em que poderá ser necessário interromper o fornecimento de gás não apenas para as indústrias, mas também para as residências. Se antes se falava sobre o aumento do preço da energia, agora o tema é literalmente a escassez energética. Devo reconhecer que nunca imaginei que um dos países mais ricos do mundo estaria diante de uma situação como essa em pleno século XXI.

Os mais atentos poderiam perguntar: “Mas o Reino Unido, contrariando a tirânica agenda da sustentabilidade, não retomou o uso de usinas de carvão, como medida emergencial? Isso não seria suficiente?”. Infelizmente não, pelo menos nas previsões mais pessimistas liberadas pelo governo nesta semana. O Departamento de Negócios, Energia e Estratégia Industrial do governo tenta contornar o problema buscando impedir que as importações reduzidas de eletricidade da Noruega e da França continuem caindo, uma vez que a Rússia interrompeu o envio de gás pelo gasoduto Nord Stream, com a justificativa de que se tratava de uma manutenção do sistema.

Outro agravante é que o Reino Unido possui uma capacidade de armazenamento doméstico muito pequena. Por esta razão, a Grã-Bretanha tem despachado enormes volumes de gás para a Europa Continental, e cultiva a esperança de que os vizinhos retribuam o favor quando as temperaturas caírem. Entretanto, sem gás, nem uma grande vontade de ajudar poderia resolver o problema. Alguns analistas defendem que o país pode tentar uma suspensão temporária de seus contratos comerciais, reduzindo o consumo. Em seguida, o projeto é, se necessário, interromper o fornecimento primeiro para indústrias e depois para residências.

A situação vai ficando cada vez mais estranha conforme os dutos que conectam França, Noruega, Bélgica, Holanda e Reino Unido transportam uma quantidade cada vez menor de gás, diante da interrupção do fornecimento de Moscou. Os noruegueses informaram nesta semana que estão buscando caminhos para reduzir as exportações de energia no fim do ano, numa tentativa de impedir a total escassez doméstica.

No momento em que a coisa fica estranha, o jogo vira um “cada um por si”. Enquanto isso, Putin se diverte, vendo a Europa cada vez mais dependente do gás russo, após ter caído no “conto do vigário” do culto à sustentabilidade. Ao contrário da abundância prometida por cientistas e estudiosos, o mundo caminha em direção a uma severa escassez, possivelmente proposital, planejada e implementada. Enquanto isso, o Brasil luta para não ter o mesmo destino da Europa. A batalha é grande, uma vez que não se trata mais de ganhar dinheiro com o Brasil, mas usar as riquezas brasileiras para garantir literalmente a sobrevivência do mundo. Deus nos ajude.

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