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Daniel Lopez

Daniel Lopez

Jornalista e teólogo, autor de ‘Manual de Sobrevivência do Conservador no Séc. XXI’. É doutor em linguística pela UFF

Geopolítica ESG

As Lágrimas de Greta e o Great Reset

Putin pode ter acabado com os sonhos de Greta e Soros (Foto: imago/russian look/ tt/montage watson)

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Quem olha a gestão norte-americana e europeia hoje não pode ter outra opinião do que avaliar tudo como uma grande lambança. Entretanto, a idiotice é tamanha ao ponto de gerar suspeitas de que tudo está, no fundo, sendo deliberadamente orquestrado. Isso porque ninguém se beneficia de toda a dependência energética e alimentícia, a não ser as elites que propõe o famigerado Great Reset.

Se a presente ordem mundial é comandada pelos Estados Unidos, a criação de uma nova ordem somente poderá surgir após o colapso da hegemonia norte-americana. Esse domínio era, até então, constituído por um modelo globalizado, em que o dólar funcionava como reserva de valor global. Porém, a pandemia e a Guerra na Ucrânia criaram o contexto de uma rápida reversão desse sistema.

A globalização transformou-se radicalmente a partir do momento em que a Rússia foi retirada do Swift, o sistema de pagamentos internacionais. Entretanto, ao contrário do que a iniciativa havia previsto, a economia russa não apenas resistiu, mas contemplou um fortalecimento de sua moeda, agora usada como meio de pagamento para compra de seu gás e petróleo. Isso demoliu a presença do dólar como reserva global, status que era garantido pelo petrodólar, a exclusividade da venda de petróleo por meio da moeda norte-americana.

Moscou sabiamente construiu uma dependência europeia de seu petróleo e gás, ao mesmo tempo em que ajudou a disseminar a ideia de que os europeus deveriam renunciar a sua autonomia energética em virtude da agenda verde. Putin soube muito bem propagar mundo afora o modelo ESG, mas recusando-o internamente. Assim, criou o cenário perfeito para que as nações fossem obrigadas a recorrer a Moscou para garantir o aquecimento de seus lares. Um plano genialmente diabólico.

Entretanto, a situação energética está ficando tão drástica na Europa que até mesmo o dogma verde está sendo deixado de lado, para a tristeza de Greta Thunberg e da patota ESG. As potencias europeias estão rapidamente retornando aos antes demonizados carvão e petróleo como matrizes energéticas. Exatamente o contrário do que tentam pregar aos países menos favorecidos, deixando-os sempre dependentes da boa vontade internacional e incapazes de ameaçar a produção agrícola europeia.

A Alemanha já está estudando, inclusive, propor ao G7 cancelar a proposta de interromper o financiamento de projetos relacionados a combustíveis fósseis. Uma mudança drástica de postura. Mas eles sabem que, do jeito que as coisas andam, os elevados preços de energia e a temida recessão podem levar o Velho Continente a uma situação limítrofe, principalmente no fim deste ano, com a chegada do inverno no hemisfério norte. O gasoduto Nordstream 1 será provavelmente desligado no 11 de julho, em tese, para manutenção. Entretanto, os europeus temem que a Rússia aproveitará a ocasião para interromper definitivamente o fluxo de gás para a Europa.

Enquanto isso, a Reuters comunicou no último dia 24 que já são cinco os países que buscam atrasar a eliminação gradual dos carros movidos a combustíveis fósseis na União Europeia, projeto que estava programado para 2035. Itália, Portugal, Eslováquia, Bulgária e Romênia querem adiar o plano para 2040.

A grande pergunta é: isso atrapalha os planos do Great Reset ou colabora com sua estratégia? O desgosto de George Soros e de Klaus Schwab com Putin parece indicar que o abandono da agenda verde seria um obstáculo aos planos do Fórum Econômico Mundial. Entretanto, se a finalidade é o controle, o cenário parece estar contribuindo para a famigerada Agenda 2030. O panorama aponta para escassez de energia e alimentos, o que cria um contexto favorável para a implementação de uma renda básica universal, da moeda digital controlada pelos bancos centrais, do crédito social e da pegada de carbono. Ou seja, a total dependência do cidadão comum em relação ao Estado.

O Brasil, no final das contas, pode ser o grande obstáculo a esse projeto de dominação, uma vez que possui capacidade de garantir não apenas a segurança energética da Europa, mas a segurança alimentar do mundo inteiro. Que Deus nos proteja dos abutres e sanguessugas que estão ávidos por usufruir da crise global para avançar sua agenda sinistra.

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