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Vista de edifícios residenciais danificados por bombardeios em Orikhiv, perto da linha de frente na região de Zaporizhzhia, sudeste da Ucrânia
Vista de edifícios residenciais danificados por bombardeios em Orikhiv, perto da linha de frente na região de Zaporizhzhia, sudeste da Ucrânia| Foto: EFE/EPA/KATERYNA KLOCHKO

Como de costume, lendo as notícias do dia, me deparei com a seguinte publicação na plataforma X: “Alguém se lembra de quando o governo dos EUA invadiu Bagdad, matou meio milhão de pessoas e depois ‘premiou’ a Halliburton com 39,5 mil milhões de dólares para a ‘reconstrução’ do Iraque? Em notícias não relacionadas, a BlackRock e o JP Morgan acabaram de lançar um banco de ‘reconstrução’ para a Ucrânia”.

O autor da mensagem é Jason Bassler, cofundador do “The Free Thought Project”, que, segundo descrição em seu site pessoal, “expôs numerosos incidentes de corrupção por parte de autoridades governamentais nacionais e globais”. A comparação entre a Invasão do Iraque e a Guerra na Ucrânia é um tanto exagerada, mas não deixa de ser interessante, uma vez que traz à tona os interesses econômicos por trás dos conflitos. Geralmente pensamos apenas em lucros por parte da indústria bélica. Mas o setor de infraestrutura e de investimentos em geral sempre são convocados para atuar no desfecho de conflitos. Analisemos o caso.

Essa perspectiva de encerramento da guerra se deve ao fato de Trump – que prometeu encerrar rapidamente o conflito, caso eleito – ter cada vez mais chances de retornar à Casa Branca?

Uma matéria de 2017, publicada no site da NPR, perguntava: “O que deu errado com a reconstrução do Iraque?”. O texto mostrou como uma montanha de dinheiro foi investida no país, mas sem uma contabilidade organizada. A publicação cita o caso (difícil de acreditar) do envio de 12 bilhões de dólares em espécie, dos quais 8,8 bilhões não foram contabilizados. “Não temos ideia para onde foi esse dinheiro”, disse o deputado norte-americano Henry Waxman (D-CA), que presidia, à época, o Comitê de Supervisão e Reforma do Governo da Câmara. Segundo a matéria, o congressista afirmou que ficou surpreso quando soube disso. Ele declarou: "Até hoje é difícil imaginar 12 bilhões em notas de cem dólares, embrulhados em pacotes semelhantes a tijolos, depois colocados em enormes caixas e levados por aviões para serem dispersos numa zona de conflito". Você consegue imaginar isso?

Obviamente, o caso da reconstrução da Ucrânia seria bem diferente, assim eu imagino. Isso porque a BlackRock não pode investir seus recursos em projetos de elevado risco. Segundo matéria recente da agência Reuters, o vice-presidente da BlackRock, Philipp Hildebrand, estava auxiliando Kiev na busca pelo apoio de bancos de desenvolvimento, com a finalidade de reduzir os riscos envolvidos num projeto dessa natureza. “O risco teria de ser reduzido aos níveis da OCDE para que os ativos da BlackRock – que consistem em fundos de pensões – fossem mobilizados. Esse dinheiro não pode ser investido em empresas de risco muito alto”, afirmou Hildebrand à Reuters.

Porém, apesar das dificuldades, o vice-chefe do gabinete do presidente ucraniano está muito empolgado. Rostyslav Shurma, citado na matéria da Reuters acima referida, disse o seguinte: “Temos pelo menos 500 milhões em compromissos – penso que serão perto de mil milhões de compromissos em capital catalítico”. Você já ouviu falar em “capital catalítico”? Segundo definição da própria agência de notícias, “o capital catalítico refere-se a investimentos, dívidas e garantias semelhantes a capital, nos quais o investidor aceita riscos mais elevados para obter maior impacto social”.

É com este conceito que está sendo criado um banco de reconstrução da Ucrânia, com a ajuda da BlackRock e do JPMorgan Chase. A expectativa é que o projeto seja inaugurado em breve, com a previsão de um capital inicial de US$ 1 bilhão. Isso levou alguns críticos a dizer que Volodymyr Zelensky estaria “vendendo a Ucrânia para corporações norte-americanas”. Outros enxergam com bons olhos a novidade, acreditando que o auxílio será fundamental para que o país possa reconstruir sua infraestrutura básica, principalmente hospitalar e educacional.

No meu caso, eu me pergunto: eles estariam já programando tudo isso porque estão contando com um fim próximo para o conflito? Essa perspectiva de encerramento da guerra se deve ao fato de Trump – que prometeu encerrar rapidamente o conflito, caso eleito – ter cada vez mais chances de retornar à Casa Branca? Será que eles estão sabendo de alguma coisa? Fica a pergunta.

Conteúdo editado por:Jocelaine Santos
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