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Daniel Lopez

Daniel Lopez

Jornalista e teólogo, autor de ‘Manual de Sobrevivência do Conservador no Séc. XXI’. É doutor em linguística pela UFF

Geopolítica planejada

Documento secreto revela plano para guerra iminente

Investigação aponta autorização de Putin para derrubada de avião na Ucrânia em 2014
Apesar de ainda não ter anunciado sua candidatura à reeleição, o atual presidente russo deve permanecer no poder até 2030 (Foto: Sergei Guneyev/EFE)

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Como não poderia deixar de ser, o ano de disputa pela Casa Branca está evoluindo para um cenário cada vez mais tenso. A situação no Mar Vermelho, por exemplo, está insustentável. Numa tentativa de impedir a chegada de petróleo e suprimentos a Israel, os Houthis (grupo de rebeldes que controla o Iêmen, país que fica na entrada do Mar Vermelho) estão assaltando, sequestrando e bombardeando as inúmeras embarcações comerciais que passam pelo local em direção ao Canal do Suez, seguindo para a Europa por meio do Mar Mediterrâneo. É uma das rotas comerciais mais importantes do planeta, que agora está sendo devastada pelo vandalismo dos Houthis. Para você ter uma ideia, o transporte de contêineres já caiu 70% abaixo dos níveis esperados, enquanto as receitas tiveram uma queda de 40% só nos primeiros 11 dias de 2024.

Muita gente poderosa está perdendo dinheiro com isso, num cenário que começa a se assemelhar ao que aconteceu em 2020, quando a crise sanitária trouxe consigo uma crise logística. E a coisa vai ficando mais estranha quando lemos uma matéria recente do jornal alemão Bild, que teve acesso a um documento secreto do exército da Alemanha que traz um estudo afirmando que um conflito aberto entre Rússia e OTAN é iminente. Segundo o estudo, Moscou começaria em fevereiro uma ofensiva de guerra híbrida (principalmente por meio de esforços de guerra cibernética) contra a Europa Ocidental.

Parece que 2024 será realmente “emocionante”. Tomara que seja tudo apenas uma simulação, e não um planejamento.

O estudo em questão recebeu o nome de “Aliança de Defesa 2023”, e traz previsões de como este novo conflito se desenvolveria mês a mês em 2024. Conforme o texto, Putin começaria uma mobilização de soldados em fevereiro de 2024, preparando uma ofensiva direta contra os países bálticos (Estônia, Letônia e Lituânia) por volta de julho. O nível de tensão atingiria o ápice em outubro, quando a Rússia moveria tropas e mísseis para Kaliningrado, um território russo separado do resto da Rússia (semelhante à situação do Alasca para os EUA), que fica na costa do Mar Báltico, entre a Polônia e a Lituânia. Em seguida, com o apoio da Bielorrússia, Moscou invadiria territórios da OTAN no final no ano, aproveitando uma espécie do “vácuo de poder” nos EUA entre as disputas de novembro e a posse efetiva do novo (ou mesmo) presidente em janeiro de 2025. Neste ponto, o documento em questão afirma que o exército alemão seria forçado a implantar um grande contingente no flanco oriental, para conter o avanço russo. O preocupante é que o estudo não conclui se as tropas da OTAN seriam capazes de vencer o exército de Putin, deixando um cenário aberto para o que aconteceria depois disso.

O cenário vai ficando mais tenso quando descobrimos que Suécia, Holanda e Reino Unido estão projetando cenários semelhantes para este ano. Uma matéria recente da BBC trouxe uma declaração preocupante de dois altos oficiais do governo sueco. O ministro da Defesa Civil, Carl-Oskar Bohlin, afirmou durante um evento que os suecos deveriam se preparar para uma guerra iminente com a Rússia. Logo depois, sua opinião contou com o apoio do comandante-em-chefe militar, o general Micael Byden, que declarou que os cidadãos de seu país deveriam se preparar mentalmente para essa sinistra possibilidade, que colocaria fim a mais de 200 anos de paz na Suécia, país que está em vias de se tornar o mais novo membro da OTAN.

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Por outro lado, em dezembro do ano passado, o vice-primeiro-ministro britânico, Oliver Dowden, fez uma declaração chocante ao dizer que os ingleses deveriam fazer estoques de rádios, lanternas, pilhas e kits de primeiros socorros, numa preparação para eventuais “cortes de energia” e “interrupção das comunicações digitais”. Parece o cenário do filme O Mundo Depois de Nós, que já analisei aqui na Gazeta e que, é bom lembrar, foi produzido pela Higher Ground Productions, fundada em 2018 pelo ex-presidente dos Estados Unidos Barack Obama e pela ex-primeira-dama Michelle Obama.

Não podemos esquecer que também em dezembro do ano passado, o comandante do exército holandês afirmou que seu país deveria se preparar imediatamente para uma possível guerra com a Rússia. "A Holanda deveria ter muito medo da guerra, e nossa sociedade deveria se preparar para isso... A Rússia está ficando mais forte", defendeu o tenente-general Martin Wijnen, comandante do Exército Real Holandês, numa entrevista concedia, à época, ao jornal De Telegraaf.

Parece que 2024 será realmente “emocionante”. Tomara que seja tudo apenas uma simulação, e não um planejamento.

Conteúdo editado por: Jocelaine Santos

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