Como não poderia deixar de ser, o ano de disputa pela Casa Branca está evoluindo para um cenário cada vez mais tenso. A situação no Mar Vermelho, por exemplo, está insustentável. Numa tentativa de impedir a chegada de petróleo e suprimentos a Israel, os Houthis (grupo de rebeldes que controla o Iêmen, país que fica na entrada do Mar Vermelho) estão assaltando, sequestrando e bombardeando as inúmeras embarcações comerciais que passam pelo local em direção ao Canal do Suez, seguindo para a Europa por meio do Mar Mediterrâneo. É uma das rotas comerciais mais importantes do planeta, que agora está sendo devastada pelo vandalismo dos Houthis. Para você ter uma ideia, o transporte de contêineres já caiu 70% abaixo dos níveis esperados, enquanto as receitas tiveram uma queda de 40% só nos primeiros 11 dias de 2024.
Muita gente poderosa está perdendo dinheiro com isso, num cenário que começa a se assemelhar ao que aconteceu em 2020, quando a crise sanitária trouxe consigo uma crise logística. E a coisa vai ficando mais estranha quando lemos uma matéria recente do jornal alemão Bild, que teve acesso a um documento secreto do exército da Alemanha que traz um estudo afirmando que um conflito aberto entre Rússia e OTAN é iminente. Segundo o estudo, Moscou começaria em fevereiro uma ofensiva de guerra híbrida (principalmente por meio de esforços de guerra cibernética) contra a Europa Ocidental.
Parece que 2024 será realmente “emocionante”. Tomara que seja tudo apenas uma simulação, e não um planejamento.
O estudo em questão recebeu o nome de “Aliança de Defesa 2023”, e traz previsões de como este novo conflito se desenvolveria mês a mês em 2024. Conforme o texto, Putin começaria uma mobilização de soldados em fevereiro de 2024, preparando uma ofensiva direta contra os países bálticos (Estônia, Letônia e Lituânia) por volta de julho. O nível de tensão atingiria o ápice em outubro, quando a Rússia moveria tropas e mísseis para Kaliningrado, um território russo separado do resto da Rússia (semelhante à situação do Alasca para os EUA), que fica na costa do Mar Báltico, entre a Polônia e a Lituânia. Em seguida, com o apoio da Bielorrússia, Moscou invadiria territórios da OTAN no final no ano, aproveitando uma espécie do “vácuo de poder” nos EUA entre as disputas de novembro e a posse efetiva do novo (ou mesmo) presidente em janeiro de 2025. Neste ponto, o documento em questão afirma que o exército alemão seria forçado a implantar um grande contingente no flanco oriental, para conter o avanço russo. O preocupante é que o estudo não conclui se as tropas da OTAN seriam capazes de vencer o exército de Putin, deixando um cenário aberto para o que aconteceria depois disso.
O cenário vai ficando mais tenso quando descobrimos que Suécia, Holanda e Reino Unido estão projetando cenários semelhantes para este ano. Uma matéria recente da BBC trouxe uma declaração preocupante de dois altos oficiais do governo sueco. O ministro da Defesa Civil, Carl-Oskar Bohlin, afirmou durante um evento que os suecos deveriam se preparar para uma guerra iminente com a Rússia. Logo depois, sua opinião contou com o apoio do comandante-em-chefe militar, o general Micael Byden, que declarou que os cidadãos de seu país deveriam se preparar mentalmente para essa sinistra possibilidade, que colocaria fim a mais de 200 anos de paz na Suécia, país que está em vias de se tornar o mais novo membro da OTAN.
Por outro lado, em dezembro do ano passado, o vice-primeiro-ministro britânico, Oliver Dowden, fez uma declaração chocante ao dizer que os ingleses deveriam fazer estoques de rádios, lanternas, pilhas e kits de primeiros socorros, numa preparação para eventuais “cortes de energia” e “interrupção das comunicações digitais”. Parece o cenário do filme O Mundo Depois de Nós, que já analisei aqui na Gazeta e que, é bom lembrar, foi produzido pela Higher Ground Productions, fundada em 2018 pelo ex-presidente dos Estados Unidos Barack Obama e pela ex-primeira-dama Michelle Obama.
Não podemos esquecer que também em dezembro do ano passado, o comandante do exército holandês afirmou que seu país deveria se preparar imediatamente para uma possível guerra com a Rússia. "A Holanda deveria ter muito medo da guerra, e nossa sociedade deveria se preparar para isso... A Rússia está ficando mais forte", defendeu o tenente-general Martin Wijnen, comandante do Exército Real Holandês, numa entrevista concedia, à época, ao jornal De Telegraaf.
Parece que 2024 será realmente “emocionante”. Tomara que seja tudo apenas uma simulação, e não um planejamento.
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