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Daniel Lopez

Daniel Lopez

Jornalista e teólogo, autor de ‘Manual de Sobrevivência do Conservador no Séc. XXI’. É doutor em linguística pela UFF

Geopolítica insana

Irmão de Jeffrey Epstein conta tudo em entrevista

Jeffrey Epstein e sua namorada, Ghislaine Maxwell, em foto de arquivo de 2020 durante a apresentação da promotoria dos EUA à imprensa na qual foram feitas as acusações de envolvimento dela nos casos de abuso sexual (Foto: EFE)

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Após a decisão judicial de liberar novos documentos relacionados ao caso Jeffrey Epstein no início deste ano, o assunto está permeando o noticiário e as redes sociais. Lembrando que Epstein ficou conhecido como o multimilionário (cuja origem da riqueza permanece um mistério) que explorava meninas menores de idade em sua mansão em Nova York e principalmente em sua ilha particular nas Ilhas Virgens.

No meio de toda essa confusão, com nomes de figuras importantes aparecendo nas novas listas (incluindo Donald Trump e Bill Clinton), o irmão de Epstein, o bemsucedido empresário do ramo imobiliário Mark Epstein (seu único parente vivo) concedeu uma entrevista a Tucker Carlson no X que deu o que falar. O irmão explicou o motivo pelo qual acredita que seu irmão não tirou a própria vida (conforme relatórios oficiais), mas teria sido assassinado.

Muitas pessoas poderosíssimas estavam “penduradas” nas mãos de Jeffrey, que estava provavelmente de posse de fotos e vídeos altamente comprometedores.

Na entrevista, Mark Epstein explica que quando ficou sabendo pela televisão que seu irmão havia cometido suicídio na prisão, ele acreditou na versão oficial. Porém, sua opinião mudou quando saiu o relatório da autópsia. Segundo o irmão, os dois patologistas forenses que fizeram a autópsia disseram que não parecia um caso de suicídio, mas de homicídio. O atestado de óbito original dizia “pendente” (de maiores investigações) na área que fala sobre a causa do óbito. Isso levou Mark a começar a questionar sobre o que realmente havia acontecido. Porém, alguns dias depois, a patologista chefe, Barbara Sampson (que, segundo o irmão, não estava presente na autópsia original) mudou repentinamente a causa da morte para “suicídio”. O irmão disse que achou aquilo muito estranho, pois como o resultado poderia ter mudado em poucos dias se não houve tempo hábil para uma investigação adequada? Neste momento, a investigação foi encerrada, uma vez que a patologista chefe havia afastado qualquer suspeita de homicídio, concluindo o caso.

Diante do impasse, Mark Epstein afirmou que decidiu investigar o caso por conta própria. Segundo ele, sempre que pedia mais informações para as autoridades e órgãos responsáveis, eles respondiam sempre com o mesmo discurso: “Depois de profunda investigação, determinamos que a causa da morte foi suicídio por enforcamento”. Ele tentou contatar Barbara Sampson, a patologista chefe, mas sem sucesso. O entrevistador Tucker Carlson também disse que sua equipe não teve sucesso na tentativa de contato com ela.

A lista daqueles que queriam a morte de Epstein fosse muito extensa, e de alto escalão.

Por isso, eles tiveram que se reportar ao que Sampson disse publicamente, em coletivas de imprensa. A patologista teria dito nessas ocasiões que mudou o resultado da causa da morte não após uma investigação (e contrariamente ao que os dois patologistas haviam dito originalmente), mas porque Jeffrey já tinha tentando tirar a vida anteriormente. Para entender esse detalhe, precisaremos voltar um pouco no tempo.

Jeffrey Epstein foi preso no dia 6 de julho de 2019, sob acusações federais de tráfico sexual de menores na Flórida e em Nova York (detalhe: sempre se reforçam na grande mídia os crimes sexuais, na minha opinião, para deixar de lado os crimes financeiros, que envolvem “peixes grandes” globais. Mas isso é tema para outro artigo). Na madrugada do dia 23 de julho de 2019, Epstein foi encontrado semiconsciente em sua cela, com ferimentos no pescoço. Como poderia esperar, o companheiro de cela de Epstein (um ex-policial preso por quatro acusações de homicídio) disse que não sabia nada sobre o ocorrido. Inicialmente, Jeffrey disse acreditar que havia sido atacado por seu companheiro de cela. Entretanto, os seguranças do presídio disseram que ele estava mentindo, e que, na verdade, seria uma tentativa de suicídio. Na época, uma matéria da NBC News trouxe três hipóteses distintas, baseadas em fontes consultadas.

Mark Epstein defendeu que seria mais concebível se Jeffrey tivesse atentado contra a própria após a audiência, no caso de sua liberdade ser negada.

De quatro pessoas entrevistadas, duas disseram que se tratou de uma tentativa de suicídio. Uma terceira afirmou que, como os ferimentos não eram graves, eles poderiam ter sido forjados. Uma quarta fonte defendeu que uma agressão feita pelo companheiro de cela não estava descartada. O que acabou acontecendo foi que o caso ficou oficialmente classificado como “tentativa de suicídio”, e Epstein foi colocado em “vigilância suicida”, sendo monitorado regularmente pelos guardas. Detalhe: se alguém estava querendo matá-lo, isso atrapalhava por um lado e ajudava, por outro. Atrapalhava, pois agora ele seria transferido para uma cela especial, na condição de “vigilância suicida”, passaria a ser monitorado pelos guardas a cada meia hora, o que dificultava um homicídio posterior. Porém, como já havia um suposto precedente de tentativa de suicídio, poderiam matá-lo e dizer sue ele tirou a sua própria vida, uma vez que já teria tentado isso antes. Bastaria “retirar de cena” os dois guardas que o estavam monitorando e desligar uma dezena de câmeras de segurança, o que parece pouco provável, mas foi exatamente o que aconteceu.

Voltando à análise do caso, segundo Mark Epstein, seu irmão estava de “bom humor”, o que foi confirmado por uma matéria da época. Ainda segundo Mark, Jeffrey não tentou suicídio, mas foi atacado pelo colega de cela, mas não prestou queixa contra ele por medo de retaliação. Porém, seis dias depois, ele seria retirado dessa condição e colocado numa cela especial com outro preso, e um guarda foi designado para examiná-lo a cada 30 minutos, devido à condição de “vigilância suicida”. Porém, no dia 9 de agosto de 2019, um dia anterior à sua morte, o companheiro de cela de Epstein foi removido. Naquela mesma noite, ao contrário do que havia sido determinado, Jeffrey não foi monitorado a cada 30 minutos, uma vez que os dois guardas designados para o trabalho disseram que “dormiram”, ficando sem monitorá-lo por incríveis 8 horas.

Neste ponto da entrevista, o irmão trouxe um detalhe interessante. Ele afirmou que Jeffrey não tinha motivo para tentar tirar a vida, principalmente naquele momento. Isso porque ele estava aguardando uma audiência que ocorreria poucos dias depois, e que poderia liberá-lo para responder o processo em liberdade. Mark Epstein defendeu que seria mais concebível se Jeffrey tivesse atentado contra a própria após a audiência, no caso de sua liberdade ser negada, situação em que ele teria que aguardar um ano na prisão até a data do julgamento. Porém, mesmo assim, Mark afirmou acreditar que não seria o caso, pois Jeffrey estava de bom humor e nunca apresentou uma postura suicida, mesmo no período em que esteve na prisão.

A história é estranhíssima, e cheia de buracos, principiante quando o legista veterano Cyril Harrison Wecht afirmou que os ossos quebrados no pescoço de Jeffrey não condiziam a postura de pendurar-se inclinando-se para a frente, conforme havia sido relatado. No meio de tantas incertezas, uma coisa é incontestável: muitas pessoas poderosíssimas estavam “penduradas” nas mãos de Jeffrey, que estava provavelmente de posse de fotos e vídeos altamente comprometedores sobre elas. Isso fazia com que a lista daqueles que queriam a morte de Epstein fosse muito extensa, e de alto escalão.

Conteúdo editado por: Jocelaine Santos

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