Defendo a opinião de que temos muito a aprender com a chamada “etologia”, que é a área da zoologia dedicada ao estudo do comportamento dos animais. Observando como eles se comportam, caçam e se organizam em grupo temos grandes oportunidades de refletir sobre a sociedade humana. Um exemplo interessante é o trabalho de Cesar Millan, considerado o maior adestrador de cães do mundo. Ele ficou famoso quando passou a comandar a série de tv Dog Whisperer (“O Encantador de cães”). As técnicas utilizadas por Millan no adestramento dos animais nos ensinam muito sobre como somos também “adestrados” pela sociedade contemporânea, por meio do medo, da sedução e do diversionismo.
Porém, outro exemplo de etologia que gostaria de trazer para nossa reflexão de hoje é o modo como as leoas caçam. A incrível técnica utilizada revela um modus operandi muito sutil de indução ao erro. As leoas geralmente caçam em grupos de duas ou três, por meio de uma estratégia que privilegia a sutileza. A aproximação da presa ocorre de forma silenciosa, escondendo-se por trás de arbustos. Enquanto uma parte da equipe permanece oculta, aguardando o momento certo para atacar, a outra afugenta as presas para que fujam exatamente em direção à arapuca, onde o outro grupo está esperando. Ou seja: elas fazem a vítima fugir exatamente para onde está sua derrota. É como o rato que segue, ele mesmo, para a ratoeira. No caso do roedor, ele é atraído pelo estômago, enquanto as presas das leoas são conduzidas pelo medo, ou talvez pela esperança de conseguir escapar a um perigo iminente.
O grande problema é que todos estão sendo fortemente estimulados a abandonarem a gasolina em favor dos veículos elétricos. Porém, pode ser que o mundo esteja sendo levado exatamente em direção a uma grande emboscada: ficar sem meios de transporte individuais.
Agora, utilizemos essas reflexões para analisarmos um caso muito curioso que está acontecendo num (até então) pacato país europeu. Nesta semana ficamos sabendo que a Suíça está estudando simplesmente banir os carros elétricos e reduzir a qualidade do streaming da Netflix para economizar energia, diante do caos que se aproxima com a chegada do inverno. Vejam só: todos aprendemos pela mídia que os combustíveis fósseis são os grandes vilões da humanidade, e que precisam ser eliminados o quanto antes. Essa é a cartilha da sustentabilidade ESG, do Grande Reset, do Green New Deal (o Novo Acordo Verde) e de todos os adeptos do neomarxismo ambiental.
O Parlamento Europeu e o estado da Califórnia, por exemplo, já decidiram proibir o motor a combustão a partir de 2035. Dessa forma, na “esperança de um mundo melhor”, a humanidade está migrando da gasolina para o carro elétrico. É possível que os proponentes dessa transformação verde estejam até mesmo vendo com bons olhos o súbito e intenso aumento no preço dos combustíveis mundo afora, consequência da crise sanitária e da Guerra na Ucrânia. Isso pode tornar, inclusive, economicamente inviável manter um veículo movido a combustíveis fósseis. Neste quadro, a migração para o carro elétrico parece, a princípio, uma excelente solução.
O grande problema é que todos estão sendo fortemente estimulados a abandonarem a gasolina em favor dos veículos elétricos. Porém, pode ser que, assim como no caso das leoas, o mundo esteja sendo levado exatamente em direção a uma grande emboscada: ficar sem meios de transporte individuais. Na verdade, esse é o verdadeiro plano, como percebemos na sugestão que engenheiros da Google começaram a fazer ainda em 2014: “Deixem de pensar nos automóveis como propriedade privada. Comecem a imaginá-los como serviços”. Marx ficaria emocionado lendo isso. Basta lembrarmos dos dez passos sugeridos por ele para a implementação do comunismo, conforme descrito no final do terceiro capítulo do Manifesto do Partido Comunista. Entre eles, o sexto passo determina: “Centralização de todos os meios de comunicação e transporte nas mãos do Estado”. E assim o socialismo vai sendo implementado com outros nomes, como “sustentabilidade” e “justiça social”. Sempre como um camaleão.
Acho melhor você cogitar a aquisição de uma nova bicicleta ou se inscrever em aulas de equitação.
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