Estamos diante de um acontecimento tão cheio de buracos, falhas, negligências e imprudências que é até mesmo difícil de encontrar um caminho por onde começar. O ataque contra o ex-presidente Donald Trump no último sábado (13) – que graças a Deus deixou apenas um ferimento leve na orelha – revelou uma das maiores falhas de seguranças da história. As falhas foram tão grotescas que se torna até mesmo difícil dizer que foram apenas equívocos. Muitos já começam a falar de uma atitude proposital. É muito difícil acreditar que Thomas Crooks, com seus 20 anos e sua personalidade exótica tenha enganado o serviço secreto dos EUA e uma equipe de policiais de elite.
A linha do tempo que apresentaremos agora foi trazida pela ABC News, a partir de um briefing que o diretor do FBI fez com legisladores. Para analisarmos o caso, colocaremos como ponto de referência o momento de 18h12, quando foram ouvidos os primeiros tiros contra Donald Trump. Thomas Crooks foi identificado pelos policiais agindo de forma estranha na região cerca de uma hora antes dos disparos. Isso aconteceu precisamente às 17h10. Eles informaram por rádio os outros policiais que estavam na área. Naquele momento, eles entenderam que o suspeito parecia não estar portando uma arma.
Houve uma série de erros absurdos, o que levou muitos a imaginarem que não foram falhas, mas negligência proposital. Espero que as autoridades responsáveis consigam desvendar esse quebra-cabeças
As suspeitas foram levantadas quando Crooks tentou entrar no perímetro de segurança do evento de Trump portando um rangefinder, também conhecido como telêmetro, que é um equipamento semelhante a binóculos, geralmente utilizado por caçadores. O aparelho foi identificado pelo detector de metais, ao qual todos eram submetidos para acessar o perímetro fechado ao redor do palco. Isso fez com que ele não entrasse na área reservada, e levou os seguranças a colocá-lo sob vigilância. Porém, por mais incrível que possa parecer, quando os policiais tentaram se aproximar, ele recuou para o meio da multidão e simplesmente desapareceu. Foi somente depois de cerca de 20 minutos, por volta das 17h30, que o suspeito foi avistado novamente nos arredores do perímetro usando um telêmetro para observar a área e aparentemente rastejando no chão.
Segundo uma matéria do New York Times, vinte minutos antes dos tiros (ou seja, por volta de 17h50, 40 minutos depois de o terem perdido de vista), um sniper o avistou à distância e tirou uma foto dele. Neste momento, dois policiais que estavam cuidando do trânsito vieram ajudar a procurar pelo suspeito. Porém, o mais estranho é que, mesmo as equipes de segurança tendo ciência de um homem com comportamento suspeito na região, eles não impediram Trump de subir ao palco, o que muitos apontaram com um erro inaceitável. Às 17h52, Crooks foi avistado pela primeira vez no telhado, ou seja, 20 minutos antes dos primeiros disparos. Por que o serviço secreto não retirou Trump do palco neste momento? Eles deixaram o ex-presidente subir ao palco mesmo sabendo que havia uma pessoa suspeita no telhado. Reconheço que é uma decisão muito difícil de compreender.
A emissora WPXI divulgou que Thomas Crooks permaneceu armado no telhado por 7 minutos antes de ser interpelado por um policial local. Segundo a emissora, esse detalhe estarrecedor foi confirmado por diversas fontes na última terça (16). Mesmo com todos os indícios de que algo estava muito errado, às 18h02 Trump subiu ao palco. Precisamente 18h12, oito minutos depois de iniciar sua fala, foram dados os primeiros tiros. Crooks foi morto 26 segundos depois, um intervalo muito grande e incompreensível para os especialistas.
Ou seja, houve uma série de erros absurdos, o que levou muitos a imaginarem que não foram falhas, mas negligência proposital. Espero que as autoridades responsáveis consigam desvendar esse quebra-cabeças, encontrar os verdadeiros responsáveis e explicar ao mundo o que realmente aconteceu naquele estranho sábado de julho.
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