Ouça este conteúdo
Muitas pessoas ainda não entenderam que estamos caminhando para um cenário de concentração de renda e de poder. Junto com isso, o pacote envolve escassez energética e alimentar. Para tanto, o avanço tecnológico – que hoje já seria suficiente para nunca mais pagarmos conta de luz, por exemplo – está completamente dedicado a reforçar esse plano de controle.
Caso as novas tecnologias fossem realmente utilizadas para o progresso da humanidade, o mundo seria um Jardim do Éden hoje, como sonharam Peter H. Diamandis e Steven Kotler no livro Abundância: O Futuro É Melhor do que Você Imagina, publicado em 2012. No livro, foi previsto um futuro em que, graças às inovações tecnológicas, nove bilhões de pessoas teriam abundância de água, alimento, eletricidade e educação. Mas não parece ser para esse mundo que estamos caminhando.
Em vez de falar em “abolição da propriedade privada”, fala-se em “capitalismo das partes interessadas”. No lugar de “controle total”, comenta-se sobre “pegada de carbono”.
Nessa tendência de controle total e onipresença do monitoramento, já expliquei aqui, em outras ocasiões, que o Grande Reset é nada menos do que as propostas de Marx adornadas com uma roupagem contemporânea. Em vez de falar em “abolição da propriedade privada”, fala-se em “capitalismo das partes interessadas”. No lugar de “controle total”, comenta-se sobre “pegada de carbono”, ou sobre “CBDCs” em vez de “centralização do crédito”. É a mesma conversa, apenas com palavras diferentes. Seria aquilo que o filósofo marxista Theodor Adorno chamava de “pseudo-individuação”: ofertar a mesma coisa, apenas com uma roupagem diferente, para dar às pessoas a ilusão de que vivem num mundo de livres escolhas.
Nesse arcabouço do plano centralizador, um dos aspectos menos comentados é o controle total dos transportes e da movimentação das pessoas, um dos passos elencados por Marx, no Manifesto do Partido Comunista, para a implementação do socialismo. Neste sentido, está cada vez mais frequente a ideia da utopia urbana das “cidades de 15 minutos”. Conceito criado pelo cientista franco-colombiano Carlos Moreno, ex-membro da guerrilha urbana M-19 (Movimento 19 de Abril), surgida na Colômbia nos anos 70, liderado por jovens de classe média desiludidos com a esquerda tradicional. Por aí você já sente a inspiração para a ideia.
Seria aquilo que o filósofo marxista Theodor Adorno chamava de “pseudo-individuação”: ofertar a mesma coisa com uma roupagem diferente para dar às pessoas a ilusão de que vivem num mundo de livres escolhas.
As cidades de 15 minutos envolvem um novo modelo urbano em que todas as necessidades diárias das pessoas seriam concluídas a pé ou por meio do uso de bicicletas. Ou seja, há uma demonização tanto do carro quanto do deslocamento de longas distâncias, o que parece ser o desejo dessas novas utopias tão propagandeadas, por exemplo, pelo Fórum Econômico Mundial. Essas cidades seriam compostas por “bairros de 5 minutos”, organizados com bases nos conceitos de “comunidades completas” ou “bairros caminháveis”.
Isso seria muito lindo, a não ser pelo fato de que é a materialização exata do sexto passo elencado por Marx, no Manifesto, para a implementação do socialismo: “Centralização de todos os meios de comunicação e transporte nas mãos do Estado”. Uma genial maneira de viabilizar o comunismo por meio de outros nomes, como “sustentabilidade” e “justiça social”. Todos amamos a ideia de percorrer bairros seguros e agradáveis a pé, mas fazer com que o Estado decida onde e como cada um pode se deslocar abre um precedente muito preocupante.
VEJA TAMBÉM:
A cidade de Oxford, no Reino Unido, já tem seu primeiro protótipo de cidade de 15 minutos. Eles criaram a ZEZ (Zero Emission Zone), ou seja, a “Zona de Emissão Zero”. A ideia é cobrar a entrada de veículos movidos a combustíveis fósseis. Apenas os veículos elétricos ou bicicletas teriam acesso gratuito. Obviamente, não apenas ficaria muito caro circular ali com um veículo emissor de poluentes, mas o indivíduo que optasse pela combustão será visto como o “malvadão”, o “destruidor da natureza”.
Este é o mundo idealizado pelos grandes tomadores de decisão de hoje, sempre ávidos por desenvolver tecnologias para monitorar todos aqueles que não dançarem conforme a música do “politicamente correto”. Marx ficaria muito feliz.